Eu fui subindo de elevador. Não sabia que o prédio todo era dele.
Quando saí, fui em direção ao terraço.
Min Jun-Ho estava lá, tomando tequila. Quando me viu, largou o corpo e veio na minha direção com um sorriso que até me assustou, mas então ele parou na minha frente.
Se ele tentou fazer alguma coisa, não fez.
— Tudo bem?
Ele colocou a mão no rosto e se virou, sentando-se sobre a mesa.
— Depende, você vai aceitar?
Eu me aproximei dele.
— Você é muito ridículo, sabia? Como vou recusar se você já me ajudou?
— Você pode recusar.
— Eu vou aceitar. Mas quero deixar claro que apenas concordo com o casamento, não irei tocar em você!
Min Jun-Ho claramente não gostou do que eu falei.
— Não vou aceitar se for apenas isso. Eu não quero só sua presença para elevar minha posição e limpar minha reputação. Salin, eu preciso de você. Preciso do seu beijo, do seu toque, do seu abraço.
— Não escutou o que eu acabei de falar? Não seja mais esquisito do que já é. Você passa mal se eu fizer isso! Você desmaiou da última vez. Isso me assusta. As pessoas à sua volta acham que isso é normal, mas isso é bizarro.
— Bom, não espero que você entenda, você não viveu minha vida. Mas… — Jun-Ho aproveitou que eu estava perto e pediu minha mão. Eu estranhei sua ação, mas decidi dá-la, e ele segurou-a com delicadeza. — Apenas se entregue a mim.
— Você não pode… Por que continua insistindo? — Eu estava realmente chocado com sua coragem.
— Estou determinado a me dar uma última tentativa de viver como alguém normal.
— E o que eu tenho a ver com isso?
— Eu achava que amava minha ex, mas quando ela se aproximava de mim, eu não sentia nada, não queria nada. Mas com você, quando você se aproxima de mim, eu também quero. Você mexe com meu corpo e com a minha mente. Eu ainda não consigo, mas te desejo a todo instante.
— P-pervertido. — Resmunguei, mas ele apenas riu.
— Não é ruim assim para você. Você pode me odiar, mas me acha atraente.
Fiz bico. Ele tinha razão.
— Senhor, você tem trabalho. — Disse um homem.
Jun-Ho terminou sua bebida.
— Salin, o que me diz? Aceita se casar comigo?
Essa é uma frase que nunca imaginei que ouviria, ainda mais nessas circunstâncias.
Ele ainda segurava minha mão e acariciou levemente com seu dedo indicador, esperando minha resposta.
— Hm? — Insistiu.
— Eu aceito. — Suspirei.
Ele sorriu. Pegou minha mão e levou até seu rosto. Pude ver que ele tomou fôlego para fazer isso.
— Mas… — Disse, retirando minha mão. — Vai aos poucos.
— Claro, mas não se preocupe comigo dessa forma, eu vou ficar bem. Até amanhã.
Ele saiu andando seriamente. Ainda achava admirável suas mudanças de personalidade.
— Senhor, este é o contrato. Leia e depois assine aqui. — Disse um dos homens da Goden.
Um noivado de seis meses. Não haveria um casamento de fato.
Após ler o contrato, percebi que não tinha mais volta.
Min Jun-Ho pagaria por tudo e manteria a mim e minha família seguros até depois do término do contrato. A menos que eu rescindisse o contrato antes disso.
Deveria comparecer a eventos e compromissos para manter as aparências.
E principalmente:
"Parte B se compromete a apoiar a Parte A no desenvolvimento de sua adaptação a interações físicas e emocionais, respeitando limites pessoais e promovendo um ambiente de conforto e confiança mútua."
Isso pode significar muita coisa. Mas não vou jogar esse jogo.
(...)
— Ela pode acordar a qualquer momento, não hesite em me chamar. — Disse a enfermeira.
Fiquei parado no novo quarto VIP. Minha irmão estava em uma maca, meu pai estava deitado no sofá e eu sentado na cadeira.
Parecia que as coisas iriam melhorar para mim.
