Salin não viu, mas a senhora Chu sorriu, trocando olhares com seu filho, e logo disfarçou para não ser pega.
Jun-Ho conteve a risada. Afinal, o plano de seu pai não havia saído como planejado, mas o resultado foi melhor do que todos imaginavam.
Salin não apenas reagiu como ainda derrubou Min Kun.
Jun-Ho sabia que seu pai estava impressionado e envergonhado por ter subestimado Salin. Provavelmente, manteria a pose para sair ileso dessa humilhação.
Mas a verdade era que o próprio Jun-Ho também estava surpreso. Não sabia que Salin era tão habilidoso.
— Sali. — Ele disse, orgulhoso e com um sorriso no rosto, em contraste com o ódio visível no semblante de Salin.
— Eu odiei sua família. São horríveis, e é culpa deles que você não está bem, sabia? Está muito machucado?
— Não dói. — Ele respondeu, se levantando.
— Idiotas. Já acabou esse jogo? Sentem-se à mesa e terminem de comer! E você... — Chu olhava para Salin. — Não bata no meu marido novamente. — Ela o ameaçou com o garfo.
— Não ficarei aqui nem mais um segundo.
Salin puxou a gola de Jun-Ho na intenção de levá-lo para o quarto, mas ele nem se mexeu e apenas se sentou na cadeira.
— Não se assuste, isso é normal, e não está doendo. — Ele disse.
— Parece que é normal você ser um imbecil. — Salin respondeu, ainda raciocinando que acabara de derrubar o chefe e fundador da Goden e da MJ Entretenimento no chão.
Após a ordem da Chu, Kun se levantou do chão com facilidade, como se a queda não fosse nada demais. Ele se sentou ao lado da esposa, ajeitando a postura.
— Foi um belo golpe! — Disse, animado.
Salin tentava entender o que aquilo significava.
— Do que você está falando?
Em vez de responder, Kun recebeu um pequeno tapa da esposa, como se ela o mandasse se concentrar. E então, mais sério, acrescentou:
— Vou te dar uma última chance de mudar de ideia, Park Salin. Meu filho vive em um mundo diferente do seu. Ele não foi capaz de impedir que seu irmão sofresse e é teimoso. Vai colocar sua vida em perigo também. Ele diz querer ser um líder, mas ainda falta muito. Em algum momento, Jun-Ho será fraco, e você deverá ser forte por ele. Mesmo que seja um noivado falso, você precisa ter isso em mente. A Goden pode se comprometer a cuidar da sua família sem esse contrato ridículo.
Salin estava incomodado com a forma como ele se dirigia ao próprio filho. Será que tudo isso era realmente um teste? Aos olhos de Salin, a senhora Chu realmente não gostava dele. Mas as palavras de Kun soaram como se buscassem entender suas reais intenções e o quão disposto ele estava a levar aquilo adiante.
— Nós dois concordamos com isso. Eu não estou sendo obrigado! — Disse, irritado, e então se sentou novamente para dar seu último veredito àquela família louca. — Eu realmente quero ajudar a melhorar a reputação dele.
A resposta de Salin trouxe um clima mais leve, como se as sombras escuras fossem iluminadas pelo sol. Havia satisfação no olhar da família Min.
— Espero que não se arrependa.
Todos pareciam aliviados e, em um clima menos tenso, terminaram o café da manhã.
E Jun-Ho não tinha intenção alguma de dizer que tudo foi encenado. Ao menos, não agora.
Antes de ir embora, Chu arrumou o cabelo de seu filho.
— Você é muito bonito e um bom rapaz. A família em que nasceu, você não escolhe, mas há como construir uma. — Sua mãe lhe bateu levemente no ombro. — Trate de não estragar tudo, meu filho. — Ela então se aproximou para sussurrar. — Faça esse garoto se apaixonar por você.
Jun-Ho sorriu.
Mas Chu, ainda mantendo uma postura séria, olhou para Salin com desconfiança.
— Não gosto de você, mas espero que eu esteja errada. — Disse para provocá-lo e seguiu em direção à porta, carregando seu marido.
Salin ficou sem reação.
— Você disse que seria só um teste para eu não me assustar, não foi? Mas sua família é assim o tempo todo, não é?
— Eu não vou dizer que somos normais. Mas era tudo encenado.
— O quê??
— Como eu disse, era um teste. Eu não fiz nada o tempo todo porque a intenção era ver como você reagiria. Meus pais não criam filhos submissos, mas me corrigem, se necessário. E não é dessa forma. Pode ficar tranquilo.
— Isso é louco! Jun-Ho, sua família é louca! Mas sua mãe com certeza me odeia. — Disse Salin, pensativo de repente.
— Minha mãe é realmente desconfiada, mas você surpreendeu a todos nós. Meu pai com certeza não esperava ser derrubado. — Jun-Ho exibiu um sorriso convencido, deixando Salin incrédulo.
— Não quero que a gente fique assim. — Salin resmungou.
— Assim como?
— Sua família sente necessidade de testar todo mundo, como se ninguém fosse confiável até que prove o contrário. Isso não é saudável.
— Eles ficaram assim após 40 anos vivendo no submundo dos negócios, casados, com filhos e muitas perdas de pessoas importantes. Confiar nas pessoas erradas pode levar à morte.
— Ainda é louco. Você passou a vida toda com pais assim?
— Eu vivi bem com eles. Eles queriam que eu tivesse uma vida normal.
— Não sei o que significa "normal" para você... Você mata pessoas, não tem senso comum!
— Não mato qualquer tipo de pessoa…
— Argh, que nervoso dessa sua família esquisita! Posso tocar no seu rosto para verificar se está mesmo bem?
— Hm? Pode sim.
Salin examinou o rosto de Jun-Ho com cuidado.
— Você está bem mesmo?
O mais novo riu.
— Como pode ver, estou bem. Era encenado.
— Que bom. — Salin retirou a mão rapidamente. Ele não queria causar nada em Jun-Ho.
— Eu irei tomar um banho.
— De novo?
— Faço isso com frequência, não se preocupe.
O mais novo encarou Salin por alguns segundos. Estava feliz. Seu grande amor o havia defendido na frente de seus pais, sequer hesitou em brigar com seu pai. Embora seu pai tenha pegado leve, Salin se saiu muito bem.
Park era o ideal perfeito que sua família procurava, embora homem, Mas Jun-Ho sentia que tinha tirado a sorte grande. Salin era lindo, ousado, corajoso. Fazia seu coração acelerar. Fazia seu sangue circular.
Mas ainda não conseguia pegar Salin e enchê-lo de beijos. E como gostaria de poder fazer isso agora.