Faz dias que eu não tenho nenhum contato com Min Jun-Ho. E, de certa forma, tudo parecia como antes, exceto pela dívida paga, pela fama repentina e pela casa onde eu estou morando.
Não suporto a ideia de que me incomoda o fato de ele não dar notícias.
Estava tão perdido nos meus próprios pensamentos que, pela primeira vez, Yomin passou despercebido. Só percebi sua presença quando ele puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado.
— Você está tão bonitinho.
— Valeu. — Respondi, mas logo senti suas mãos tocarem minha cintura.
— Você não quer tentar um trisal? Jaemin também quer fazer isso acontecer.
Estremeci. Encarei Yomin, só para ter certeza de que aquilo não era uma miragem. Ele estava debruçado sobre minha mesa, o olhar indecifrável.
— Como é?
— Você entendeu.
Entrei em pânico. Minha mente ficou confusa, e meu coração acelerou com a absurda possibilidade de amar esse homem. Finalmente.
Yomin não hesitou e beijou minha bochecha.
Ele se afastou satisfeito, mas eu ainda estava confuso.
— O que acha de nós?
— Ah... Eu preciso pensar. Tem o Jun-Ho também. Eu não sei.
— Por que você precisa ver com ele? Tudo bem contar, mas você não precisa de permissão. Vocês não estão juntos de verdade.
— Sim, mas... — Suspirei. Eu sabia que, cedo ou tarde, a verdade precisaria sair da minha boca. — Não é um relacionamento falso qualquer. Apenas me dê um tempo.
— Tá, quer saber? Vou falar com Jaemin que você me magoou.
— Deixa disso.
Um trisal? Eu, ele e Jaemin? Se essa sugestão tivesse surgido há algum tempo, eu com certeza entraria. Eu sempre gostei de Yomin. Era um sentimento que carregava comigo há anos, silencioso e confortável, um amor nunca confessado, mas sempre presente. Jaemin também era alguém importante para mim, alguém que eu admirava e confiava.
Meu coração acelerou de um jeito estranho. Não dava para simplesmente aceitar. Esses dias longe de Jun-Ho me serviram para lembrar que nosso relacionamento não era real. Não haveria casamento. Nada disso ia acontecer. Porém, eu mesmo já tinha percebido como era difícil resistir a ele… Eu dizia para mim mesmo que era apenas desejo, mas já não sabia se era só isso.
"Eu preciso pensar", foi tudo o que consegui responder, desviando o olhar.
Na volta para casa ainda processando a conversa com Yomin, meu celular tocou e atendi.
— Jun-Ho está com você? — A voz de Lee Dong soou do outro lado da linha.
— Não. Por quê?
Fiquei confuso com a ligação repentina, mas minhas dúvidas diminuíram quando um carro conhecido parou perto de mim.
O homem que me perseguia há três meses saiu do banco do motorista, confiante e sorridente. Ele se aproximou mais do que o normal, me ergueu do chão e me girou no ar.
— Jun! — Exclamei, incapaz de esconder minha empolgação.
— Eu cheguei! — Ele disse, me colocando de volta ao chão e me abraçando apertado.
— Sim, estou vendo. Deu tudo certo, pelo visto. Que bom, né? — Respondi, sem saber exatamente o que dizer.
— Não. Na verdade, deu tudo errado. Veja! — Ainda sorridente, ele afastou a gola da camisa, revelando um ferimento no ombro.
— Jun-Ho, mas o quê? Como assim? Você está bem? — Toquei sua testa, tentando entender a gravidade da situação. Talvez fosse sobre isso que Lee Dong queria falar. — Você já foi ao médico? Esse curativo não parece profissional.
— Está tudo bem.
— Eu matei o cara que fez isso.
— Você o quê? Ah... Ok. Isso vai trazer alguma retaliação?
— Não, era só um capanga qualquer. Desculpa, eu deveria ter voltado antes.
— Está tudo bem. Não somos casados ou namorando de verdade.
