Encontro Fofo?

Sarah

Um ano atrás...

Eu entro direto no saguão da Wilson Pharma, segurando a caixa com o sanduíche de peru favorito do meu pai.

"Boa tarde, Senhorita Wilson," a recepcionista canta com uma alegria ensaiada.

Ofereço um sorriso distraído. "Oi Donna. Meu pai está no escritório dele?"

"Está sim. Quer que eu avise que você está aqui?"

"Não precisa," digo, já me dirigindo aos elevadores. "Vou fazer uma surpresa."

Donna acena com a cabeça e olha para seus papéis. Ela sabe que não adianta argumentar. Eu tenho livre acesso à empresa do meu pai. Afinal, espera-se que eu a assuma quando meu pai falecer.

Mas assim que chego ao escritório do meu pai, congelo na porta, com a respiração presa na garganta.

Um homem está de pé junto à janela, sua silhueta alta recortada contra o horizonte da cidade. Mesmo de costas, a largura de seus ombros e a postura confiante fazem meu pulso acelerar.

Quem é esse homem? Nunca o vi antes.

Como se sentisse minha presença, ele se vira. Nossos olhares se encontram e, por um momento, o mundo fica embaçado.

Meu Deus, ele é lindo. Devastadoramente lindo.

Aqueles olhos escuros e pensativos que parecem me atravessar. O ângulo acentuado de sua mandíbula, suavizado por apenas um toque de barba por fazer. Seus lábios cheios, atualmente pressionados em uma linha dura que fala de uma intensidade mal contida.

Quero passar meus dedos por seu cabelo escuro e espesso. Traçar as linhas fortes de seu rosto. Sentir o calor de sua pele sob minhas palmas.

A voz do meu pai me traz de volta à realidade. "Sarah! Que surpresa adorável."

Desvio o olhar do homem, colocando um sorriso radiante. "Oi, Papai. Trouxe seu almoço."

Enquanto me aproximo da mesa do meu pai, estou hiper-consciente da presença do homem. Tento agir naturalmente, esperando que ele não possa ouvir meu coração batendo contra meu peito.

"Isso é muito atencioso da sua parte, querida," diz Papai, completamente alheio ao meu tumulto interior. "Este aqui é Matthew Jameson. Ele acabou de começar como chefe do departamento financeiro."

Volto-me para Matthew, lutando para manter minha voz firme. "Ah. É um prazer conhecê-lo, Sr. Jameson."

Seus olhos se estreitam ligeiramente enquanto me observa. Quando ele fala, sua voz profunda faz meu estômago tremer. "Prazer em conhecê-la também, Senhorita Wilson."

Odeio a formalidade. Quero ouvir meu primeiro nome sair daqueles lábios lindos, mas dificilmente posso dizer isso na frente do meu pai!

Matthew limpa a garganta. "Se me derem licença, vou voltar para meu escritório agora."

Com um aceno para meu pai, Matthew passa por mim. O cheiro de sua colônia permanece, picante e masculino. Cerro os punhos, lutando contra a vontade de estender a mão e detê-lo.

Quando a porta se fecha atrás dele, solto uma respiração trêmula. Minha pele formiga quando ele passa por mim.

Eu o quero.

Deus me ajude, eu o quero mais do que já quis qualquer coisa.

Forço um sorriso para o bem do meu pai, mas minha mente está acelerada. Aquele momento em que nossos olhares se encontraram... havia algo ali. Uma faísca, uma conexão. Tenho certeza disso.

"Sarah? Você está bem?" A voz do meu pai interrompe meus pensamentos confusos.

"Ah, sim. Desculpe, só estou um pouco distraída." Eu rio, tentando parecer despreocupada. "Na verdade, estava me perguntando se o Sr. Jameson poderia me mostrar o que ele faz aqui? Eu adoraria aprender mais sobre os... hum... aspectos financeiros da empresa."

Por favor, Deus... não deixe meu pai perceber que estou caidinha pelo funcionário dele.

