Capitulo 28 O amor que não pede licença

Ele apareceu sem avisar.

Batiam à porta do meu apartamento em Lisboa quando o dia ainda nem tinha acordado por completo. A cidade mal respirava. E ali estava ele, Jonas, com o rosto cansado, olhos fundos e uma mala pequena na mão.

— Precisei vir — disse, como se isso explicasse tudo.

Fiquei parada, sentindo o coração dividido entre raiva e memória.

— Não tinhas o direito.

— Eu sei — respondeu.

Deixei que entrasse. Não por perdão. Mas por necessidade de encarar, de uma vez por todas, o que restava entre nós.

Ele sentou-se na beira do sofá. Não tocou em nada. Não tentou se aproximar.

— Eu devia ter sido homem o suficiente para encarar o passado... e para te contar tudo antes. Mas agora sei que nem sei o que sou sem ti.

— Então vieste me pedir o quê, Jonas? Uma chance?

Ele me olhou, firme.

— Não. Não vim pedir. Vim te dizer que quero... mas só se também for tua vontade. Que estou disposto a voltar, não ao que éramos, mas ao que possamos ser. E quero conhecer a Sofia. A menina que eu deixei e que tu tiveste coragem de ouvir.

A menção ao nome dela me desmontou.

Porque era sincera.

E pela primeira vez, ele não vinha esconder.

Vinha admitir.

Passámos a manhã inteira conversando. Sem acusações. Sem promessas exageradas. Pela primeira vez, dois adultos com cicatrizes visíveis.

Ele contou que andava em terapia. Que havia escrito uma carta para Sofia, mas ainda não tinha coragem de enviar.

— Não quero invadir a vida dela de novo.

— Mas talvez ela queira que tu a peças permissão — respondi.

Ele assentiu.

E então disse:

— E contigo, Isabel? Ainda existe espaço?

Essa foi a pergunta que me perseguiu o resto do dia.

À noite, sentei-me com Lara por videochamada. Ela me ouviu, olhos atentos, como sempre fazia.

— Estás com medo de perdoar?

— Não. Estou com medo de me abandonar outra vez. De repetir a história da mamã, que se deu inteira mesmo quando não era correspondida.

Lara sorriu, com ternura.

— Mas tu não és a tua mãe. Tu sabes parar. E sabes também quando alguém começa a caminhar ao teu lado

Batiam à porta do meu apartamento em Lisboa quando o dia ainda nem tinha acordado por completo. A cidade mal respirava. E ali estava ele, Jonas, com o rosto cansado, olhos fundos e uma mala pequena na mão.

— Precisei vir — disse, como se isso explicasse tudo.

Fiquei parada, sentindo o coração dividido entre raiva e memória.

— Não tinhas o direito.

— Eu sei — respondeu.

Deixei que entrasse. Não por perdão. Mas por necessidade de encarar, de uma vez por todas, o que restava entre nós.

Ele sentou-se na beira do sofá. Não tocou em nada. Não tentou se aproximar.

— Eu devia ter sido homem o suficiente para encarar o passado... e para te contar tudo antes. Mas agora sei que nem sei o que sou sem ti.

— Então vieste me pedir o quê, Jonas? Uma chance?

Ele me olhou, firme.

— Não. Não vim pedir. Vim te dizer que quero... mas só se também for tua vontade. Que estou disposto a voltar, não ao que éramos, mas ao que possamos ser. E quero conhecer a Sofia. A menina que eu deixei e que tu tiveste coragem de ouvir.

A menção ao nome dela me desmontou.

Porque era sincera.

E pela primeira vez, ele não vinha esconder.

Vinha admitir.

Passámos a manhã inteira conversando. Sem acusações. Sem promessas exageradas. Pela primeira vez, dois adultos com cicatrizes visíveis.

Ele contou que andava em terapia. Que havia escrito uma carta para Sofia, mas ainda não tinha coragem de enviar.

— Não quero invadir a vida dela de novo.

— Mas talvez ela queira que tu a peças permissão — respondi.

Ele

Ele apareceu sem avisar.

Batiam à porta do meu apartamento em Lisboa quando o dia ainda nem tinha acordado por completo. A cidade mal respirava. E ali estava ele, Jonas, com o rosto cansado, olhos fundos e uma mala pequena na mão.

— Precisei vir — disse, como se isso explicasse tudo.

Fiquei parada, sentindo o coração dividido entre raiva e memória.

— Não tinhas o direito.

— Eu sei — respondeu.

Deixei que entrasse. Não por perdão. Mas por necessidade de encarar, de uma vez por todas, o que restava entre nós.

Ele sentou-se na beira do sofá. Não tocou em nada. Não tentou se aproximar.

— Eu devia ter sido homem o suficiente para encarar o passado... e para te contar tudo antes. Mas agora sei que nem sei o que sou sem ti.

— Então vieste me pedir o quê, Jonas? Uma chance?

Ele me olhou, firme.

