Mandei mensagem pro Lucas e, como sempre, ele apareceu em dez minutos. Fomos juntos ao Promise Club.
O Lucas sempre me arrasta pra essas festas, mas em menos de dez minutos ele desaparece. Ele tá saindo com o irmão gêmeo do Jaemin, o tal do Jaeho. Um cara meio sumido da família, saiu de casa aos 19, pelo que o Jaemin contou. Eles se falam de vez em quando. Dizem que o Jaeho até esconde o rosto pra não dar dor de cabeça pro irmão.
Começo a dançar com as outras pessoas, com o leve incômodo de me sentir sozinho. Talvez hoje seja a primeira vez na vida que eu tô afim de ir para a cama com o primeiro que chamasse.
— Oi. — Disse um rapaz que está longe de fazer o meu tipo, se encostando enquanto dança perto de mim.
— Eu só tô afim de dançar sozinho, já tenho namorado. — Respondi.
Continuei a dançar até me cansar e fui ao banheiro, ainda com a sensação de estar sendo observado. Havia um cara encostado na parede, bem vestido, os olhos fixos em mim. Ignorei, se estivesse mesmo interessado, viria atrás.
Enquanto lavava as mãos, escutei o som abafado de algo caindo. Um barulho seco e distante, vindo dos corredores de serviço. Me olhei no espelho, confuso, mas logo a música voltou a engolir qualquer desconforto.
(...)
[Poucas horas antes]
Precisava receber um cliente hoje, porém há um desgraçado na minha boate.
Normalmente, não executo opositores, mas não posso deixar que ele ande por aqui livremente, justamente quando estou presente. Pega mal.
Corri a distância necessária para alcançá-lo. Apenas lhe dei um chute, fazendo-o cair, mas rapidamente ele se levantou. Ninguém aqui pode entrar nessa parte do local com armas. Nem mesmo eu ou os seguranças.
Ele não estava armado e tentou lutar comigo no braço. Ele podia me odiar o quanto quisesse. Eu devolvia em dobro. Fui o primeiro a lhe socar incessantemente, derrubando-o no chão, mas ele se arrastou até a parede.
— Preciso que sirva de exemplo. — Disse para ele enquanto cerrava os dentes.
Todo esse som alto e essas pessoas… era um bom disfarce. Esses civis parecem viver num mundo completamente diferente. Eu poderia impedir que pessoas comuns viessem aqui, mas é melhor para os negócios que pessoas pobres e normais venham aqui com frequência.
— Seu desgraçado incompetente… Nunca será aceito, não importa o que faça, vai sempre fracassar. — Ele disse, mas não era eu que estava tentando me fundir à parede numa tentativa falha de sobreviver.
Lhe apliquei uma injeção e pedi que o levassem à sala branca.
— Quem é esse, Jun-Ho?
— Não sei, esperava que você fosse me dizer...
— E por que eu deveria saber, Min?
— Seu irmão. Acho que ele está com problemas em aceitar a nossa oferta. Resolvam entre si primeiro. Não me arrastem para a merda de vocês.
— Isso não será um problema.
— Já está sendo, ele feriu alguns dos meus. Farei com que ele ou você paguem por isso.
Era estressante. Eu deveria ter uma liderança perfeita, sem falhas nem brechas. Mas era extremamente difícil fazer alianças.
Ela se retirou da sala e o rapaz acordou por uma última vez.
Após realizar o meu trabalho, eu me limpei, e ainda bem que fiz isso. Assim que abri a porta, me deparei com Park Salin.
Porém, seu olhar estava diferente, ele parecia aflito. Notei que ele bater a mão do rapaz que tentou alcançá-lo.
— Você. — Disse ao retirar a máscara do meu rosto.
— Amor! — Ele disse se aproximando, segurando meu braço e se afastando do homem que o afligia.
Me senti sufocado.
— O quê? — Foi o que consegui dizer, tentando me controlar. Tentei tirar meu braço, mas ele agarrou com mais força. Eu sabia do que se tratava seu desespero e podia intervir. Mas ele ao menos poderia me soltar.
— Vamos logo pra casa. — Salin disse para mim na esperança de que o homem fosse embora. Mas ele sorriu e apenas encostou na parede.
— Moreninho, acho que você tá confundindo a pessoa que está ao seu lado.
Enquanto lutava a todo custo para controlar minha respiração, os olhos negros insinuantes de Salin se voltaram para mim. Suspirei, me soltando dele sutilmente, mas mantendo a postura, peguei-o pela cintura.
— Ele não confundiu. Irei te deixar em casa quando acabar, tudo bem? — Disse a Salin. — E você não se aproxime mais dele. — Disse. Esse cara tem mania, ele costuma bater em pessoas sem motivo. Infelizmente, é filho de um conselheiro. Um merda total.
— É sério isso? Você ainda vai se casar e já tem um amante? E um cara ainda por cima?
— Não se intromete.
— É você que sempre se intromete.
Soltei Salin e fui encará-lo de perto.
— Aqui não é sua casa, Tobias. Imagino que não queria dar problemas ao seu pai.
Ele se mostrou incomodado e enfim se retirou.
— Uou. — Exclamou Salin e eu me voltei para ele. — É a primeira vez que eu vejo um filho de papai ter medo de um zelador, quantos podres você sabe dele? — O rapaz sorria aliviado.
— O quê?
— Obrigado. Desculpe, sei que não gosta que te encostem, mas não sabia o que fazer. Assim que vi o relógio daquele cara, eu morreria se desse um murro nele.
— Não acho que conseguiria vencer ele.
— Hein? Já me viu lutando?
— Não. — Disse saindo dali. Colocaria alguém para vigiá-lo pelas câmeras.
— Ei, eu ainda estou falando com você! Respeite os mais velhos! — Ele gritou, mas ignorei. Há algo que não faz sentido… Casamento? Que casamento? Eu não concordei com plano algum da minha mãe.