— Mas eu não queria ficar longe de você. Acho que estou seriamente apaixonado, Salin.
— Você já disse isso antes de ir. — Desviei o olhar, sentindo meu coração bater mais rápido que o normal.
Min Jun-Ho não hesitava em me dizer essas coisas, e isso começava a me incomodar.
Ele abriu a porta do carro, e eu entrei.
— Você encontrou Colen? — Perguntei, tentando mudar de assunto.
— Não. Eram outras pessoas. — Ele fechou a expressão, franzindo o cenho, como se tivesse engolido algo amargo. — As coisas não ocorreram conforme o planejado. Fiquei puto. Só queria terminar aquilo o mais rápido possível... Só pra ver você. — Seu olhar se voltou para mim.
— Sinto que, mesmo quando isso acabar, você ainda não me deixará em paz.
— Você vai se apaixonar por mim, Sali. Mais cedo ou mais tarde.
Mordi os lábios, pensativo. Eu sentia falta de estar ao lado dele.
(...)
— Vocês são os irmãos do Sali?
— Sim. Eu sou a Una e ele é o Ojin. — A garota de 12 anos falava bem e olhava para Min Jun-Ho com admiração.
— Sou Min Jun-Ho.
— Eu sei. Sali falou sobre você. Você ajudou a salvar a mamãe e cuidou do Sora. Obrigada.
— E o que você ganha com isso? — A voz de Ojin se fez ouvir pela primeira vez. Ele estava lendo um livro até então. Tinha 15 anos e parecia desconfiado.
— Eu ganho o Salin. — Jun-Ho respondeu sem hesitar.
O mais novo pareceu satisfeito com a resposta.
— Ele deve gostar de você também. Quer dizer... Até eu me apaixonaria se uma gata gostosa me salvasse.
— Bonita! Diga bonita. Tenha respeito. — Una repreendeu o irmão.
— Espero que você esteja certo. — Min Jun-Ho afirmou.
(...)
Apareci logo depois, desconfiado. Vi Una tentando se pendurar no braço de Jun-Ho, enquanto ele conversava sobre carros com Jino.
— Parece que vocês se deram bem.
— Ele é ótimo. — Ojin sorriu. — Fica com ele, Salin! Ele prometeu me dar um carro quando eu fizer 16.
— Não compre ele assim! Jun-Ho, você está ferido, pare de fazer força.
— Ela é leve. — Ele sorriu.
— O tio é legal.
Naquela tarde, fiz um almoço para meus irmãos mais novos e também para Jun-Ho, que apareceu sem aviso.
Mais tarde, levei meus irmãos para a casa do nosso pai.
Quando voltei, encontrei Jun-Ho me esperando ansiosamente.
— Senti muita falta dos seus beijos. — Ele sorriu. — Você é literalmente a única pessoa que me faz querer desafiar todos os meus limites, só para nunca te deixar ir. Você também sentiu minha falta?
— Yomin me pediu em namoro.
— E você aceitou?
— Não. Estou pensando sobre isso.
— Pensando? Achei que fosse apaixonado por ele... Já não é tão forte assim? Você está começando a sentir algo por mim?
— Não é isso. Só que eu não gosto da ideia de um trisal agora. Quero alguém só para mim.
— Eu posso ser seu. — Jun-Ho afirmou.
Ele estava sentado no braço do sofá, e eu senti uma leve excitação percorrer meu corpo.
Impulsivamente, me aproximei, ficando na ponta dos pés enquanto caminhava até ele.
(...)
Os olhos de Min Jun-Ho brilharam como na noite do primeiro beijo. Park Salin se aproximou do rosto do mais novo e, sem esperar qualquer confirmação ou pedido, o beijou.
Salin o desejou com tanta intensidade que Jun-Ho cedeu, deitando-se no sofá. Sem lhe dar trégua, Salin sentou sobre ele. O mais velho não pôde ignorar o quanto ansiava por aquilo.
