Capítulo 6 – As Raízes Mortas

No dia seguinte, acordei com o corpo dolorido, mas diferente de todas as outras vezes. Era uma dor boa. Como se meus músculos tivessem sorrido durante a noite. Eu me sentia... preparado.

Depois do sucesso no Refúgio das Mandíbulas, a sensação de confiança crescia dentro de mim como fogo. E a chama era alimentada por uma nova notificação:

> Missão liberada: Caminho das Raízes Mortas

> Rank: D

> Recompensa base: 1.800 créditos, 1 pergaminho de habilidade aleatório

Mas não era a recompensa que me empolgava.

Era o nome. Raízes Mortas. Aquilo evocava algo sombrio, misterioso. Eu precisava entender o mundo dentro dessas dungeons. Não bastava vencer. Eu queria compreender.

Me equipei novamente, revisando cada detalhe. As bandagens, a mochila, a luva de reforço. Dessa vez acrescentei um novo item: um bracelete de condutor mágico que comprei usado com os créditos da última missão. Ele deveria estabilizar melhor minha energia durante o uso de habilidades. Pelo menos era o que dizia o manual velho que veio junto.

O acesso à nova dungeon ficava numa floresta nos arredores da cidade, numa trilha fechada, onde antigos caçadores treinavam antes da urbanização. Era um local quase esquecido, e o portal parecia adormecido... mas apenas por fora.

Quando entrei, uma pressão imediata caiu sobre meus ombros.

Era diferente de tudo que eu havia sentido antes. A atmosfera era pesada, o ar estagnado. Raízes mortas e retorcidas brotavam do chão como garras negras. O som ambiente era um sussurro constante, como se o mundo estivesse falando baixo demais para que eu entendesse.

Dei meus primeiros passos devagar, cada um mais tenso que o anterior. Não havia inimigos visíveis, mas o perigo estava em cada centímetro da floresta.

A primeira emboscada veio de baixo.

Uma raiz se contorceu como uma serpente e tentou me prender o tornozelo. Saltei para trás, mas outra surgiu pelas costas. Me joguei para o lado e rolei entre os galhos.

Instinto de Combate ativado.

Meus reflexos tomaram o controle. As raízes se moviam como tentáculos vivos, com intenção. Eram conscientes? Ou algo estava controlando elas?

Usei o Soco Explosivo para abrir caminho entre elas. A madeira se partia com estalos secos, mas sempre vinham mais.

Corri. Pulei sobre troncos apodrecidos. Desviei de galhos afiados como facas. Era uma caça viva.

Foi então que o encontrei.

No centro da floresta, cercado por espinhos e trepadeiras, havia uma criatura humanoide. Parecia feita de casca de árvore e musgo. Tinha olhos vazados, brilhando em vermelho. E nas costas, galhos que pulsavam como corações mortos.

> Guardador Ancião da Raiz Morta

Ele levantou os braços e o mundo ao redor respondeu. As árvores se moveram. As raízes atacaram.

Então eu gritei. Não de medo. De foco.

Habilidade ativada: TENSÃO MUSCULAR.

Senti meu corpo ganhar nova força. A dor dos treinos, das lutas, das quedas... tudo se somava em energia pura.

Ataquei com fúria. Meus socos cortavam o ar com explosões. Cada golpe arrancava pedaços do monstro.

Mas ele resistia. Cada parte destruída era regenerada com novas raízes. Era como lutar contra uma floresta viva.

Até que algo mudou.

Meu bracelete brilhou. A energia se condensou ao redor do meu corpo.

Nova habilidade despertada: Pulso Arcano – canaliza a magia do reforço em ondas de impacto.

Com um grito final, carreguei energia no punho e atingi o centro do peito da criatura. Uma onda azul se espalhou pela floresta. As raízes queimaram. O monstro se despedaçou em folhas secas.

Caí de joelhos, ofegante. Mas sorrindo.

> Missão concluída. Recompensas enviadas ao inventário.

E mais importante...

> Você subiu de nível.

Ainda ajoelhado entre os restos da floresta, percebi algo.

Eu não estava apenas vencendo.

Estava florescendo.