Capítulo 5

Capítulo 5 — A Primeira Jogada da Princesa

Eu não dormi naquela noite.

As fotos, os posts, as hashtags...

Cada notificação era uma punhalada no que restava da minha paz.

#PrincesaFujona estava em primeiro nos trending topics.

Milhares de brasileiros comentavam, julgavam, criavam versões da história.

Mentiras ganhavam curtidas mais rápido do que eu conseguia respirar.

Mas no meio do caos, uma coisa ficou clara pra mim:

Se eu não contasse minha versão, outra pessoa contaria por mim.

Na manhã seguinte, vesti meu vestido verde esmeralda — simples, mas elegante. Cabelos soltos e maquiagem leve.

Eu não era mais a menina assustada do convento.

Eu era Isabela de Bragança. E era hora de agir como tal.

Rafael entrou na sala já falando:

— Precisamos de um pronunciamento oficial, controlado, com os advogados presentes…

— Não. — Minha voz cortou firme. Ele congelou, surpreso. Eu respirei fundo e continuei: — Eu mesma vou falar. Ao vivo. Sem cortes.

— Isso é muito arriscado…

— Mais arriscado é deixar continuarem falando por mim.

Antes que ele pudesse retrucar, Henrique apareceu encostado na porta.

A camisa social dobrada nos antebraços, os olhos fixos em mim — com admiração descarada.

— Finalmente… a princesa acordou. — Ele sorriu de canto.

Eu mantive o olhar firme. Eu estava pronta.

**

Uma hora depois, sentei diante de um celular no salão principal do palácio. A live começou.

200, 500, 1000, 8000 pessoas…

Os números subiam como foguete.

Respirei e encarei a câmera.

Meu nome é Isabela de Bragança. — Minha voz saiu firme, clara. — E estou aqui para dizer a verdade.

Nos minutos seguintes, eu contei sobre o decreto internacional, sobre as terras, sobre a ameaça estrangeira.

Sem script. Só sinceridade.

— Eu nunca quis esse trono — confessei. — Eu fui criada longe dessa realidade. Mas se proteger essas terras significa proteger a história do Brasil… então eu não vou fugir. Eu vou lutar.

No chat, emojis explodiam.

Rainha!

Agora sim!

Fala tudo, princesa!

Quando a live terminou, Rafael me encarava boquiaberto.

Henrique se aproximou devagar.

Eu ainda sentia o coração acelerado, as mãos frias… mas o olhar dele me ancorava.

— Você foi brilhante — ele disse, baixo.

— Eu precisei ser. — Sorri de canto, tentando disfarçar o quanto aquele elogio me afetava.

Ele chegou mais perto, quase encostando.

O calor dele era palpável, o perfume amadeirado suave.

O olhar escuro dele mergulhou no meu.

— Você não faz ideia do quanto me atrai assim… quando luta, quando comanda.

Meu coração disparou.

A tensão entre nós era elétrica.

Eu podia sentir… ele estava a um centímetro de mim.

Bastava eu ceder um pouco…

Mas antes que algo acontecesse, a campainha do palácio ecoou forte.

Rafael atendeu, mas a voz dele ficou tensa.

— Isabela… você precisa ver isso.

No saguão, um homem aguardava.

Terno preto, pasta na mão, olhar frio.

Ele se apresentou com um sorriso sem alma.

— Bom dia, Alteza. Meu nome é Gustavo Rocha. Represento os interesses… internacionais.

Henrique ficou rígido ao meu lado.

Eu apenas ergui o queixo, sem desviar o olhar.

A princesa frágil tinha morrido.

Agora era a vez da estrategista reinar.