Sara
Voltando à noite de núpcias...
Estou paralisada de terror, nua e presa sob o corpo musculoso de Matthew. Seus olhos escuros me perfuram com uma intensidade que me faz arrepiar. Meu coração dispara enquanto ele abre minhas pernas com brutalidade, suas intenções claras.
"Por favor, Matthew," eu choramingo. "Não me machuque. Por favor."
Ele não responde, apenas continua me encarando com tanta raiva e nojo que me faz querer desaparecer. Tento novamente, com desespero crescente na minha voz.
"Matthew, estou implorando. Esse não é você. Não faça algo que vai se arrepender."
Uma risada áspera escapa dele. "Arrepender? A única coisa que me arrependo é ter deixado você me forçar a entrar nesse suposto casamento."
Suas palavras cortam fundo, mas ignoro a dor. Preciso alcançá-lo de alguma forma. "Sei que fiz você perder quem ama, mas isso não vai resolver nada. Por favor, apenas converse comigo."
Por um momento, vejo um lampejo de algo mais suave em seus olhos. Mas logo desaparece, substituído por aquela frieza terrível novamente.
"Não há mais nada a dizer," ele rosna.
Quando ele muda seu peso, me pressionando ainda mais contra o colchão, o pânico me domina. Isso não pode estar acontecendo. Não na minha noite de núpcias. Eu sonhei em fazer amor com ele infinitas vezes. Era uma fantasia distante agora.
"Matthew, não!" eu grito, lutando contra seu aperto de ferro. "Você está me assustando!"
Seus olhos brilham com uma fúria que nunca vi antes, escura e sem fundo. "Assustar você?" Matthew sibila, seu rosto a centímetros do meu. "Você nem começou a conhecer o medo, Sara. Não como o medo de perceber que tudo—cada maldita coisa—era uma mentira."
Eu me encolho com o veneno em sua voz, meu coração acelerado. "Sim, eu menti para conseguir o que queria, mas meus sentimentos por você não são mentiras," imploro, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Eu te amo, Matthew. Ainda amo. Por que você não me dá uma chance?"
"Amor?" Ele cospe a palavra como veneno. "Você não sabe o significado dessa palavra. Você não passa de uma garotinha mimada brincando com a vida das pessoas."
Ele não está errado sobre eu brincar com as pessoas, mas mesmo assim. Cada palavra parece uma punhalada no meu coração. Quero me defender, fazê-lo entender, mas o terror roubou minha voz.
De repente, sua mão está na minha garganta, os dedos cravando na minha pele. Eu engasgo, arranhando seu pulso enquanto ele me pressiona.
"Você achou que eu simplesmente esqueceria?" Matthew rosna, seu aperto apertando. "Achou que poderia me manipular para sempre e não sofrer as consequências?"
Luto para respirar, para falar. "Matthew... por favor..." consigo engasgar.
Mas ele está além da razão agora, consumido por sua raiva e traição. "Eu confiei em você uma vez," ele rosna. "Deixei você entrar, e você fez de mim um idiota."
Soluços sacodem meu corpo. O que eu fiz? Como chegamos aqui? Minha mente corre, procurando desesperadamente uma maneira de alcançá-lo, de parar este pesadelo antes que seja tarde demais.
"Eu... estou... tão... arrependida," consigo dizer.
Os olhos de Matthew brilham com um lampejo perigoso. "Vou mostrar a você o que é dor de verdade," ele rosna, sua voz baixa e ameaçadora.
Suas mãos se movem para meus quadris, agarrando com força suficiente para deixar hematomas. Sinto o calor de seu corpo enquanto ele se posiciona entre minhas pernas. O terror me inunda, meu coração batendo tão forte que acho que pode explodir.
"Não..." eu engasgo, ainda lutando para respirar.
Por um momento, ele hesita, e vejo um lampejo de algo—dúvida, talvez?—em seus olhos.
Não consigo conter o fluxo de lágrimas agora, meu corpo tremendo incontrolavelmente. "Por favor," imploro novamente, minhas palavras sufocadas e quebradas.
De repente, Matthew me solta, afastando-se como se tivesse sido queimado. Ele fica de pé na beira da cama, o peito arfando, os punhos cerrados ao lado do corpo.
"Você nem vale a pena," ele cospe, com nojo pingando em cada palavra. "Prefiro nunca mais tocar em ninguém do que me sujar com você."
Suas palavras me fazem encolher, e me enrolo em mim mesma, tentando desaparecer.
Sem mais uma palavra, Matthew caminha furiosamente em direção à porta. Ela bate atrás dele com tanta força que as paredes parecem tremer.
Sou deixada sozinha, nua e tremendo, o eco de sua fúria pairando no ar.
Como meus sonhos de amor se transformaram neste pesadelo?
Envolvo meus braços ao redor de mim mesma, mas nada pode me proteger da fria realidade do que acabou de acontecer—ou do que quase aconteceu.
~-~
Não sei como ou quando adormeci, mas quando abri os olhos novamente, já era manhã.
As lembranças da minha noite de núpcias voltam à tona e me forço a não começar a chorar novamente.
