O templo no coração da Terra dos Caídos parecia respirar, suas paredes pulsando com uma energia escura que se infiltrava na pele. Renji sentia sua habilidade reagindo, como se quisesse absorver aquela essência antiga.
— Isso não é uma Dungeon comum — sussurrou Yura, seus olhos brilhando em azul mágico. — Há fragmentos de memória neste lugar.
A estátua negra partiu-se completamente ao meio, revelando uma escadaria que descia às profundezas da terra. Vozes começaram a ecoar, mas não vinham dos arredores. Vinham de dentro de cada um.
Renji ouviu seu próprio grito de infância. O som da zombaria dos colegas. O silêncio da ausência de seu pai. Masaki caiu de joelhos, murmurando algo em japonês, os fios ao seu redor vibrando sem controle.
Dalki agarrou a cabeça, chorando silenciosamente.
Era uma ilusão emocional — mas com base em verdades. Uma técnica proibida.
— Esse lugar... nos mostra o que escondemos — disse Renji, rangendo os dentes. — Mas não vai nos deter.
Ele ativou Corpo Blindado, criando uma aura protetora ao redor do grupo. As vozes diminuíram.
Chegaram a uma câmara circular. No centro, uma estrutura cristalina girava lentamente. Dentro dela, um rosto familiar: Kei.
Mas não era o Kei que conheciam. Este estava envelhecido, com olhos sem alma e pele cinza.
— Eles me quebraram... e me usaram — murmurou a projeção.
A estátua havia gravado memórias de prisioneiros anteriores. A Terra dos Caídos era uma prisão viva, alimentando-se da dor e do fracasso dos caçadores perdidos. Cada derrota virava energia.
Masaki tocou a base da estrutura com seus fios.
— Posso sentir o padrão... é como lã — disse, sorrindo entre lágrimas. — Eles teceram essa dor como uma tapeçaria.
Renji se aproximou.
— E se formos nós a cortar o fio?
Combinando sua magia de reforço e a habilidade de Masaki, romperam o núcleo. O cristal explodiu em uma onda de luz branca.
A dungeon começou a ruir. Mas antes de escaparem, algo surgiu nas sombras: uma criatura humanoide, feita de pura escuridão.
Seus olhos... roxos.
A voz que veio não tinha boca, mas todos ouviram:
— Cortem os fios... e o mundo também se rompe.
Eles fugiram, levando uma amostra da estrutura com eles.
Na saída, Mikael, ainda ferido, olhou para o céu rachado.
— Alguém costurou essa realidade com dor.
Renji apertou os punhos.
— Então vamos desfazer ponto por ponto.