Sarah
A noite do baile de caridade chega, e eu sou uma visão em um vestido verde-esmeralda cintilante que se agarra às minhas curvas como uma segunda pele. Meu cabelo ruivo cai em ondas suaves ao redor do meu rosto, e meus lábios estão pintados com um tom ousado de vermelho. Nem sempre tenho 100% de confiança na minha aparência, mas hoje à noite, me sinto ótima.
Papai me acompanha até o salão de baile, e sinto os olhares da multidão se voltarem para nós.
Mas há apenas um par de olhos que me importa esta noite.
Examino o salão, meu coração acelerando em antecipação. E então, eu o vejo.
Matthew está em pé perto do bar, sua figura alta impecavelmente vestida em um smoking sob medida. Ele está conversando com um grupo de homens, sua expressão séria, sua postura imponente. Mesmo do outro lado do salão, sua presença é magnética.
Respiro fundo, endireitando os ombros. É hora do show.
Olho para meu pai e sorrio. "Se importa se eu te deixar para circular?"
Ele sorri de volta para mim com admiração. "Claro que não me importo, querida. Você não precisa do seu velho pai te seguindo por aí. Vá em frente e divirta-se."
"Obrigada," digo e lhe dou um beijo na bochecha antes de me dirigir para Matthew.
Ao me aproximar, capto fragmentos de sua conversa. Ele está discutindo as últimas projeções financeiras da empresa.
Bom. Deixe que vejam como ele é brilhante. Deixe que vejam o homem que escolhi.
Paro a alguns metros de distância, esperando por uma pausa na conversa. Quando ela surge, dou um passo à frente, com um sorriso deslumbrante nos lábios.
"Matthew," digo, minha voz um ronronar. "Estou tão feliz que você pôde vir esta noite."
Matthew se vira, seus olhos escuros encontrando os meus. Por um momento, vejo um lampejo de surpresa em seu olhar, rapidamente substituído por uma avaliação fria. Seus olhos me percorrem, observando minha aparência, e sinto um arrepio de triunfo ao ver a sutil apreciação em seu olhar.
"Senhorita Wilson," ele diz, inclinando a cabeça. "Você está adorável esta noite."
"Obrigada," respondo, meu sorriso se alargando. "Eu estava esperando poder roubá-lo por um momento? Há algo que eu gostaria de discutir."
Os homens ao nosso redor trocam olhares, alguns deles sorrindo maliciosamente. Eu os ignoro, mantendo meus olhos em Matthew.
Ele hesita por um instante, então acena com a cabeça. "Claro. Com licença, senhores."
Eu o conduzo para longe do grupo, em direção a um canto mais tranquilo do salão de baile. Meu coração dispara ao sentir o calor de sua presença atrás de mim, o sutil aroma de sua colônia provocando meus sentidos.
Quando estamos sozinhos, viro-me para encará-lo, olhando para ele através dos meus cílios. "Eu queria agradecer por ter tirado um tempo para se encontrar comigo no outro dia. Sei que você é muito ocupado."
"Não é problema," ele diz, sua expressão cautelosa. "Embora deva admitir, ainda não tenho certeza do que você precisa discutir comigo, Senhorita Wilson."
"Por favor, me chame de Sarah," lembro-o rapidamente.
"Isso não seria apropriado, Senhorita Wilson," ele diz secamente.
Sua formalidade dói, mas me recuso a deixar que isso me abata. Esta era uma missão.
Aproximo-me, meus olhos nunca deixando os dele. "Eu não me importo e sei que meu pai também não se importará, Matthew. Mas prefiro que sejamos amigos para que eu possa aprender com você. Quero estar preparada para meu papel na empresa."
"E você acredita que eu sou a melhor pessoa para ensiná-la?" Há um desafio em seu tom, uma corrente subjacente de ceticismo.
Ergo o queixo, encarando-o diretamente. "Sim. Papai disse que você é talentoso e confiável."
Algo brilha em seus olhos, desaparecendo rápido demais para que eu entenda. "Entendo," ele diz.
Meu Deus... o que preciso fazer para abri-lo mais?
Dou mais um passo à frente, tão perto que posso sentir o calor irradiando de seu corpo. O cheiro de sua colônia é inebriante, fazendo minha cabeça girar. Tenho que lutar contra a vontade de estender a mão e tocá-lo.
"Matthew," digo suavemente, minha voz quase um sussurro. "Sei que acabamos de nos conhecer, mas sinto que há uma conexão entre nós. Você não sente também?"
Seu maxilar se contrai, seus olhos penetrando nos meus com uma intensidade que me faz prender a respiração. Por um momento, acho que vejo um lampejo de algo em seu olhar - desejo, talvez? Mas desaparece tão rapidamente quanto surgiu, substituído por aquela expressão fria e ilegível.
"Senhorita Wilson," ele diz, sua voz baixa e controlada. "Acho que você pode estar interpretando mal a situação. Sou funcionário do seu pai, nada mais."
Suas palavras são como um tapa na cara, mas me recuso a deixar que me dissuadam. Sei o que quero, e sempre consigo o que quero.
Estendo a mão, colocando-a em seu braço. O tecido de seu smoking é suave sob meus dedos. "Mas poderia ser mais," murmuro, olhando para ele através dos meus cílios. "Poderíamos ser tão bons juntos, Matthew. Você não consegue ver isso?"
Ele olha fixamente para minha mão em seu braço, sua expressão ilegível. Então, lentamente, ele ergue a mão e remove a minha, seus dedos envolvendo meu pulso. Seu toque envia uma descarga elétrica através de mim.
"Estou vendo outra pessoa," ele diz baixinho.
Pisquei, suas palavras me atingindo como um golpe físico. "O quê?"
Matthew solta meu pulso, recuando um passo. "Eu tenho uma namorada, Senhorita Wilson. Não estou disponível para o que quer que você esteja propondo."
Um rubor quente de raiva e humilhação sobe às minhas bochechas. Como ele ousa me rejeitar? Ele não sabe quem eu sou?
"Quem é ela?" exijo, minha voz se elevando. "Aquela loira que vi com você no escritório?"
Seus olhos se estreitam. "Minha vida pessoal não é da sua conta."
"É sim, se interfere com o que eu quero," disparo, minhas mãos se fechando em punhos ao meu lado.
A expressão de Matthew endurece, seus olhos se tornando gelo. "Deixe-me ser muito claro, Senhorita Wilson. Não existe 'nós'. Nunca existirá. Sugiro que você concentre sua atenção em outro lugar."
Com isso, ele gira sobre os calcanhares e se afasta a passos largos, desaparecendo na multidão.
Fico ali, tremendo de raiva e constrangimento.
Não... não vou desistir ainda, decido. Vou roubá-lo dela se for preciso.
Mal sabia eu que persegui-lo daquela maneira seria o maior erro da minha vida.