Piscando para conter as lágrimas, viro para o lado, esperando ver Matthew dormindo ao meu lado. Mas a cama está vazia e bem arrumada, sem sinais de ter sido usada.
Está claro que ele não passou a noite aqui comigo afinal. Um sentimento vazio se instala em meu peito quando percebo algo. Eu estava sozinha no primeiro dia do meu casamento.
E pensar que casei com o homem dos meus sonhos.
Arrasto-me para fora da cama e olho para meu vestido de noiva rasgado, amassado no chão.
Suspiro, pego-o e coloco-o de lado, sem vontade de olhar para ele.
Forço-me a tomar banho e me vestir, fazendo os movimentos como um robô.
Mas quando desço as escadas, um sentimento de pavor se instala em meu estômago. Como posso encarar Matthew depois do que aconteceu ontem à noite?
A casa está estranhamente silenciosa. Me encontro sozinha na enorme sala de estar.
Meu pai me deu esta casa como presente de casamento para que eu pudesse começar minha vida com Matthew. Mas não parece um lar agora.
De repente, uma porta bate em algum lugar. Eu pulo, meu coração saltando para a garganta. Passos se aproximam, e então Matthew está lá, parado na entrada. Ele parece abatido, com os olhos vermelhos e as roupas amarrotadas.
Por um longo momento, apenas nos encaramos, a tensão tão densa que poderia ser cortada com uma faca. Engulo em seco, tentando encontrar minha voz.
"Matthew..." começo, mas ele me interrompe com um gesto brusco.
"A princesa acordou," ele diz, com a voz áspera.
"Precisamos conversar sobre ontem à noite," digo suavemente, reunindo minha coragem.
Os ombros de Matthew ficam tensos. "Não há nada para conversar."
"Sim, há," insisto, dando um passo em sua direção. "O que aconteceu... não pode acontecer novamente. Precisamos-"
"O quê?" ele dispara, virando-se para me encarar. "Precisamos do quê, Sara? Fingir que está tudo bem? Brincar de recém-casados felizes enquanto você continua mentindo e me manipulando?"
Suas palavras são como um tapa. Eu recuo, com lágrimas ardendo nos olhos. "Não é isso que eu quero. Estou tentando consertar isso, Matthew. Quero fazer as coisas certas."
Uma risada áspera escapa dele. "Claro. Porque você tem estado tão preocupada em fazer a coisa certa até agora."
Alguém limpa a garganta, e nós dois nos viramos para olhar.
Marishka está parada na entrada, olhando para Matthew e para mim com olhos preocupados. "Queria verificar se vocês dois estão prontos para o café da manhã," ela diz.
Marishka é minha babá que me criou desde a infância. Ela não tem outra família. Embora eu também amasse minha própria mãe, Marishka tinha um lugar especial no meu coração. Por isso insisti que ela ficasse comigo mesmo depois que me mudei para minha casa de casada.
Forço um sorriso por consideração a Marishka. "Obrigada, Marishka. Estaremos lá em um momento."
Ela hesita, claramente sentindo a tensão entre Matthew e eu. Mas depois de um momento, ela acena com a cabeça e se retira, fechando a porta suavemente atrás dela.
Volto-me para Matthew, com o coração na garganta. "Vamos sentar para o café da manhã, e podemos..."
Seu maxilar se contrai. "Não, obrigado. Acho que não conseguirei manter minha comida no estômago se tiver que olhar para você enquanto como."
"Sei que o que fiz foi errado," digo, com a voz tremendo ligeiramente. "Mas fiz isso porque te amo, Matthew."
Ele zomba e começa a se afastar, mas eu estendo a mão, agarrando seu braço. "Por favor, Matthew. Apenas tome café da manhã comigo. Já estamos casados, então qual é o sentido de brigar?"
Ele arranca o braço do meu aperto, seus olhos brilhando perigosamente. "Vou sair. Não me espere em casa antes da meia-noite."
Com isso, ele sai tempestuosamente, batendo a porta atrás dele. Eu me encolho com o som.
Suspiro e caminho sozinha até a sala de estar.
Minhas pernas tremem enquanto me sento, meu coração ainda acelerado após o confronto com Matthew. Olhando fixamente para frente, tento processar tudo o que aconteceu nas últimas 24 horas.
Uma mão gentil no meu ombro me assusta, tirando-me dos meus pensamentos em espiral. Olho para cima e vejo o rosto bondoso e enrugado de Marishka, seus olhos cheios de preocupação.
"Querida, o que há de errado?" ela pergunta suavemente, sentando-se ao meu lado.
Abro a boca para responder, mas apenas um soluço engasgado escapa. Marishka me puxa para seus braços sem hesitação, embalando-me contra ela como fazia quando eu era uma garotinha. A represa dentro de mim se rompe e choro em seu ombro, meu corpo tremendo com a força dos meus soluços.
"Shh, está tudo bem," ela acalma, acariciando meu cabelo. "Diga-me o que está errado, pequena."
"Eu arruinei tudo," sussurro com a voz quebrada. "Ele me odeia, Marishka. Meu próprio marido me despreza."
Ela fica quieta por um longo momento, apenas me segurando perto. Quando finalmente fala, sua voz é gentil mas firme.
"O que você fez, Sara?" ela pergunta.