— Então você contou tudo para o Salin… Ele sabe que você já lidou com quem bateu no irmão dele?
— Não. Mas ele provavelmente já suspeita.
— Ah, claro. Porque agora ele virou adivinho.
Jun-Ho suspirou, apoiando os cotovelos na mesa.
— Eu não estou legal hoje, Jaeho.
— Qual é, cara? O dia foi perfeito. Não sei o que te abalou, mas o Salin fez um ato histórico.
Jun-Ho finalmente sorriu pela primeira vez desde que começaram a conversa.
— Ele foi incrível, Jaeho! Ele sempre é a melhor parte do meu dia.
— Eu visitei o chefe depois daquilo. Min Kun ficou muito feliz, com um sorriso de "escolhi meu genro".
— Aquele velho deveria estar apostando que aquela arma fosse apontada pra minha cabeça, só pra eu poder ver a reação do Salin.
Jaeho riu.
— Sim. Salin é muito inteligente, nem recebeu treinamento. Mas quando viu você em perigo, ele logo agiu. E fez isso friamente. Eu olhei pros caras e ergui as mãos. Foi coisa de cinema.
— Se eu não tivesse visto que ele ficou bem abalado e preocupado, eu teria achado que ele era um agente duplo.
— Pode ficar tranquilo, Jun-Ho. Se você não pesquisou sobre ele, eu pesquisei, e vou te dizer: você está namorando um cara que praticou artes marciais a vida inteira, fez dança contemporânea também e entrou nas forças especiais por hobby. Vocês estavam destinados.
— Não exagera. — Comentou Jun-Ho, sentindo suas bochechas aquecerem.
— O quê? Por que está todo vermelho? — Questionou Jaeho, que conhecia bem o seu amigo, o suficiente para saber que esse era seu ponto máximo de admiração. Ele só o viu assim quando foram ao show da cantora favorita dele.
"Se era isso que meu pai queria descobrir, agora eu sei. Salin é alguém em quem posso confiar, mesmo que tenha uma arma apontada pra minha cabeça. Ele saberia o que fazer... Park Salin é realmente especial."
— Nós nos beijamos. — Acrescentou Jun-Ho ao confessionário com Jaeho, que riu, incentivando a continuação da bomba que havia jogado. — Independente de tudo que estava acontecendo, eu sentia que podia me entregar totalmente para ele.
— Ainda bem que estou vivo pra poder ouvir isso. — Jaeho estava orgulhoso de tudo que estava acontecendo.
— Ele parecia querer mais do que eu… É questão de tempo até se apaixonar por mim. Mas achei que fosse ter uma crise.
— Sério? Foi tão intenso assim?
— Foi. Mas, ao mesmo tempo, foi ótimo. Pena que eu não consegui mais… Eu queria. Eu pedi. Mas, no momento em que ele veio, meu corpo travou.
— Então você pediu um beijo e quase morreu no processo?
Jun-Ho riu.
— É ridículo, mas é verdade.
— Bom, pelo menos seu problema não é falta de vontade.
— Salin deve estar chateado com isso agora.
Jaeho ergueu uma sobrancelha.
— Putz, Jun-Ho, e o que você está fazendo aqui então? Vai pedir desculpas pra ele!
— Eu só quis dar um tempo pra ele. Moramos juntos, e eu sou tipo uma bomba-relógio prestes a explodir pra ele. Ele precisa de tempo pra processar as coisas. Hoje eu disse muita coisa… Não é fácil ouvir que você está na lista negra de uma facção — e que, de quebra, isso ainda é culpa do seu irmão.
— Você acha que Salin vai ficar bem?
Jun-Ho soltou um longo suspiro antes de responder:
— Ele vai ficar ótimo.
(...)
Salin estava revoltado. Até sua paciência tinha limites. Por que c*ralhos ele tinha que ir até o Promise? O dia já não havia sido cheio o suficiente?
Quando Jaeho chegou para buscá-lo, Salin entrou no carro de cara fechada.
— E então? Onde Jun-Ho está?
— No Promise Club.
Salin bufou, massageando as têmporas.
— Ótimo. Porque nada melhora um dia caótico como ir atrás do meu noivo em um bar.
— Você está se ouvindo? Parece até um marido traído.
Salin lançou um olhar mortal para Jaeho, que apenas riu.
Ao entrarem no Promise, todos os olhares se voltaram para ele. Salin percebeu o burburinho imediato, os cochichos abafados. Um frio percorreu sua espinha.
"Park Salin." "Noivo do Min." "Aquele cara chegou."
— Todos aqui sabem sobre a gente? — perguntou num tom mais baixo.
— Sim. A maioria são funcionários. Poucos são clientes normais.
Salin engoliu em seco.
— Se eu soubesse disso antes…
— Nossa, verdade. Tudo começou aqui, não foi?
Salin assentiu, olhando ao redor.
— Sim, foi nesse bar que eu bebi e, quando estava saindo, fui atropelado pelo Jun-Ho.
Jaeho riu.
— Todos te admiram de certa forma agora.
"Ele chegou! Park veio buscar Jun-Ho! Jun-Ho está encrencado?" "Park é forte, não ficaram sabendo?"
Salin percebeu que, diferente do que esperava, ninguém comentava sobre uma suposta traição. Em vez disso, os sussurros eram sobre como ele havia resolvido uma missão direta do chefe da Goden e protegido Jun-Ho.
