A tensão pairava sobre a Ordem como uma sombra densa. Desde que a Raiz Carmesim começara a se infiltrar, nada mais parecia estável. A confiança — se é que existia alguma — estava fragmentada como vidro trincado prestes a ceder.
Na manhã de um dia nublado, Dalki não apareceu para o treinamento programado no setor de manipulação elemental. Seu nome estava na lista. Seu crachá foi usado para acessar os corredores. Mas ninguém o viu desde a noite anterior.
Renji sentiu um arrepio. Ele sabia que Dalki nunca seria do tipo que desapareceria sem avisar.
— Isso é uma mensagem — disse Yura, seus olhos cintilando em alerta mágico. — Eles sabem. Ou estão testando nossa reação.
Masaki analisava os fios da tapeçaria com olhos trêmulos.
— Um dos fios se soltou. Eles o arrancaram do sistema.
— Podemos rastrear? — perguntou Renji, já em pé.
— Podemos tentar. Mas se errarmos, eles vão saber que não somos mais cooperativos.
Mesmo assim, eles tentaram.
Com a ajuda de Kei, que começava a recuperar fragmentos da própria memória, eles acessaram uma das câmaras de contenção. Lá, encontraram apenas vestígios: sangue seco, fios despedaçados... e uma gravação mágica.
Era Dalki. Com os olhos inchados, amarrado e sangrando.
“Se estão vendo isso... não me salvem. Continuem. Rasguem esse mundo se for preciso. Mas não percam vocês mesmos.”
A imagem se dissolveu.
Yura caiu de joelhos. Renji fechou os olhos. Masaki socou a parede.
— Eles vão pagar. — disse Renji, com a voz grave. — Cada ponto, cada nó dessa tapeçaria. Vamos cortar tudo.
Naquela noite, Masaki entregou a Renji um pequeno artefato que ele próprio teceu com magia.
— É um decodificador. Vai te permitir enxergar o “fio da mentira” no Salão Central. A partir daí, vamos saber quem são os verdadeiros manipuladores.
Renji segurou o objeto.
— E quando a verdade aparecer?
— Então a agulha entra. E a costura... se desfaz.