Metrópolis acordou sob uma névoa de incerteza. As manchetes do Planeta Diário, assinadas por Lois Lane, detalhavam o incidente na gala da LexCorp, mas o tom era ambíguo: “Superman: Herói ou Ameaça Incontrolável?”
Fotos dos drones destruídos e do teto estilhaçado dominavam a primeira página, mas o texto de Lois deixava perguntas no ar. Ela queria respostas, não propaganda
— e isso incluía desvendar o enigma que era Clark Kent.
Na redação, Clark tentava se concentrar em uma matéria sobre a limpeza do porto, mas seus sentidos estavam em alerta. Ele ouvia os sussurros dos colegas
— “Superman foi longe demais”, “Luthor tinha razão”
— e sentia o peso do cristal kryptoniano em seu bolso, pulsando como um lembrete do que estava em jogo.
A mensagem de Jor-El ainda o assombrava: sobreviventes... perigo. Ele precisava voltar ao Ártico, mas a cidade parecia pronta para virar as costas ao seu protetor.
Lois entrou na redação como uma tempestade, jogando sua bolsa sobre a mesa e ignorando os olhares curiosos. Ela se aproximou de Clark, apontando um dedo acusador.
“Você, Kent. Como é que você sempre some quando as coisas ficam quentes? Estava onde na gala? Escondido debaixo de uma mesa?”
Clark ajustou os óculos, forçando um sorriso tímido. “Eu... me assustei, Lois. Não sou bom com drones atirando raios.” Ele odiava mentir, especialmente para ela, mas a verdade era um risco que não podia correr. Ainda não.
Ela cruzou os braços, os olhos estreitos. “Sabe, Clark, você é um péssimo mentiroso. E eu odeio péssimos mentirosos.” Antes que ele pudesse responder, Perry White gritou do escritório: “Lane! Kent! Minha sala, agora!”
No escritório de Perry, papéis e charutos espalhavam-se pela mesa.
O editor-chefe apontou para a edição matinal. “Lois, sua matéria está causando um terremoto. Metade da cidade acha que Superman é um herói, a outra metade quer ele deportado pra Marte. E você, Kent, onde está sua matéria sobre a LexCorp? Vocês dois vão trabalhar juntos nisso.
Quero algo sólido, não especulações!”
Lois bufou. “Perry, eu trabalho melhor sozinha. Kent só vai atrapalhar.”
Clark pigarreou. “Eu... posso ajudar, Lois. Sei cavar informações.” Ele hesitou, então acrescentou, com um toque de ousadia: “Você mesma disse que Luthor está escondendo algo.
Talvez eu encontre uma pista.”
Lois o encarou, surpresa. Por um segundo, viu algo nos olhos dele — não o Clark desajeitado, mas alguém mais firme, mais real. “Tudo bem, Kent,” ela disse, relutante.
“Mas se você desaparecer de novo, eu mesma te arrasto de volta.”
A tarde os levou às ruas de Metrópolis, onde cartazes da LexCorp prometiam “um futuro seguro” com imagens de drones brilhando como sentinelas.
Lois e Clark entrevistaram trabalhadores do porto, que relataram avistamentos de “tecnologia estranha” antes do ataque dos drones. Um estivador mencionou um carregamento misterioso vindo do Ártico, rotulado como propriedade da LexCorp.
Lois trocou um olhar com Clark, que fingiu anotar algo para esconder sua tensão. Luthor está usando o artefato, ele pensou, o cristal em seu bolso parecendo queimar.
Enquanto caminhavam para o próximo entrevistado, Lois parou, virando-se para Clark. “Você já reparou como Superman sempre aparece quando as coisas ficam feias? E você... nunca está por perto.
Ela deu um passo mais perto, sua voz baixa, mas afiada. “Qual é o seu segredo, Kent?”
Clark engoliu em seco, o coração disparando. “Eu... não tenho segredos, Lois. Só sou sortudo, acho.” Ele tentou rir, mas soou forçado.
Ela abriu a boca para pressionar, mas um estrondo interrompeu a conversa. O chão tremeu, e uma sombra caiu sobre a rua.
Clark olhou para cima, sua visão telescópica captando um novo robô da LexCorp
— menor que o Titan, mas mais ágil, com lâminas girando em seus braços e olhos brilhando com kryptonita.
A multidão gritava, correndo em pânico, enquanto a máquina avançava, destruindo carros e postes.
“Lois, se abaixe!” Clark gritou, puxando-a para trás de um táxi abandonado. Ele precisava agir, mas com ela tão perto...
“Vá buscar ajuda, Kent!” Lois já pegava sua câmera, tirando fotos do robô. “Eu fico bem!”
Clark hesitou, então correu para um beco, rasgando o terno para revelar o uniforme azul e vermelho.
Como Superman, ele voou contra o robô, bloqueando um golpe que teria atingido um grupo de pedestres. Mas a kryptonita o enfraquecia, e ele ouviu a voz de Luthor, amplificada pela máquina: “Kal-El, você não pode salvar todos.
A cidade verá quem você realmente é!”
O nome kryptoniano o abalou. Ele hesitou por um segundo, e o robô aproveitou, lançando-o contra um outdoor. A multidão gritou, alguns vaiando, outros implorando por ajuda.
Superman se levantou, ofegante, e viu Lois, ainda tirando fotos, perigosamente perto do robô. Ela nunca para, ele pensou, com uma mistura de admiração e medo.
Ignorando a dor, ele voou contra o robô, arrancando suas lâminas e destruindo seu núcleo com visão de calor.
A máquina caiu, mas o dano estava feito: a rua era um campo de destroços, e a multidão olhava para Superman com desconfiança.
Ele ouviu murmúrios
— “Ele causou isso”, “Luthor estava certo”
— antes de voar para longe, sabendo que ficar só pioraria as coisas.
Horas depois, no Planeta Diário, Lois terminava sua matéria, suas mãos tremendo de raiva. Ela havia capturado o heroísmo de Superman, mas também o caos, e sabia que Luthor usaria isso contra ele.
Clark reapareceu, agora com um terno diferente, alegando que “se perdeu na confusão”. Lois o encarou, sua paciência no limite.
“Clark, eu vi Superman hoje. Ele hesitou. Algo o abalou, e eu quero saber o quê.” Ela se aproximou, a voz baixa. “E quero saber por que você nunca está por perto quando ele aparece.
Não minta pra mim.”
Clark sentiu o cristal pulsar, como se ecoasse a verdade que ele escondia. “Lois, eu... não sei do que você tá falando.” Mas seus olhos, por um instante, traíram uma vulnerabilidade que ela não esperava.
Ela recuou, frustrada. “Você é um mistério, Kent. E eu odeio mistérios que não posso resolver.” Ela pegou sua bolsa e saiu, deixando Clark sozinho com o peso de suas escolhas.
Ele precisava deter Luthor, decifrar o cristal — e, de alguma forma, proteger Lois sem perdê-la.