Episódio 12 – Cara a Cara com a Ex
O silêncio na sala de espera do tribunal era sufocante. As paredes cinzas pareciam me engolir enquanto eu olhava fixamente para a porta onde, em poucos minutos, eu entraria para depor… contra a ex-noiva do meu marido.
Minha barriga doía de nervoso. Eu sabia que Victoria era poderosa, influente e... cruel. Mas eu não podia recuar. Por mim. Pela minha mãe. E, por mais que eu ainda tentasse negar, por Leonardo.
Ele me olhou de canto, com uma expressão dura, mas o toque da sua mão na minha foi gentil.
— Seja firme. Não precisa dizer nada além da verdade.
— E se a verdade for pior do que ela imagina? — perguntei, tentando disfarçar o medo.
Leonardo ficou em silêncio. Mas seus olhos diziam tudo: Ela não te assusta mais do que já me destruiu.
Quando entrei na sala de audiência, meus joelhos quase fraquejaram. Victoria estava ali. Vestida impecavelmente, com um blazer branco que mais parecia uma armadura, os olhos azuis afiados como lâminas. Ela me analisou da cabeça aos pés com um desprezo silencioso que queimava.
— Senhora Vasques — disse o advogado dela, com um sorriso venenoso. — Ou devo dizer… Senhorita Ferreira?
— Sou Isabela Vasques — respondi firme. — Legalmente e por escolha.
Ele riu baixo, cínico.
— Conte-nos como exatamente a senhorita “pobre e desconhecida” acabou casada com um dos homens mais ricos do país, por acaso, no lugar de uma noiva legítima?
Respirei fundo. Era agora.
— Fui contratada pela agência para um casamento de fachada. O acordo era claro: eu me casaria com um homem desconhecido, em troca de dinheiro. Para pagar o tratamento da minha mãe.
— Então admites que se vendeu?
O juiz interveio, mas eu já tinha decidido não fugir.
— Não me vendi. Me sacrifiquei. Eu assinei o contrato acreditando que era apenas um acordo de fachada. Só descobri no altar que o homem com quem me casaria era Leonardo Vasques.
Victoria se inclinou para frente, com um olhar mortal.
— E mesmo depois de saber, decidiu continuar. Por dinheiro.
Meus olhos encontraram os de Leonardo. Ele apenas acenou, em silêncio.
— Não — respondi. — Continuei porque naquele momento… entendi que ninguém mais tinha coragem de encarar ele. E eu tinha. Eu não sou como você, Victoria.
O silêncio caiu como um trovão.
Saí da sala tremendo, mas de cabeça erguida.
Leonardo estava me esperando.
— Você foi… inacreditável — disse ele, com os olhos brilhando de orgulho.
— Ela vai nos destruir?
— Não hoje. — Ele se aproximou e, sem pensar, segurou meu rosto com ambas as mãos. — Você me protegeu... pela primeira vez em anos, alguém ficou do meu lado sem interesse nenhum.
— Não foi sem interesse — confessei. — Foi por mim. Porque se eu não me defendesse hoje... nunca mais conseguiria me olhar no espelho.
Ele sorriu. Não o sorriso frio e calculado. Mas um sorriso cheio de dor, gratidão e algo novo… ternura?
— Você é um furacão, Isabela.
— E você é um mistério — respondi, sentindo meu coração disparar.
Mas antes que qualquer coisa acontecesse, o telefone dele tocou.
Ele atendeu, e a expressão dele mudou no mesmo instante.
— O quê? Mas isso é impossível…
— O que aconteceu? — perguntei, ansiosa.
Leonardo desligou devagar, com o rosto pálido.
— Alguém invadiu a casa da sua mãe.
Meu coração parou.
— O quê?
— A enfermeira ligou. Um carro preto foi visto fugindo do local. E... deixaram um bilhete.
— Um bilhete?
Ele me mostrou a mensagem:
"Ou ela volta pra onde pertence, ou da próxima vez não vamos errar o alvo."
Meus olhos se encheram de lágrimas. Não era mais apenas sobre contratos, julgamentos ou orgulhos feridos.
Agora... era pessoal.
E alguém queria me fora da vida de Leonardo. A qualquer custo.