Assim que olhei para a porta, o garoto tatuado vestindo uma jaqueta sem mangas, usando uma calça rasgada e um sapato dois números maiores, estava lá, me esperando como uma assombração. Embora muito bonito.
Retiro o que disse. As coisas vão melhorar para minha família, mas não para mim.
— Você realmente veio? — Disse, me levantando.
— Desculpe, me atrasei.
— É…
Fui na direção dele e o empurrei para fora do quarto. Queria conversar com ele do lado de fora, sem dar chance para meu pai dizer algo.
— Você está bem? — Ele perguntou, mas eu não o respondi, apenas olhei em seus olhos.
— Você leu o contrato? Não pode mudar de ideia agora.
— Não vou. — Suspirei.
Você é esperto, Jun-Ho.
— Que bom.
— Que horas você vai sair?
— Eu não sei.
— Me mande mensagem então.
— Para quê?
— Para eu te buscar, te levar para minha casa. Daqui a pouco, o nosso noivado será anunciado e teremos que ir a alguns eventos.
— O que você quer dizer com anúncio? Que tipo de eventos?
— Meu pai é o fundador da MJ Entretenimento. Ele teve a fama de homofóbico por causa de um episódio específico. Então, se a mídia souber sobre nós…
— Seu pai é dono da MJ Entretenimento?
— A Goden é a facção. Mas a empresa da família é a MJ Entretenimento. Meu tio a gerencia.
Mas que filho da p*ta...
Como o chefe de uma facção criminosa é um compositor e ainda por cima o fundador da MJ Entretenimento? Uma agência de artistas e música. As músicas de Min Kun eram lindas. Eu escutava algumas de suas composições.
— Então todo mundo vai ficar sabendo? Literalmente, o país inteiro?
— Acho que não é para tanto. — Min Jun-Ho comentou com um sorriso enorme. — Mas sim, pretendo assumir publicamente. Como herdeiro e CEO da MJ Cosméticos, sou uma pessoa pública, e é até por isso que trabalho usando máscaras.
— Seu desgraçado! — Tive que dizer algo na cara dele para expressar minha indignação. — Eu não sabia que você era o herdeiro dos conglomerados da família Min!
Min Jun-Ho riu, se divertindo.
— Preciso ir. Obrigado por aceitar. — Ele ainda estava sorrindo.
— Se eu soubesse…
— Eu volto. — Disse, me deixando uma piscadela.
(...)
Só enchi minha mochila com roupas e documentos. Enquanto caminhava pela minha casa, Jun-Ho sorria, sentado no sofá.
— Na primeira vez que vim aqui, você estava se tocando. Na segunda vez, te trouxe porque desmaiou. E agora, na terceira vez, estou te levando para minha casa. Que avanço!
Escutei ele dizendo isso e apenas confirmei minha infelicidade com esse fato.
— Parece até que eu sou alguém fácil.
— Mas você é extremamente difícil. — Ele afirmou.
Caminhei até ele.
— Não, foi extremamente fácil. Seu rosto ajudou bastante.
Ele sorriu e, quando me virei, puxou meu braço, me fazendo cair sobre seu colo.
— Oh céus, não faça isso! — Disse, mas ele apoiou seu rosto em meu ombro.
— Você está bem!?
— Estou ótimo, obrigado. — Ele disse.
— Me deixe sair.
— Só mais um pouquinho.
Consigo perceber, através de seu sorriso, a agitação dentro dele, mas seus olhos desejosos me faziam pensar que não tivesse problema. Mas então sua expressão mudou, como se sentisse uma pontada de dor. Ele fechou os olhos e afastou a cabeça.
— Não me prenda assim. — Afirmei, me soltando.
Ele sorriu, nervoso.
— Sinto que, se eu não fizer cardio, morrerei.
Eu o encarei, assustado.
Mas ele sorriu.
— Estou brincando. Me dê um copo d'água?
— Claro.
Fui até a cozinha, peguei um copo para ele beber e, depois, me despedi da casa, indo com Jun-Ho rumo a essa nova vida.