EPISÓDIO 7 – Beijos, Segredos e Inimigas de Batom
Depois do festival, algo mudou. Não só na escola — em mim também. Era como se eu tivesse destravado uma versão minha que sempre existiu, mas que eu mantinha escondida por medo de… tudo.
Mas com o brilho vem a sombra.
Na segunda-feira, os olhares eram diferentes. Uns de admiração. Outros... de inveja. E eu, que só queria ser invisível, agora me tornava o assunto dos corredores.
Até que ouvi o comentário:
— Aposto que ela só ganhou destaque porque está ficando com o Léo.
Foi Camila. É claro.
Revirei os olhos, tentando ignorar. Mas Bianca foi rápida:
— Ela não precisa disso pra brilhar. Diferente de você, que precisa pisar nos outros pra se sentir alguém.
O corredor ficou em silêncio.
Camila sorriu, venenosa.
— Você se acha a defensora da novata agora?
Bianca cruzou os braços.
— Me acho alguém que sabe reconhecer quem tem talento de verdade.
Camila riu com desdém e saiu. Mas o gosto da discussão ficou no ar.
Na hora do intervalo, fui procurar Léo. Ele estava sentado sob a árvore no fundo do pátio, o lugar onde costumávamos conversar.
— Está tudo bem? — perguntei, sentando ao lado dele.
Ele olhou pra mim e sorriu. Mas não era o sorriso de sempre. Era mais contido. Quase triste.
— Ouvi o que disseram.
— Eu também. Mas não me importo.
— Devia se importar. Eles não sabem nada.
— Nem precisam. Só eu sei o que sinto.
Ele me olhou nos olhos. Um olhar cheio de camadas, como se palavras estivessem presas ali dentro.
E então, sem aviso, ele se inclinou. Devagar. Como se testasse o mundo.
Nossos lábios se tocaram. Um beijo leve. Verdadeiro. Curto, mas suficiente pra me fazer esquecer onde estávamos.
Quando nos afastamos, meu coração parecia correr uma maratona.
— Eu queria fazer isso desde o primeiro dia — ele sussurrou.
Sorri, ainda tonta.
— Eu também.
Mas, como sempre, felicidade demais assusta o universo.
Naquela tarde, uma foto apareceu no grupo da sala.
Uma imagem borrada, mas clara o suficiente: eu e Léo, nos beijando.
“Rainha dos palcos e dos beijos secretos”, dizia a legenda.
Camila tinha atacado de novo.
Meu celular explodiu de mensagens. Umas apoiando. Outras… não.
“Foi rápido demais, hein?”
“Nova e já pegando o mais gato da escola?”
“Tá achando que é quem?”
Mas também tinha:
“Lindos!”
“Finalmente!”
“Casalzão!”
No dia seguinte, o diretor pediu pra conversar comigo e com Léo.
— A escola é um ambiente de aprendizado, não de namoro escancarado — ele disse.
— Com todo respeito — eu respondi —, ninguém se escandaliza quando os populares se agarram nos corredores.
O diretor pigarreou, desconfortável.
— Mesmo assim, mantenham a descrição.
Quando saímos da sala dele, Léo me deu a mão.
— Você foi corajosa ali.
— Tô ficando boa nisso.
Mas o melhor da semana ainda estava por vir.
Bianca me chamou na hora da saída:
— Tem um segredinho sobre a Camila que talvez te interesse.
— Medo de saber.
— Não é maldade. É justiça.
Ela mostrou o print de um grupo privado onde Camila falava mal da própria “melhor amiga”, Alana. E planejava sabotar o próximo trabalho em grupo.
— Isso pode virar um caos — falei.
— Ou uma chance de mostrar quem é quem de verdade.
Na sexta-feira, no meio da aula, Bianca imprimiu os prints e deixou discretamente em cada carteira do grupo da Camila.
O resultado? Guerra declarada.
Camila foi confrontada, chorou, gritou, tentou negar… mas não havia mais volta.
E pela primeira vez, os holofotes se afastaram de mim.
Naquela noite, escrevi no meu diário:
“Ser a queridinha da classe tem um preço. Mas talvez o maior desafio não seja agradar a todos. Seja se manter fiel a si mesma.”
“Hoje, beijei o garoto que eu gosto. Enfrentei julgamentos. Descobri segredos. E, ainda assim… continuo de pé.”
[Continua no Episódio 8…]