Narrado por Velka
A névoa branca dele ainda pairava no ar. Quente. Cortante. Como se o próprio mundo estivesse rejeitando sua presença — ou se curvando a ela.
— Ele não é o mesmo... — disse Seth, ajoelhado no chão onde Akira havia parado. — Mas ainda é o nosso amigo. Ele tá lá. Em algum lugar.
— Está? — perguntei, sem conseguir esconder a dor na minha voz. — Porque o que eu vi ali não foi o Akira que lutava ao nosso lado... Foi alguém que olhou pra mim e viu nada.
Ryujin se aproximou em silêncio. Seu rosto estava fechado como pedra, mas havia tristeza nos olhos.
— O poder que ele desperta é... monstruoso. Algo que nem Caos pôde controlar por completo. — Ele olhou para o céu, como se esperasse uma resposta dos deuses. — Mas Akira ainda é humano. Ainda sente. O que ele precisa agora não é de julgamento. É de um motivo.
— E se ele não quiser um? — perguntei.
— Então vamos dar um pra ele — disse Seth, com convicção. — A gente vai trazer ele de volta. Nem que seja com socos.
Horas depois, algo estremeceu no mundo.
Na região esquecida de Teryan, o solo queimou.
Um altar de pedra coberto por sangue antigo começou a brilhar em vermelho. Símbolos da Seita do Fim Branco tremeluziram. Um novo Guardião do Selo caiu de joelhos, o peito aberto por uma lança invisível.
O segundo selo... estava prestes a se romper.
E dessa vez, não haveria misericórdia.