Episódio 14 – A Primeira Noite
O silêncio entre nós era denso como neblina. O abraço de Leonardo não era só quente — era urgente, como se ele tivesse esperado por aquilo mais do que por qualquer contrato, fortuna ou vitória.
Senti seu coração batendo forte contra meu peito, e por um segundo, desejei que nada existisse além daquele instante. Nem minha mãe doente. Nem ameaças. Nem o medo.
Só nós dois.
— Se você quiser... eu posso dormir no quarto de hóspedes — murmurei, tentando manter o controle.
Leonardo afastou o rosto só o suficiente para me olhar nos olhos. Seu toque em meu queixo foi leve, mas firme.
— Não. Fica. Hoje, não quero que você durma longe de mim.
Meu coração disparou. Era loucura. Era errado. Mas era... exatamente o que eu também queria.
O quarto dele era imenso, minimalista, com lençóis de cetim escuro e luzes suaves. Entrei sem dizer nada. Ele veio atrás, sem pressa. Parou atrás de mim, e eu senti seu calor. As mãos dele encontraram minha cintura, e ele sussurrou:
— Posso?
Eu apenas assenti.
Quando seus lábios tocaram meu pescoço, meu corpo reagiu com um arrepio que percorreu cada centímetro da minha pele. Era delicado, mas ao mesmo tempo havia uma intensidade silenciosa — como se cada gesto fosse cheio de algo que ele também não entendia completamente.
Ele me virou devagar, olhando direto nos meus olhos.
— Não quero que você pense que está aqui por obrigação.
— Não estou — respondi. — Estou aqui... porque essa é a primeira vez que eu me sinto vista. Mesmo por alguém que não quis me ver no começo.
Ele sorriu. Um sorriso real, quase triste.
— Eu não te vi... porque você me cegou.
E então me beijou.
Foi um beijo cheio de tensão acumulada, desejo reprimido, e uma dor escondida. Foi o tipo de beijo que fazia o mundo sumir. Que apagava o passado. Que silenciava tudo, exceto a verdade: estávamos completamente fora de controle.
Horas depois, já deitada em seus braços, com a respiração desacelerando e os lençóis cobrindo nossos corpos entrelaçados, senti algo que não ousava admitir.
Segurança.
Pertencimento.
Mas também... medo.
Porque o que sentíamos ali não era mais um jogo. Era real.
— Isabela... — ele sussurrou. — Eu não sei o que está acontecendo comigo. Mas você... me muda.
— E você me assusta — respondi, encostando minha cabeça em seu peito.
— Eu nunca quis casar — ele disse, como se confessasse um pecado.
— Eu também não — murmurei.
Silêncio.
— Mas agora... — ele continuou. — Não consigo mais imaginar você longe.
Fechei os olhos. Porque era bom demais. Porque era cedo demais. Porque, no fundo, algo me dizia que a felicidade que nasce do caos... sempre cobra um preço.
Na manhã seguinte, acordei sozinha na cama.
Um bilhete estava sobre o travesseiro.
“Fui resolver algo urgente. Não saia de casa. Te deixei com proteção.
Volto logo. — L.”
Mas no fundo do quarto, no chão, vi um envelope pardo com as iniciais "V.V." impressas em dourado.
Victoria Vasques.
Abri devagar, com as mãos tremendo.
Dentro, havia uma foto minha e da minha mãe — tirada de longe, na porta do hospital.
E uma única frase escrita à mão:
“Você tirou o que era meu. Agora eu vou tirar tudo o que é seu.”
Meu sangue gelou.
Fim do Episódio 14...