A recepção da Ordem dos Tecelões era fria e meticulosamente organizada. Cada parede exibia painéis com runas e linhas brilhantes, como se o próprio ar estivesse costurado. Renji, Masaki, Yura e Dalki entraram com passos pesados, observados por olhares vazios, mas atentos.
Jiran os esperava na entrada principal.
— Bem-vindos, Raiz Carmesim. A partir de agora, serão os Fios Primários da nossa nova tapeçaria.
A forma como ele dizia isso fazia a pele de Renji arrepiar.
Os dias seguintes foram uma sucessão de testes. Avaliações emocionais, provas de compatibilidade com estruturas mágicas e simulações de reestruturação de Dungeons. Renji e Masaki eram os que mais se destacavam. A Transcendência Corpórea e a habilidade de Masaki em "reconhecer" o fio oculto da realidade os tornavam valiosos demais.
Mas o que mais surpreendeu Renji foi um nome: Kei. Ele estava vivo... e trabalhando para a Ordem.
— Eu não tinha escolha — disse Kei, com a voz carregada de culpa. — Quando eles me reconstruíram, usaram memórias falsas. Por um tempo, achei que eram meus amigos.
Yura o confrontou, mas Kei parecia perdido. Parte dele queria fugir, mas a outra... acreditava mesmo que aquilo era certo.
Jiran se aproximou de Renji uma noite.
— Você está se saindo bem. Muito bem. E por isso, você terá acesso ao Salão Central.
Lá dentro, Renji viu o que jamais imaginou: uma gigantesca tapeçaria, viva, costurada com energia vital.
Cada fio representava uma pessoa. Uma dungeon. Um fragmento do mundo.
— Isso é o mundo? — murmurou.
Jiran assentiu.
— E você pode reescrevê-lo, se quiser.
Naquela noite, Renji escreveu no seu caderno escondido:
"O poder absoluto não está em destruir... mas em saber quando não tocar a linha errada."
Masaki entrou no quarto silenciosamente.
— Eles querem me usar para estabilizar os fios. Eu vi... Vi tudo.
Renji apertou os punhos.
— Não vamos deixar.
Masaki sorriu amargo.
— Então está na hora de costurarmos uma mentira perfeita. E depois... rasgá-la por dentro.