Papai sorri, com orgulho evidente em sua voz. "Essa é minha garota, sempre interessada. Tenho certeza que Matthew não se importaria. Deixe-me ligar para ele e dizer que você está a caminho do escritório dele."

Enquanto Papai pega o telefone, meu coração dispara.

E então, alguns minutos depois, me encontro dentro do escritório abafado de Matthew.

Fecho a porta atrás de mim e entro com confiança. Matthew está atrás de sua mesa, sua postura rígida, sua expressão indecifrável. Aqueles olhos escuros perfuram os meus, e me sinto completamente exposta sob seu intenso escrutínio.

Qual seria a expressão em seus olhos se eu estivesse na frente dele, completamente nua?

"Senhorita Wilson," ele diz, sua voz baixa e controlada. "Seu pai disse que você queria aprender sobre os aspectos financeiros da empresa."

Engulo em seco, minha boca subitamente seca. "Sim, é isso mesmo."

Ele gesticula para a cadeira em frente à sua mesa. "Por favor, sente-se."

Sento-me na cadeira e sorrio para ele. Seu comportamento frio não me incomoda. Posso quebrar essa casca dura, tenho certeza disso.

Matthew se senta, sem retribuir o sorriso. "Então, o que exatamente você quer saber?" ele pergunta.

Lambo os lábios, tentando reunir meus pensamentos dispersos. "Bem, eu... estou curiosa sobre seu papel aqui. O que significa ser o chefe de finanças?"

Um lampejo de diversão cruza seu rosto, desaparecendo tão rápido quanto surgiu. "Envolve gerenciar a saúde financeira da empresa. Orçamento, previsões, avaliação de riscos. Garantir que os números se alinhem com a estratégia geral."

Não tenho ideia do que diabos ele está falando. Estou muito concentrada no modo como seus lábios se movem, no tom profundo de sua voz, na flexão sutil de seus antebraços enquanto gesticula.

"Entendo," murmuro. "E o que fez você se interessar tanto por... hum... tudo isso?"

Ele faz uma pausa, seus olhos se estreitando ligeiramente. "Tenho talento para isso. Para ver padrões, prever resultados. Para tomar decisões difíceis quando necessário. Eu queria um trabalho no qual eu fosse bom. Esta é uma ótima empresa, então por que não?"

"Aposto que você é muito bom em conseguir o que quer," digo, tentando soar o mais suave possível.

Sua mandíbula se contrai, seus olhos escurecendo. "Sou sim. Você não parece o tipo de pessoa que se interessaria por finanças. Há algum motivo para seu interesse em aprender comigo?"

Dou de ombros. "Espera-se que eu assuma esta empresa, então pensei em começar por aqui."

Muito bem, Sarah! Elogio-me mentalmente por inventar essa ótima desculpa para ficar perto desse homem.

"Entendo," ele diz baixinho. "Bem, estou meio sobrecarregado no momento. Como novo funcionário, ainda estou trabalhando na organização de tudo, então receio que hoje não seja um bom dia para ensiná-la."

"Amanhã então!" exclamo e me levanto.

Matthew franze as sobrancelhas. "Bem, na verdade..."

"Estarei aqui amanhã," digo rapidamente e saio correndo de seu escritório antes que ele tenha chance de dizer não.

~-~

No dia seguinte, me encontro de volta ao escritório do meu pai. Mas antes que eu possa chegar ao escritório dele, avisto Matthew.

Ele está encostado em uma mesa, conversando com uma mulher loira. Ela é linda, toda pernas e dentes perfeitos. Um daqueles tipos profissionais sexy. O ciúme queima em meu peito enquanto a vejo tocar o braço dele, rindo de algo que ele disse.

Cerro os punhos, desejando que Matthew olhe para mim.

Ele não olha.

"Olhe para mim," sussurro, como se pudesse comandar sua atenção pela pura força de vontade. "Estou bem aqui."

A loira diz algo, e o rosto de Matthew suaviza. Ele quase sorri. É uma expressão que nunca vi nele, e isso me dilacera. Esse sorriso deveria ser meu.

Viro-me, incapaz de continuar assistindo. Saio do prédio e faço uma ligação freneticamente.