Só uma vez e se sentiria satisfeito. Era o que pensava. Salin beijou o pescoço de Jun-Ho, buscando uma resposta.
— Salin… — Jun-Ho não o tirou de cima de si, não o afastou, apenas sussurrou. A voz baixa e levemente desesperada soou como um alarme dentro de Salin, despertando-o de seu breve momento de êxtase.
— Desculpe, estou saindo. — Salin afastou-se imediatamente. A sensação era péssima. Ele se frustrou. A barreira entre eles ainda era intransponível, no fim das contas.
Salin precisava se afastar de Jun-Ho. Não daria certo. Sempre que pareciam mais próximos, Jun-Ho regredia. Era frustrante para Salin receber tantas investidas e não saber como proceder. Não estava dando certo.
Porém, Jun-Ho tomou as mãos de Salin, impedindo-o de ir para longe. O mais velho se sentia envergonhado, isso era visível. Jun-Ho achava atraente o fato de Salin, às vezes, ser tão impulsivo.
— Não vá. Não fique assim. Quando te levei para minha casa, Salin, você falou cada atrocidade... — Jun-Ho sorriu. — Já conheço o seu pior lado. Então, não se afaste de mim.
Salin se envergonhou ainda mais e permaneceu quieto, enquanto suas recentes ações eram processadas.
O que ele acabou de fazer se configura como assédio? Se sim, ele não seria diferente dos outros.
— Desculpe, é a segunda vez que eu perco o controle, Jun-Ho. Não dá para continuar, é…
— De fato, eu odeio e menosprezo todos que me fizeram passar por uma situação semelhante à de agora. — Jun-Ho o interrompeu firmemente, deixando Salin nervoso, porém pronto para ser repreendido. — Mas você é sempre uma exceção. Eu tô excitado pra c*ralho. Essa foi a coisa mais sexy que já aconteceu comigo. Tudo que vem de você me faz bem.
— Eu acho que você está quebrado. — Comentou Salin, sentindo o clima leve o suficiente para fazer uma piada.
— Eu? Um assassino? Futuro líder da Goden? Com certeza. — Riu o mais novo. — Sali, vou me esforçar nesses meses que nos restam para que eu possa te satisfazer do jeito que você quer. E quem sabe você não gosta e fica pra sempre comigo?
— De novo com esse papo… Transa é transa, amor é amor.
— Admita que me quer.
Salin ainda estava corado e permaneceu calado. Jun-Ho puxou o mais velho e encheu-o de breves beijos. Ele fez isso até Salin o empurrar, extremamente constrangido.
— Você melhorou muito… Do seu jeito.
Jun-Ho sorriu, também estava orgulhoso.
A forma como Salin tomava a iniciativa não o incomodava, ao contrário, ele desejava tanto poder retribuir. Ele estava aliviado; seu corpo estava realmente agindo melhor aos toques de Salin. Mesmo que ainda houvesse um limite, Jun-Ho sentia-se cada vez mais confortável.
— Isso porque você é o único que consegue me fazer tão bem.
— Aaah, já estava esquecendo dessas suas frases melosas.
— Vamos fazer um mês, Salin.
Os olhos do mais velho se direcionaram aos de Jun-Ho.
Um mês desde que aceitou esse acordo de noivado.
— Deveríamos sair para jantar?
— Não. Acabei de chegar, quis te ver imediatamente. Nem fui ver meu pai. A essa altura, todos sabem. Eu só quero ficar com você agora. — Ele disse.
— Bom, então vá tomar um banho.
— Sim. — Respondeu, afastando-se do mais velho.
Jun-Ho tem o hábito de tomar banho constantemente e excessivamente. Sabendo disso, Salin costuma mandar ele tomar banho para que Jun-Ho fique confortável ao fazer isso.
Salin se jogou no sofá. Tinha que admitir para si mesmo que estava feliz com a volta de Jun-Ho.
Mesmo que isso significasse viver uma maratona a cada dia.
Ele só precisava passar por mais quatro meses.