Metrópolis acordou sob um céu limpo, mas a cidade ainda carregava as marcas da batalha contra o Titan. Ruas bloqueadas, postes tortos e um apagão parcial lembravam a todos o custo da vitória de Superman.
No entanto, algo havia mudado no ar: os outdoors da LexCorp, antes dominantes, estavam apagados, e as manchetes do Planeta Diário, impulsionadas pela matéria de Lois Lane, “Superman: O Sacrifício por Metrópolis”, ecoavam uma nova narrativa.
A cidade, dividida por tanto tempo, começava a ver o Homem de Aço não como uma ameaça, mas como um protetor disposto a dar tudo por eles.
Na redação do Planeta Diário, o frenesi era quase palpável. Repórteres corriam entre mesas, telefones tocavam sem parar, e Perry White gritava ordens do seu escritório.
Lois Lane, sentada em sua mesa, revisava as reações à sua matéria, um sorriso discreto no rosto. As fotos de Jimmy Olsen, capturando Superman enfrentando o Titan mesmo à beira do colapso, haviam viralizado, e as redes sociais fervilhavam com mensagens de apoio ao herói.
Mas Lois sabia que a vitória era frágil
— Lex Luthor, embora preso, era como uma serpente esperando para dar o bote.
Clark Kent, ainda se recuperando dos efeitos da kryptonita, trabalhava em silêncio ao lado dela. O cristal kryptoniano, agora apagado em sua gaveta, parecia uma sombra de um passado que ele escolhera deixar para trás.
Sua decisão de destruir o Farol, sacrificando a chance de encontrar a colônia em Zorath, ainda pesava, mas a presença de Lois
— sua confiança, seu fogo
— tornava o fardo mais leve. Ele olhou para ela, capturando o momento em que ela mordia o lápis, perdida em pensamentos, e sorriu.
“Você tá orgulhosa, né?” Clark disse, a voz suave, mas com um toque de provocação.
Lois ergueu uma sobrancelha, girando na cadeira para encará-lo.
“Orgulhosa? Talvez. Mas não se acostume, Kent. Ainda temos um vilão solto e uma cidade pra consertar.” Ela apontou para o tablet, mostrando mensagens de cidadãos agradecendo Superman.
“Mas devo dizer, você... ele... fez um bom trabalho lá fora.”
Clark ajustou os óculos, escondendo o calor que subia ao seu rosto. “Nós fizemos, Lois. Você desativou o Titan. A cidade te deve tanto quanto a mim.”
Ela bufou, mas seus olhos brilhavam com algo mais suave. “Tá bom, Homem de Aço. Mas não pense que vou te deixar descansar. Luthor não terminou, e eu quero estar pronta quando ele voltar.”
Antes que Clark pudesse responder, Jimmy Olsen entrou correndo, segurando seu tablet. “Lois! Clark! Vocês têm que ver isso! A prefeitura tá organizando uma homenagem a Superman na praça central, e tá todo mundo lá!”
A praça central, outrora um campo de batalha, agora era um mar de rostos
— cidadãos, crianças, até policiais, todos reunidos sob o sol da manhã. Um palco simples fora montado, decorado com o símbolo do “S”, e a prefeita de Metrópolis, uma mulher de fala firme, discursava sobre unidade e gratidão. Lois e Clark, misturados à multidão, observavam em silêncio.
Clark, ainda com hematomas escondidos sob o terno, sentia-se deslocado sob os olhares de admiração, enquanto Lois segurava sua câmera, pronta para capturar o momento.
A prefeita revelou uma estátua de bronze de Superman, sua capa esvoaçante imortalizada, com uma placa que dizia: “Ao Protetor de Metrópolis”. A multidão aplaudiu, e crianças correram para tocar a base da estátua, rindo. Mas quando a prefeita chamou Superman ao palco, Clark hesitou, o cristal em seu bolso silencioso, mas pesado.
Lois cutucou-o, sussurrando: “Vai lá, Clark. Eles precisam te ver. Não só o símbolo, mas o homem.”
Ele olhou para ela, a confiança em seus olhos o ancorando. “E se eu não for o que eles esperam?”
Ela sorriu, apertando a mão dele. “Você é mais do que eles esperam. Vá.”
Clark desapareceu por um momento, reaparecendo como Superman, voando até o palco. A multidão explodiu em aplausos, mas ele ergueu a mão, pedindo silêncio. Sua voz, firme mas humilde, pela praça. “Metrópolis não precisa de estátuas ou heróis perfeitos.
Vocês — suas vozes, sua coragem, sua vontade de lutar pelo que é certo — são o verdadeiro coração desta cidade. Eu sou só um homem, tentando fazer a diferença. E prometo: enquanto vocês estiverem aqui, eu estarei também.”
As palavras tocaram a multidão, e até Lois, tão cínica, sentiu um nó na garganta. Ela tirou uma foto, capturando Superman contra o céu, mas seus olhos estavam em Clark — o homem por trás do símbolo, que escolhera a Terra acima de tudo.
Naquela noite, no Planeta Diário, Lois terminava uma nova matéria: “A Voz de Metrópolis: Como Superman Nos Une”. Clark, ao seu lado, lia em silêncio, o cristal guardado em segurança. Ele sabia que Luthor, mesmo preso, estava planejando algo
— o magnata nunca desistia. Mas, pela primeira vez, ele não se sentia sozinho.
Lois olhou para ele, fechando o laptop. “Você foi bem hoje, Clark. Mas não se acostume com os aplausos. Temos trabalho a fazer.”
Ele riu, o som leve. “Com você por perto, Lois, nunca fico muito confortável.”
Ela sorriu, inclinando-se mais perto. “Bom. Porque eu gosto de te manter alerta.” Por um momento, seus olhos se encontraram, e o silêncio entre eles falou mais do que qualquer palavra.
Lá fora, Metrópolis brilhava, suas luzes refletindo a esperança de um novo dia. Mas, nas sombras, uma mensagem criptografada saía da cela de Luthor, prometendo que o jogo ainda não havia acabado.