"Bec? Preciso de você. Agora."

Uma hora depois, estou encolhida no sofá da minha melhor amiga Rebecca, contando tudo.

"Ele mal olhou para mim, Bec. E hoje, com aquela... aquela mulher. Você deveria ter visto como ela estava se jogando para cima dele."

Os olhos de Rebecca se arregalam. "Nossa, Sarah. Você está mal mesmo, hein? Você só o conheceu uma vez, Sarah."

Aceno miseravelmente. "Eu sei disso! Mas não consigo parar de pensar nele. É como se... como se ele tivesse entrado na minha pele."

"Bem, querida, você sabe o que dizem. Os melhores sempre são um desafio." Rebecca sorri, me cutucando. "Então, qual é o plano?"

"Plano?" Pisquei para ela.

"Ah, qual é. Você é Sarah Wilson." Ela se inclina, olhos brilhando. "Você vai fazer Matthew Jameson se apaixonar perdidamente por você, não vai?"

Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto. Rebecca está certa. Não vou desistir tão facilmente.

"Sim," digo, sentando-me mais ereta.

Recosto-me nas almofadas macias do sofá de designer de Rebecca, passando os dedos pelo tecido macio. É a mesma marca que minha mãe insistiu em ter em nossa casa de verão nos Hamptons. A familiaridade do luxo me acalma, lembrando-me do meu lugar no mundo.

Eu sou Sarah Wilson, e sempre consigo o que quero.

"Por onde começamos?" reflito, batendo uma unha perfeitamente manicurada no queixo.

"Nós?" Rebecca levanta uma sobrancelha.

"Sim, nós. Você vai me ajudar a conseguir o homem dos meus sonhos. Papai sempre disse que os Wilson não esperam por oportunidades, nós as criamos."

Rebecca acena entusiasticamente. "Certo! E você nunca teve problemas para conseguir o que quer antes. Lembra daquele estágio na Vogue? Você fez acontecer."

Sorrio, lembrando como convenci Papai a fazer algumas ligações. Tinha sido tão fácil. "Você está certa, Bec. Matthew é apenas mais um objetivo a alcançar. E eu sempre alcanço meus objetivos."

"Essa é minha garota," Rebecca sorri, pegando seu tablet. "Vamos fazer um brainstorm. O que sabemos sobre Matthew?"

Fecho os olhos, imaginando sua mandíbula forte, aqueles olhos penetrantes. "Ele é gato."

Rebecca revira os olhos. "O que mais?"

"Nada," digo, suspirando.

"Sério?" Rebecca me dá um olhar de descrença. "E você acha que ele é seu homem perfeito?"

"Tenho um pressentimento," digo, dando de ombros novamente.

Rebecca balança a cabeça. "Tudo bem. O coração quer o que o coração quer, eu acho. Ah, já sei! E se organizássemos algum tipo de evento de negócios? Algo onde você possa mostrar suas conexões, impressioná-lo com sua influência?"

Um plano começa a se formar em minha mente. "A gala beneficente do Papai está chegando. Matthew estará lá, tenho certeza. É a oportunidade perfeita para mostrar a ele o que tenho a oferecer."

Os olhos de Rebecca se iluminam. "Ah, isso é brilhante! Vamos conseguir o vestido mais deslumbrante para você, garantir que você seja a bela do baile. Ele não conseguirá tirar os olhos de você."

Aceno com a cabeça, sentindo uma onda de confiança. "E uma vez que eu tenha sua atenção, vou garantir que ele veja como sou incrível. Sou exatamente o que um homem ambicioso como Matthew precisa."

"Ele seria um tolo se não visse isso," Rebecca concorda, estendendo a mão para apertar a minha. "E se ele não ver, bem... existem maneiras de fazê-lo ver."

Encontro seu olhar, vendo a lealdade feroz ali. "Você sempre me apoia, não é, Bec?"

"Sempre," ela diz com firmeza.

Um calor familiar se espalha por mim. É assim que deve ser. O mundo se curvando à minha vontade, tudo se encaixando perfeitamente.

Matthew Jameson não tem chance.