Capítulo 7 — Beijos São Segredos Difíceis de Esconder
Desde aquele beijo, tudo mudou.
Não era só o toque. Nem só o gosto dele nos meus lábios.
Era a sensação de que, de agora em diante, qualquer movimento nosso podia ser visto.
Descoberto.
Proibido.
Henrique e eu nos tornamos mestres em desviar olhares, trocar mensagens com códigos e nos esbarrar nos corredores como se fosse por acaso.
Mas era impossível esconder o brilho nos olhos.
Ou o sorriso bobo depois que ele sussurrava algo só pra mim.
E as pessoas começaram a notar.
Primeiro, foi Beatriz — minha assistente pessoal, que sempre me ajudava com roupas e maquiagem. Ela arqueou uma sobrancelha enquanto arrumava meu cabelo.
— Está com o olhar de quem dorme sorrindo… ou quem anda sonhando acordada.
Fingi não entender. Ela riu, como quem já sabia.
Depois, Rafael.
Ele entrou na sala de reuniões com a expressão carregada, jogou um tablet na mesa.
— A imprensa anda especulando coisas. — Falou seco. — Aparentemente, alguém viu você e Henrique… no jardim. À noite. Sozinhos.
Meu coração travou.
— Eles têm provas?
— Não ainda. Mas basta um clique pra tudo desmoronar. — Ele me encarou com sinceridade. — Eu sei que você é jovem. Sei que é difícil viver sob holofotes. Mas… isso pode custar caro, Isabela.
Henrique entrou logo depois, parecendo já saber da tensão.
— A culpa é minha — ele disse. — Se tiver que vazar algo, que seja sobre mim.
Rafael soltou um riso sem humor.
— Bonito discurso. Mas se isso vaza… não vai ser só você. Vai respingar nela. No povo. No país.
Ficamos em silêncio.
O peso era real.
Mas no fundo, eu sabia: não me arrependo daquele beijo. Nem do segundo. Nem do terceiro.
Naquela noite, me encontrei com Henrique de novo — escondidos na biblioteca antiga do palácio. Livros por toda parte. Luz baixa. Silêncio absoluto.
— Acha que vão nos separar? — perguntei, sentando no chão entre estantes.
Henrique se sentou ao meu lado.
Ele pegou minha mão.
— Só se a gente deixar.
— E se for perigoso?
Ele sorriu de leve.
— A vida toda é perigosa. Mas com você… vale o risco.
Me apoiei no ombro dele.
O mundo lá fora podia queimar. Mas ali, no meio de livros empoeirados e promessas silenciosas, a gente era só dois corações tentando bater no mesmo ritmo.
Mas o destino é cruel.
Quando voltei pro quarto, havia um envelope sobre minha cama. Sem remetente.
Dentro, uma única foto impressa.
Eu e Henrique. No jardim. Se beijando.
E uma frase escrita à mão:
“Nem toda princesa merece um final feliz.”