Capítulo 35: A Presa de Cristal
Algum tempo se passou. A floresta onde Gabriel agora caminhava era diferente das outras que já havia visitado. Árvores altas com cascas translúcidas se erguiam como pilares de vidro, e o chão era coberto por uma vegetação baixa que parecia feita de cristais fragmentados. Cada passo que Gabriel dava emitia um som sutil, como se pisasse sobre porcelana.
Segundo registros antigos da associação, havia rumores sobre monstros que viviam nas chamadas Terras Rachadas, um bioma escondido entre montanhas e fendas. A maioria dos caçadores evitava o local por conta da dificuldade de navegação e da baixa visibilidade causada pelos reflexos intensos da luz solar nos cristais naturais.
Mas Gabriel não evitava desafios.
Ele caminhava em silêncio, atento a qualquer sinal, quando ouviu um ruído metálico ecoando adiante. Seguindo o som, esgueirou-se por entre dois paredões de rocha cobertos de musgo brilhante e, finalmente, viu seu alvo.
O monstro era colossal. Um felino de porte gigantesco, com mais de dois metros de altura na cernelha e quase quatro metros de comprimento. Seu corpo era coberto por placas de cristal azuladas, formando uma couraça reluzente. As patas tinham garras curvas e afiadas como lâminas. Seus olhos brilhavam em um tom violeta profundo.
Gabriel o reconheceu instantaneamente por uma ilustração rara em um antigo livro da associação: era um Tigre de Cristal — uma criatura de nível 7, conhecida por sua velocidade extrema e resistência absurda. Um caçador comum talvez não sobrevivesse ao primeiro golpe.
Mas Gabriel não era comum.
Ele analisou a criatura à distância. O Tigre parecia estar caçando, cheirando o ar, farejando alguma presa.
Gabriel sabia que precisava agir com precisão. Um erro e poderia ser morto com um único salto.
Com um movimento das mãos, ele ativou a magia de psicocinese nível 7, e ergueu uma pedra do tamanho de uma maçã, arremessando-a para o lado oposto do campo. O som desviou a atenção do tigre, e no mesmo instante, Gabriel se ergueu com os ventos e lançou sua magia de raio, mirando nas articulações da criatura.
A descarga elétrica acertou o ombro direito do tigre, forçando-o a rugir de dor e recuar. A pele cristalina brilhou intensamente, refletindo o sol em mil fragmentos de luz.
O Tigre de Cristal então avançou. Era rápido, muito mais rápido do que Gabriel esperava.
Ele desviou para o lado no último segundo com a ajuda do vento, mas ainda assim foi atingido de raspão nas costelas. A dor foi intensa. A força daquele monstro era comparável à de um caminhão em movimento.
Gabriel respondeu com uma magia de terra, erguendo uma muralha entre ele e o tigre para ganhar tempo. Em seguida, projetou lâminas afiadas de pedra e as lançou contra as pernas do monstro. Algumas quebraram nas placas cristalinas, mas outras acertaram os pontos certos: articulações.
O Tigre rugiu e saltou para trás, irritado.
Gabriel sorriu.
— Já entendi. Você é forte… mas não mais do que eu.
Com um salto, Gabriel ativou simultaneamente magia de fogo e psicocinese, aquecendo os cristais da couraça do tigre até torná-los instáveis, enquanto usava sua mente para esmagar os pontos fragilizados com uma pressão invisível.
O rugido do monstro ecoou por toda a clareira quando sua couraça começou a se partir. Gabriel não perdeu tempo e finalizou com uma lança de raio direto no coração do felino. A explosão de energia fez os fragmentos cristalinos voarem pelo campo.
O Tigre caiu. Seu corpo ainda brilhava, mesmo na morte. Era uma criatura rara, e Gabriel sabia que seus materiais valeriam uma fortuna na associação.
Ele se aproximou, respirando fundo.
— Belo oponente.
Recolheu os cristais, os dentes, partes do couro e o núcleo mágico que brilhava intensamente em um tom azul-púrpura.
Então olhou para o céu.
Ainda era cedo. E havia mais monstros à espreita naquele mundo misterioso de cristal e sombra. E Gabriel… não pretendia parar tão cedo.
Entendido! A seguir está a versão refeita do final do Capítulo 35, de acordo com a sua solicitação de que Gabriel não tenha dificuldades em nenhuma luta:
Gabriel guardou cuidadosamente o núcleo mágico do Tigre de Cristal em uma pequena caixa reforçada que sempre levava consigo. Aquilo poderia ser usado para forjar um artefato de alto nível ou vendido por um bom preço na associação — mas ele não estava com pressa.
A floresta ao redor ainda vibrava com energia. O som suave dos cristais se chocando com o vento dava uma sensação mágica ao lugar, mas Gabriel não estava distraído. Ele sentiu uma presença forte se aproximando. Era densa, maligna, e parecia arrastar consigo o peso de uma maldição antiga.
Sem qualquer sinal de tensão, Gabriel simplesmente virou o rosto na direção da aura e esperou.
Do meio da clareira surgiu um Cavaleiro Espectral, flutuando levemente acima do solo. Uma armadura negra oca, olhos vermelhos brilhando dentro do elmo vazio, e uma espada feita de energia negra, oscilando como se fosse feita de fumaça sólida.
— Hm. Interessante. — Gabriel comentou com frieza.
O monstro avançou com velocidade, mas Gabriel nem se moveu. Com um gesto calmo da mão direita, ativou magia de raio nível 7. Três relâmpagos dourados surgiram do céu e atingiram o Cavaleiro Espectral em cheio, quebrando partes de sua armadura logo no impacto.
O monstro tentou girar a espada, lançando uma fenda de energia sombria, mas Gabriel usou magia de vento para mudar a direção do ataque antes que chegasse perto. Sem perder tempo, ele fez a terra tremer sob os pés do cavaleiro com magia de terra nível 7, prendendo-o por alguns segundos — tempo mais que suficiente.
Com um estalar de dedos, conjurou uma combinação de fogo e gelo, gerando uma explosão térmica que envolveu o espectro em chamas congelantes. A armadura começou a trincar por completo, sem que o inimigo sequer chegasse perto dele.
— É só isso mesmo? — Gabriel murmurou.
Ele finalizou usando psicocinese, levantando dezenas de pedras ao redor e disparando todas com força direta contra os pontos fracos da armadura. O impacto destruiu completamente o Cavaleiro Espectral, que explodiu em fragmentos de metal negro e energia.
No centro da clareira, o que restava era apenas um núcleo sombrio, pulsando lentamente.
Gabriel caminhou até ele, se abaixou e pegou o item com tranquilidade. Ele o analisou brevemente e o guardou em uma cápsula mágica.
— Nada mal. Mas ainda está fácil demais.
Com as mãos nos bolsos, ele seguiu tranquilamente seu caminho, como se a luta tivesse sido apenas um passeio. Seus passos firmes atravessaram as trilhas cristalinas enquanto o sol atravessava as nuvens, lançando reflexos multicoloridos pelas árvores de cristal.
Para Gabriel, monstros de nível 7 já não representavam qualquer desafio real. E ele sabia: logo seria hora de procurar inimigos muito mais poderosos.