Episódio 13

Episódio 13 – Refúgio nos Braços do Inimigo

O carro avançava como um raio pelas ruas de São Paulo. As luzes da cidade piscavam embaçadas pela janela enquanto eu segurava com força o celular contra o peito. Minha mãe estava segura. A enfermeira confirmou. Mas o bilhete... aquele maldito bilhete ainda queimava na minha mente.

“Ou ela volta pra onde pertence, ou da próxima vez não vamos errar o alvo.”

Leonardo dirigia em silêncio. Mas seu maxilar travado e as veias saltadas em suas mãos diziam tudo. Ele estava furioso. Não comigo — mas por mim.

— Já mandei segurança reforçada pra casa da sua mãe — ele disse finalmente. — Eles não vão chegar perto dela de novo.

— Eu não devia ter me metido nisso. — Minha voz falhou. — Isso era só um contrato, Leonardo. Só um acordo...

— E agora não é mais.

Essas palavras pairaram no ar como uma confissão. Ele parou o carro diante do prédio dele e desceu. Deu a volta rapidamente e abriu minha porta, como se eu fosse de vidro.

— Vem comigo. Você não vai passar essa noite sozinha.

Por um segundo, hesitei.

Mas algo no olhar dele — algo protetor, firme, quase carinhoso — me fez ceder.

O apartamento dele era tudo o que eu imaginava de um bilionário: moderno, frio, enorme demais para uma única pessoa. Mas, por alguma razão, aquela noite, parecia acolhedor.

— Pode tomar um banho — ele disse, apontando o corredor. — Pegue o que quiser. Aqui você está segura.

Eu agradeci com um aceno tímido e fui. No espelho, me encarei. Olhos inchados. Coração aos pedaços. Mas viva.

Viva, porque um homem que eu deveria odiar… me protegeu.

Saí do banheiro usando uma camiseta larga dele. Cheirava a perfume amadeirado e a algo que só podia ser descrito como “Leonardo”. Encontrei-o na varanda, com um copo na mão e os olhos perdidos na cidade.

— Você está bem? — perguntei baixinho.

— Eu nunca estive, Isabela. Mas com você aqui… parece que posso respirar.

Aquilo não era só charme. Era verdade. Era dor.

— Quem você acha que mandou aquele bilhete? — arrisquei.

Ele virou o rosto lentamente.

— Alguém que quer me destruir. E descobriu que agora... meu ponto fraco é você.

Senti o chão sumir sob meus pés. Ele não disse com essas palavras. Mas disse. Eu era o ponto fraco dele.

— Então talvez eu devesse ir embora. Te deixar viver a vida segura e blindada que tinha antes.

Ele riu, seco.

— Antes de você, tudo era uma prisão de ouro. Agora... é um furacão. Mas eu não quero voltar pra cela.

Meu coração pulou.

Ele se aproximou, devagar. As mãos tocaram meu rosto com delicadeza. E quando nossos olhos se encontraram, não havia mais guerra, contratos, ou mentiras.

Havia desejo.

E necessidade.

Ele encostou a testa na minha.

— Não vou deixar nada acontecer com você.

— E se já aconteceu? — sussurrei. — E se eu já me perdi nesse casamento de mentira?

Ele me puxou para um abraço apertado. Pela primeira vez, não como um homem de negócios. Mas como um homem assustado... e apaixonado.

Ficamos ali, envoltos no silêncio da madrugada. Dois estranhos presos por um papel... e agora, por algo muito mais forte.

Algo que nenhum dos dois sabia como parar.

Fim do Episódio 13.