Superman Prateado 10/20

A tensão em Metrópolis era palpável, como o ar antes de uma tempestade.

As ruas, ainda marcadas pelos destroços do protesto na praça central, ecoavam com debates acalorados, enquanto os drones da LexCorp pairavam como sentinelas,

seus olhos verdes de kryptonita brilhando no crepúsculo. No Planeta Diário, Lois Lane trabalhava incansavelmente, sua mesa um caos de anotações, fotos de Jimmy Olsen e relatórios sobre a tecnologia alienígena de Luthor.

Ela estava mais perto de expor o magnata, mas cada pista a levava de volta a Superman

— e, cada vez mais, a Clark Kent.

Clark, sentado em sua mesa, fingia revisar uma matéria, mas sua mente estava em outro lugar. O cristal kryptoniano, escondido em sua gaveta, pulsava com uma urgência que ele não podia ignorar.

A visão do Devorador destruindo a colônia em Zorath o assombrava, e a advertência de Jor-El

— o Farol atrai perigo

— pesava como uma corrente. Ele precisava deter Luthor antes que o magnata usasse a

tecnologia kryptoniana para algo catastrófico, mas Lois estava se aproximando da verdade sobre sua identidade, e cada mentira que contava a ela parecia cavar um abismo maior.

Lois se aproximou, jogando um convite impresso na mesa de Clark. Era um cartão preto com letras douradas, anunciando uma “demonstração exclusiva” da LexCorp em um laboratório subterrâneo nos arredores da cidade.

“Luthor tá planejando algo grande,” ela disse, os olhos brilhando com determinação. “E eu vou estar lá pra desmascará-lo. Quer vir, Kent, ou vai sumir de novo?”

Clark ajustou os óculos, o coração disparando.

“Eu... vou, Lois. Não vou te deixar enfrentar Luthor sozinha.” Ele sabia que era uma armadilha

— Luthor não fazia nada sem um plano

—, mas também sabia que não podia deixar Lois ir sem proteção.

Ela ergueu uma sobrancelha, surpresa com a firmeza dele. “Tá começando a crescer uma espinha, Kent. Não me decepcione.

Ela virou-se, mas olhou para trás, um meio-sorriso no rosto. “E, só pra constar, tô de olho em você.”

O laboratório da LexCorp era um complexo subterrâneo, acessado por um elevador escondido em um armazém deserto. O salão principal, iluminado por luzes frias, parecia uma catedral de tecnologia: máquinas zumbiam, telas exibiam dados em símbolos kryptonianos, e no centro, um cubo alienígena gigante pulsava com energia verde.

Lois e Clark, disfarçados como jornalistas credenciados, entraram com um grupo pequeno de repórteres e cientistas. Lois segurava sua câmera, os olhos varrendo cada detalhe, enquanto Clark mantinha a cabeça baixa, sua visão de raio-X analisando a sala. Ele detectou câmaras de kryptonita embutidas nas paredes, e o cristal em seu bolso pulsou em alerta.

Lex Luthor apareceu em uma plataforma elevada, impecável em um terno verde-escuro, seu sorriso tão afiado quanto uma lâmina. “Bem-vindos,” ele anunciou, “ao futuro da humanidade. Este é o Núcleo, nossa defesa final contra ameaças alienígenas. Com ele, Metrópolis nunca mais dependerá de um falso salvador.”

Lois sussurrou para Clark: “Aquele cubo é igual ao da gala, mas maior. E aposto que é kryptonita no centro.” Ela começou a tirar fotos, ignorando o olhar de advertência de Clark.

Antes que Luthor pudesse continuar, um alarme soou. Portas de aço selaram o salão, e o cubo começou a brilhar intensamente, emitindo ondas de energia verde. Os jornalistas gritaram, recuando, enquanto Luthor permaneceu calmo, sua voz ecoando pelos alto-falantes.

“Parece que nosso convidado chegou. Kal-El, revele-se, ou todos aqui pagarão o preço.”

Clark sentiu o cristal queimar em seu bolso, mas foi Lois quem o surpreendeu. Ela deu um passo à frente, gritando: “Luthor, pare com esse teatro! Você tá usando tecnologia roubada pra manipular a cidade! Explique isso antes de culpar Superman!”

Luthor riu, os olhos fixos nela.

“Srta. Lane, sua coragem é admirável, mas tola. Você quer respostas? Então venha buscá-las.” Ele pressionou um botão, e um painel no chão se abriu, revelando uma câmara abaixo. Antes que Lois pudesse reagir, o chão sob ela cedeu, e ela caiu na escuridão.

“Lois!” Clark gritou, esquecendo a fachada. Ele correu, mas drones Guardiões surgiram, disparando raios de kryptonita. A multidão entrou em pânico, e Clark, sem escolha, rasgou o terno, voando como Superman para enfrentar os drones.

A kryptonita o enfraquecia, cada raio queimando como fogo, mas ele destruiu as máquinas, caindo de joelhos diante do buraco onde Lois desaparecera.

Na câmara abaixo, Lois acordou em uma sala circular, cercada por cristais de kryptonita embutidos nas paredes.

Ela estava ilesa, mas presa, e Luthor a observava através de uma tela. “Você é a isca perfeita, Srta. Lane,” ele disse. “Superman virá por você, e o Núcleo o destruirá.”

Lois cerrou os punhos, procurando uma saída. “Você tá com medo dele, Luthor. Por quê? Porque ele é melhor do que você jamais será?”

Luthor sorriu, frio. “Ele é uma ameaça, e eu sou a cura. Adeus, Srta. Lane.” A tela apagou, e a sala começou a se encher de gás verde, o brilho da kryptonita intensificando-se.

No salão principal, Superman mergulhou pela abertura, ignorando a dor que a kryptonita causava. Ele encontrou Lois, tossindo e lutando para se manter consciente. “Segure-se,” ele murmurou, quebrando as correntes que a prendiam. Mas o Núcleo pulsou, liberando uma onda de energia que o fez cair, a kryptonita corroendo sua força.

Lois, com a visão embaçada, viu um painel de controle na parede. “Você... não desiste, né?” ela disse, rastejando até o painel. Com as últimas forças, ela puxou um cabo, desativando o Núcleo. A luz verde apagou, e Superman se levantou, ofegante, puxando-a para seus braços.

“Você me salvou,” ele disse, a voz cheia de gratidão.

Lois sorriu, fraca. “A gente tá quites agora, Homem de Aço.” Mas seus olhos se arregalaram ao ver o uniforme rasgado, revelando o terno de Clark por baixo. “Você... Clark?”

Superman congelou, o coração disparando. Antes que pudesse responder, o teto da câmara ruiu, e ele voou com Lois para fora, pousando em segurança na superfície.

A multidão, agora evacuada, assistia em choque, e Luthor, de longe, observava com um sorriso enigmático.

Na redação, horas depois, Lois encarava Clark, que tentava explicar sua “ausência” durante o caos. Ela não disse nada sobre o que viu, mas seus olhos eram uma tempestade de perguntas.

“Você tá cheio de surpresas, Kent,” ela disse, a voz calma, mas firme. “Mas eu sempre descubro a verdade.

Clark assentiu, o cristal pulsando em seu bolso. Ele sabia que o tempo de esconder quem era estava acabando — e que, com Luthor ainda livre, a próxima batalha seria mais pessoal do que nunca.