— Não. Não vim pedir. Vim te dizer que quero... mas só se também for tua vontade. Que estou disposto a voltar, não ao que éramos, mas ao que possamos ser. E quero conhecer a Sofia. A menina que eu deixei e que tu tiveste coragem de ouvir.

A menção ao nome dela me desmontou.

Porque era sincera.

E pela primeira vez, ele não vinha esconder.

Vinha admitir.

Passámos a manhã inteira conversando. Sem acusações. Sem promessas exageradas. Pela primeira vez, dois adultos com cicatrizes visíveis.

Ele contou que andava em terapia. Que havia escrito uma carta para Sofia, mas ainda não tinha coragem de enviar.

— Não quero invadir a vida dela de novo.

— Mas talvez ela queira que tu a peças permissão — respondi.

Ele assentiu.

E então disse:

— E contigo, Isabel? Ainda existe espaço?

Essa foi a pergunta que me perseguiu o resto do dia.

À noite, sentei-me com Lara por videochamada. Ela me ouviu, olhos atentos, como sempre fazia.

— Estás com medo de perdoar?

— Não. Estou com medo de me abandonar outra vez. De repetir a história da mamã, que se deu inteira mesmo quando não era correspondida.

Lara sorriu, com ternura.

— Mas tu não és a tua mãe. Tu sabes parar. E sabes também quando alguém começa a caminhar ao teu lado

Excelente. No Capítulo 28, Isabel enfrentará um dos dilemas mais profundos da narrativa: até onde o amor pode ir sem se tornar submissão? Jonas volta, mas dessa vez, não pede desculpas — ele traz uma proposta. E Isabel terá de decidir se amar significa reconstruir... ou saber parar.

Capítulo 28: O Amor Que Não Pede Licença

Ele apareceu sem avisar.

Batiam à porta do meu apartamento em Lisboa quando o dia ainda nem tinha acordado por completo. A cidade mal respirava. E ali estava ele, Jonas, com o rosto cansado, olhos fundos e uma mala pequena na mão.

— Precisei vir — disse, como se isso explicasse tudo.

Fiquei parada, sentindo o coração dividido entre raiva e memória.

— Não tinhas o direito.

— Eu sei — respondeu.

Deixei que entrasse. Não por perdão. Mas por necessidade de encarar, de uma vez por todas, o que restava entre nós.

Ele sentou-se na beira do sofá. Não tocou em nada. Não tentou se aproximar.

— Eu devia ter sido homem o suficiente para encarar o passado... e para te contar tudo antes. Mas agora sei que nem sei o que sou sem ti.

— Então vieste me pedir o quê, Jonas? Uma chance?

Ele me olhou, firme.

— Não. Não vim pedir. Vim te dizer que quero... mas só se também for tua vontade. Que estou disposto a voltar, não ao que éramos, mas ao que possamos ser. E quero conhecer a Sofia. A menina que eu deixei e que tu tiveste coragem de ouvir.

A menção ao nome dela me desmontou.

Porque era sincera.

E pela primeira vez, ele não vinha esconder.

Vinha admitir.

Passámos a manhã inteira conversando. Sem acusações. Sem promessas exageradas. Pela primeira vez, dois adultos com cicatrizes visíveis.

Ele contou que andava em terapia. Que havia escrito uma carta para Sofia, mas ainda não tinha coragem de enviar.

— Não quero invadir a vida dela de novo.

— Mas talvez ela queira que tu a peças permissão — respondi.

Ele assentiu.

E então disse:

— E contigo, Isabel? Ainda existe espaço?

Essa foi a pergunta que me perseguiu o resto do dia.

À noite, sentei-me com Lara por videochamada. Ela me ouviu, olhos atentos, como sempre fazia.

— Estás com medo de perdoar?

— Não. Estou com medo de me abandonar outra vez. De repetir a história da mamã, que se deu inteira mesmo quando não era correspondida.

Lara sorriu, com ternura.

— Mas tu não és a tua mãe. Tu sabes parar. E sabes também quando alguém começa a caminhar ao teu lado de verdade.

Fechei os olhos. Respirei fundo.

Talvez o amor maduro não seja feito de certezas.

Mas de perguntas que a gente decide enfrentar junto.

Na manhã seguinte, convidei Jonas para um café.

Sentei-me à sua frente. E, sem rodeios, disse:

— Se queres ficar, ficas. Mas só se fores capaz de me amar sem tentar me salvar. Eu já me salvei. O que eu quero agora é alguém que me acompanhe. Que não me pese. Nem me esconda.

Ele assentiu.

— Então caminhamos?

— Caminhamos. Mas desta vez, com os olhos abertos. Um passo de cada vez.

No caderno da mamã, escrevi:

"O amor mais verdadeiro é o que não pede licença para entrar, mas que, quando entra, tem coragem de tirar os sapatos. Porque sabe que o chão onde pisa já foi ferida."

E assim recomeçamos.

Não do início.

Mas do ponto exato onde tudo quase se perdeu.

E foi ali... que tudo começou a se tornar real.