Episódio 24 – E Se For Amor?
Sabe aquela sensação de que alguma coisa mudou no ar? Que o mundo inteiro parou de respirar só pra assistir você se apaixonar… de verdade?
Foi exatamente assim naquela noite.
Leonardo apareceu na porta do meu quarto vestindo uma camisa branca com os primeiros botões abertos, calça preta justa e um perfume tão elegante que dava vontade de me perder nele. E pela primeira vez... ele não parecia o homem dos contratos. Parecia só… um homem.
— Está ocupada hoje? — ele perguntou, com aquele sorriso leve que fazia meu coração bater fora do ritmo.
— Por quê?
— Porque hoje eu quero esquecer que somos estranhos. Quero sair com você. Apenas nós dois. Sem contratos. Sem máscaras.
Fiquei parada por alguns segundos. Aquilo parecia um sonho. E era.
— Ok… me dá quinze minutos — sussurrei.
**
Ele me levou para um jantar à beira-mar. Só nós dois, numa varanda reservada, com velas, vinho e o som das ondas. Pela primeira vez desde que nos casamos, eu me senti… uma mulher desejada, não uma peça de um negócio.
Conversamos. Rimos. Ele até contou sobre a infância dele, coisa que nunca fazia.
— Quando eu era criança, fugi da escola pra construir uma “empresa” de venda de limonada. Faturei quarenta reais em um dia.
— E eu achei que você já nasceu frio e milionário — brinquei.
Ele sorriu e pegou minha mão sobre a mesa.
— Talvez você tenha me aquecido por dentro, Isabela.
Meu coração deu um salto.
— Cuidado, Leonardo. Estou perigosamente próxima de gostar disso.
— Eu quero que goste.
Aquela frase caiu sobre mim como um raio de verão.
Ficamos nos olhando por longos segundos… até ele se levantar, dar a volta na mesa e estender a mão.
— Vem. Vamos dançar. Não tem música, mas tem o mar e o seu sorriso.
Coloquei minha mão na dele. E ele me puxou pra perto, ali mesmo, debaixo da luz da lua. As mãos dele na minha cintura, o toque quente, o perfume. E os olhos… ah, os olhos dele.
— Está tudo bem se eu te beijar agora? — ele sussurrou contra minha boca.
— Está tudo bem se você nunca parar? — respondi, baixinho.
E ele me beijou.
Um beijo lento, profundo, cheio de tudo o que a gente não tinha dito até agora. Um beijo que dizia “me perdoa”, “me entende”, “me sente”.
E eu respondi com os lábios, com o corpo, com a alma.
Beijei de volta como quem beija o improvável. O impossível.
Depois do primeiro, vieram outros. Um no pescoço. Outro na bochecha. E mais um na boca. De novo. E de novo.
Rimos entre um beijo e outro. Ele me rodou no ar. Me deitou nas espreguiçadeiras de madeira cobertas por almofadas, e me olhou como se estivesse vendo o pôr do sol pela primeira vez.
— Está me apaixonando, Isabela?
— Não. Você já está — provoquei, sorrindo.
Ele mordeu o lábio e sussurrou:
— Isso é perigoso. Eu nunca amei ninguém.
— Então começa agora.
E ele começou.
Naquela noite, Leonardo não foi o bilionário. Nem o homem dos contratos. Ele foi só… meu.
E, por um momento, eu deixei meu coração esquecer de tudo. Da troca de noiva. Do orgulho. Da distância.
Ali, no som das ondas e no calor dos nossos corpos, só existia uma verdade:
Se isso não for amor… então que seja o mais lindo engano da minha vida.