Ele ficou surpreso, mas não pôde evitar pensar que talvez esse boato fosse realmente melhor para a reputação de Jun-Ho.
E então seus olhos encontraram Jun-Ho, sentado no bar, bebendo. Seu sangue ferveu.
Com passos firmes, ele cruzou o ambiente sem hesitar.
— Por quanto tempo mais você pretende me deixar sozinho? — disparou.
Jun-Ho quase engasgou com a bebida.
— O quê?
— Para de perder tempo conversando baboseiras. Você disse que ia voltar rápido. Onde que isso é rápido?
— Sali?
— É Salin! E anda logo!
Sem esperar mais explicações, Salin segurou sua mão e o puxou sem cerimônia para fora do bar.
Quando entraram no carro, Jun-Ho se remexeu no banco, desconfortável.
— Foi mal, Sali, eu não sabia o que fazer.
— Sério? Eu tenho que ir te buscar? Porque não te deixavam sair? Sou sua babá agora?
Jun-Ho soltou um riso anasalado.
— Meu noivo. Você é meu noivo.
— Não enche.
— Estavam todos animados demais. Achei que fosse lidar com um problemão, mas, na verdade, todo o conselho acha que o que aconteceu hoje foi bom. Até a aliança não vê isso como algo ruim. Dizem que encontrei a pessoa certa.
Salin estreitou os olhos.
— Por favor, não me diga que os homens que estavam com você eram do conselho.
— Eram.
Salin respirou fundo, sua paciência no limite.
— Jun-Ho! Eu olhei com sangue nos olhos para eles!
O tatuado começou a rir.
— Então você foi perfeito.
— Que palhaçada.
— Não há problema nenhum em eu ser um homem apaixonado e pau-mandado do meu futuro marido. E a sua aparição prepotente lá, apenas para me buscar, foi perfeita.
Salin revirou os olhos.
Quando chegaram à porta de casa, o mais velho murmurou, ainda irritado:
— Eles devem achar que estamos transando agora... — murmurou e então notou o sorriso de Jun-Ho. — Vai tomar banho, vai.
Jun-Ho apenas obedeceu, indo direto para o chuveiro assim que entraram.
Salin ficou sozinho na sala, massageando a testa. O dia já tinha sido caótico o suficiente, e agora Jun-Ho o fez passar por mais essa.
Mas quando o mais novo apareceu, recém-saído do banho, os cabelos ainda úmidos e vestindo apenas uma camiseta larga, Salin teve sua raiva toda dissolvida. Antes que pudesse dizer algo, Jun-Ho se jogou no sofá, deitando em seu colo.
— Não fica bravo comigo — pediu, fechando os olhos.
— Jun-Ho, não faça isso.
— Está tudo bem.
Ele envolveu os braços ao redor de Salin, aconchegando-se ali.
Jun-Ho percebeu há pouco tempo que não resistia mais ao toque de Salin. Hoje cedo, ele fez um pequeno teste e não sentiu nada além de paz. Seu abraço era diferente de qualquer outro. Pela primeira vez, ele sentia um verdadeiro conforto.
— Eu não quero te rejeitar. Nunca farei isso de propósito. Eu quero te amar. Seu abraço agora é como algo que nunca senti. Me sinto confortável, como se finalmente tivesse encontrado um abrigo. Eu sei que é você… Sua voz, seu calor. Obrigado por isso, Sali. Achei que as coisas fossem desandar hoje, mas, graças a você, foi tudo perfeito.
Salin suspirou, passando os dedos pelos cabelos de Jun-Ho.
— Eu sei que não foi de propósito, mas não posso deixar de me chatear quando vejo você mal.
— Obrigado.
— Naquela hora… quando você leu o bilhete. Jun-Ho, o que estava escrito?
Jun-Ho hesitou por um momento.
— Nada demais. Mas me lembrou de como tudo deu errado há quatro anos, quando eu ainda estava casado.
— Você realmente a amou?
Jun-Ho fechou os olhos.
— Eu não tenho certeza… Não senti por ela o que sinto por você.
Salin engoliu em seco.
— Mas as piores dores que sentimos são aquelas causadas pelas pessoas que amamos.
Jun-Ho enterrou o rosto contra o peito de Salin, parecendo pequeno e vulnerável.
— Foi horrível, Sali. Eu quase perdi tudo.
— Eu nem posso imaginar.
— Não precisa, estou feliz agora por ter conhecido você. — Jun-Ho disse. — Sabe que seu nome pode significar...
Os olhos de Salin tremeram.
— "Assassinato"… — Ele respondeu baixo.
Jun-Ho sorriu, sentindo-se confortável no colo do mais velho.
— Sim, mas dependendo da forma como se escreve, ele também pode significar "salvar". Mas isso em coreano. Seu nome também pode significar "sal", "pureza", "trazer cura", "preservação".
Salin o encarou sem entender.
— Eu sei, mas por que parece que você ficou horas no computador apenas pesquisando sobre isso?
— Eu gosto. — Jun-Ho disse, e isso mexeu com Salin. Ele teve dificuldade de aceitar seu nome em uma certa época de sua vida. — É um nome bonito com vários significados. Eu não acredito nessas coisas de destino. Mas sinto que amo a pessoa certa, que me salva a cada dia. É bom, momentos assim…
— Descanse então, você teve um dia cheio. — Salin disse, acariciando levemente o rosto de Jun-Ho, que ficou ali até cair no sono.
"Oh, meu Deus, esse futuro líder da Goden é tão fofo, o que eu faço?"