O salão do Conselho dos Quatro Continentes era feito de pedra celestial — um material que anulava qualquer forma de magia ofensiva. Mas mesmo assim, o ar ali estava carregado de tensão, como se a simples presença dos mais poderosos caçadores do mundo fosse suficiente para começar uma guerra.
Renji continuava em pé, no centro do círculo mágico que funcionava como tribunal e palco. Ele havia acabado de contar tudo o que sabia sobre Kei, a Dungeon corrompida e o olho roxo.
— E você está dizendo que essa entidade não era parte da dungeon? — perguntou um dos membros, um velho mago de barba azul chamada Efraím.
— Não. Ele apareceu no céu depois que tudo ruiu. Como se estivesse observando. Como se esperasse que aquilo acontecesse — respondeu Renji.
O sussurro entre os presentes foi imediato. Alika, do Norte, se inclinou sobre a mesa de pedra.
— E você acredita que esse ser... está por trás dos colapsos recentes?
Renji respirou fundo.
— Acredito que ele causa os colapsos. E que Kei era só um peão.
Ko Tanaka, o guerreiro lendário do Japão, fechou os olhos. Parecia estar analisando cada palavra.
— Se estiver certo... estamos lidando com algo além do sistema. Além dos portais.
Foi então que a figura encapuzada se moveu. Lentamente, como se apenas respirar já exigisse cuidado. A sala inteira ficou em silêncio.
— Palavras perigosas, garoto — disse a figura. Sua voz era como pedra rachada. — Acusar o sistema é... traição.
Renji não hesitou.
— Então me chamem de traidor. Mas eu prefiro isso do que morrer sem entender o que estou enfrentando.
Um murmúrio de aprovação percorreu parte da sala. O mestre do Conselho, sentado ao trono maior, ergueu uma das mãos.
— Ordem. Ainda estamos ouvindo um testemunho.
Mas então, uma coisa aconteceu. A runa de segurança do chão, que impedia qualquer manifestação mágica, brilhou em vermelho por um segundo. E no instante seguinte, explodiu.
A figura encapuzada lançou um feitiço de ilusão poderosa, cobrindo a sala de névoa. Vários membros começaram a gritar. Um deles caiu.
Renji se moveu por instinto. Ativou Transcendência Corpórea e Instinto de Combate ao mesmo tempo. Seus sentidos perfuraram a névoa, e ele avançou em linha reta.
Um soco. Direto no peito da figura.
O capuz caiu.
Era um homem jovem. Um rosto que Renji já havia visto... nos arquivos da antiga Guilda da Lamentação.
— Um infiltrado... — disse Alika, chocada.
Antes que o homem pudesse fugir, Saulo o prendeu com correntes de energia solar. A magia do Conselho foi restaurada rapidamente.
— Você acaba de impedir um assassinato em massa — disse Ko Tanaka, olhando para Renji com respeito.
O Mestre do Conselho levantou-se.
— A partir deste momento, a Raiz Carmesim será reconhecida como uma das Guildas Protetoras Temporárias do Norte.
Renji ficou parado. Não pelo reconhecimento. Mas pela sensação no fundo da alma:
Alguém... mais forte ainda estava movendo os fios.