Episódio 11

Ótimo! Vamos continuar

Episódio 11 – Quando o Passado Volta

Eu não entendia nada sobre leis, contratos ou acusações formais. Mas ao ver a expressão fechada de Leonardo enquanto lia a notificação da Victoria, soube que aquilo era mais do que uma ameaça. Era guerra.

— Ela quer te expor publicamente? — perguntei, sentando no sofá da sala de estar.

Ele passou as mãos pelos cabelos, claramente irritado.

— Ela quer me destruir. Não só financeiramente. Quer me humilhar. E... você está no meio disso agora.

— Eu aguento — respondi, firme. — Já aguentei coisas piores. Posso aguentar mais uma.

Ele me olhou. Um olhar longo, como se tentasse descobrir quem eu era de verdade por trás daquela minha coragem improvisada.

— Você é mais forte do que eu imaginei — disse, com um sussurro.

— E você é menos frio do que finge ser — rebati, com um pequeno sorriso.

Foi a primeira vez que o vi sorrir de verdade. Não aquele sorriso cínico ou controlado, mas algo genuíno. Por segundos, Leonardo Vasques não era o bilionário implacável. Era só um homem... aliviado por não estar sozinho.

Naquela noite, não consegui dormir. Fiquei pensando em como tudo tinha mudado tão rápido.

Alguns dias atrás, eu era apenas uma garota lutando para salvar a mãe. Agora, estava casada com um homem que eu mal conhecia, envolvida em um processo judicial, e, por algum motivo que eu ainda não sabia explicar... sentia que meu coração estava perigosamente envolvido.

Decidi sair para respirar. Coloquei um casaco e fui até o jardim da mansão. Estava escuro, mas as luzes suaves dos postes espalhados pelo gramado davam um ar quase mágico ao lugar.

Foi quando ouvi passos atrás de mim.

— Insônia? — Leonardo perguntou, aparecendo com duas xícaras nas mãos.

— Você também não consegue dormir?

— Nem um pouco — disse, entregando-me uma xícara de chá. — Camomila. Dona Celina disse que você gosta.

Aquilo me pegou de surpresa. Ele estava prestando atenção. Em mim.

— Obrigada — murmurei.

Sentamos no banco de madeira, de frente para a piscina iluminada. O silêncio entre nós era confortável, quase íntimo.

— Você lembra do menino do carro preto? — perguntei de repente.

Ele franziu o cenho.

— Que menino?

— Quando eu tinha 10 anos, vi um garoto dentro de um carro preto, parado na frente de um cemitério. Ele estava com a testa encostada no vidro, chorando... Eu nunca esqueci aquele rosto.

Leonardo ficou em silêncio por alguns segundos.

— Meus pais morreram quando eu tinha 10 — disse ele, baixinho. — No mesmo dia. Acidente de avião. Eu fui ao enterro... fiquei no carro, sem coragem de sair.

Meu coração acelerou.

— Era você.

Ele virou para mim, surpreso.

— Você viu?

— Eu vi.

Nos encaramos por um instante que pareceu infinito.

— Talvez... — ele disse, quase num sussurro — ...a gente já estivesse destinado a se encontrar, mesmo que do jeito errado.

No dia seguinte, o advogado de Leonardo chegou cedo para discutir a estratégia contra Victoria.

— Precisamos de provas de que ela estava apenas interessada no contrato por interesse próprio. Conversas, mensagens, testemunhas… qualquer coisa.

Leonardo assentiu.

— Procure tudo. E rápido.

Enquanto isso, eu saí para visitar minha mãe. Queria vê-la antes que a guerra começasse de verdade.

Mas foi no hospital que algo inesperado aconteceu.

Enquanto caminhava pelos corredores, um homem alto, de terno escuro e olhar severo me parou.

— Isabela Ferreira?

— Sim… quem é o senhor?

Ele tirou uma pequena pasta da bolsa e me entregou um envelope lacrado.

— Isso é uma intimação. Você foi convocada a depor como parte principal do processo de difamação aberto por Victoria Bernardes.

Meu coração gelou.

— Eu?

— Como esposa atual de Leonardo Vasques, sim.

Ele foi embora sem dizer mais nada.

E ali, parada no meio do hospital, com o papel nas mãos e o medo crescendo no peito, entendi que minha vida jamais voltaria a ser a mesma.

E que o passado de Leonardo… ainda escondia segredos perigosos.