19 - Um conversa sincera

Min Jun-Ho dava passos para trás conforme seu pai se aproximava com socos na sua direção.

— Para de rir, moleque. — O pai disse, notando um Jun-Ho feliz. — Se concentra, você está perdendo.

— Ele está assim desde ontem, senhor. — Disse o instrutor de boxe.

Jun-Ho exibia um sorriso.

— Vamos continuar! — Ele disse animado.

— Gosto da empolgação, mas o garoto se declarou para você por acaso?

— Ainda não, mas é só questão de tempo. — Com um olhar afiado, ele começou a devolver os socos.

Mas, assim que ouviu o som da notificação, Jun-Ho se afastou e seu pai ficou surpreso ao ver o filho simplesmente sair e pegar o celular. Absorvido num mundo próprio.

Era 2 da manhã.

Park Salin: [Minha mãe vai amanhã para a sala de cirurgia.]

Min Jun-Ho: [Ela logo estará bem]

Park Salin: [Obrigado]

(...)

Eu estava na mesa do bar, a mesma de quando vi o Jun-Ho na noite em que nos beijamos. Era estranho, como tudo mudou assim de repente.

— Park Salin? — Escutei uma voz familiar e, quando olhei, o rosto também era familiar.

— Jaemin?

— Não, eu sou o Jaeho!

— Ah, vocês realmente são idênticos. Quem é mais velho?

Jaeho e riu e se sentou ao meu lado.

— Eu sou o mais velho, 1 minuto e 35 segundos mais velho. — Ele sorriu orgulhoso. — Quero te agradecer, Salin. Desde que o Jun-Ho passou a gostar de você, eu tenho mais liberdade para sair com o Lucas.

— Por quê? — Fiquei surpreso. — Vocês e o Jun-ho se conhecem?

— Conhecer? Bem mais que isso, eu trabalho para a Goden. Jun-Ho é o meu maninho. Ele me colocou para proteger você e então posso ficar com meu Lucas.

Eu sabia que ele era envolvido, mas não achei que fosse com o Jun-Ho.

— Pra me proteger? Eu tô correndo perigo?

— Claro que está, mas não se preocupe, não é nada demais. E eu só estou feliz por isso.

— Ah… Eu achava que você não queria assumir o Lucas...

— Na verdade, eu não posso.

— Sim, agora eu entendo. — Acho que julguei ele mal. Ele parece ser uma boa pessoa. — O quão próximo você é do Jun-Ho?

— Chamo ele de Honey

— Fofo… Então você... Pode me falar um pouco mais sobre ele?

— Curioso?

— Sim, ele é estranho. Diz que não sente prazer e essas coisas. Isso é verdade?

— Sim. Uma vez nós fomos... Eh... Enfim, estávamos em Miami. Pra curtir um pouco, a gente foi pra um lugar… E bem, ele não participou. Uma pessoa até tentou, mas não conseguiu. Antes eu achava que era só boato. Mas era verdade. Ele ficou pálido, saiu, eu fui atrás, ele passou mal, tipo, muito mal.

— Mas comigo ele...

— Exato! Com você, ele só fala de você. Você conseguiu fazer meu maninho de um tigre para filhote de gato. Quando uma pessoa tentou uma vez, ele até desmaiou. Ele entra em pânico, passa mal ou simplesmente foge...

— Isso aconteceu comigo também.

— Ah... É verdade. Thomas André me contou. Geralmente ele entra num estado de pânico se alguém o assedia.

— Tá dizendo que eu assediei ele?

— Não. Mas, acho que é como ele se sente, ele odeia qualquer contato. Mas com vocês, o caso foi diferente. De fato, ele caiu, mas ele estava te beijando. No mínimo, ele que imaginou demais, pois ele realmente te quer e é esforçado.

— Eu entendi. Você e o cara de cabelo espetado, disseram o mesmo. Parece que ele sempre foi assim. Então, não tem o que fazer. Vou evitar essas situações...

— Não, é o contrário! Continue! Se quiser. Mas ele gosta de você. Ele até andou me perguntando algumas coisas. Tomara que vocês dêem certo. Mesmo que ele perca tudo. Quem sabe ele ainda fique feliz por estar com você ou feliz por poder se sentir como uma pessoa mais comum. Então, peço que o ajude.

— Mas eu não, não tenho certeza sobre nada disso. Ajudar ele... Não é algo fácil pra mim, porque eu me conheço. Como eu ajudaria? Me senti muito mal quando ele desmaiou só porque eu o toquei.

— Ele já dispensou diversos noivados, pegou uma péssima fama, brigou com seu pai, discutiu com o conselho. Matou o tio.

— O quê? O tio?

— Não está necessariamente relacionado, mas pra se redimir, ele teve que fazer alguns trabalhos. Enfim, essa é a primeira vez que ele parece estar disposto. Ele deve ter seus motivos, aparentemente, além de gostar de você, ele também quer ajudar. Então faça o que achar melhor. Min Jun-Ho é forte e teimoso, se ele quer, ele pode lidar com isso mesmo que você o odeie. Peço então, que apenas tente entendê-lo, principalmente agora que você está noivo dele.

— Noivo? Como assim? Eu ainda não concordei com nada! — Disse, sentindo meu coração disparar.

— Bom, você está aqui, ele não faz questão de esconder que está sempre te procurando... Então o boato pegou. Boa sorte lidando com isso! — Com um sorriso, ele se despediu após me dar o seu número. Olhei ao redor. Aparentemente, eu não estou passando despercebido. Será que a maioria aqui é funcionário e cliente?

Jaeho parecia de fato se importar muito com o Jun-Ho. Mas Jun-Ho não colocou como condição ajudá-lo com o trauma, eu apenas aceitei me casar com ele... e beijá-lo.