A sede da Ordem continuava operando com perfeição mecânica. Mas a Raiz Carmesim estava prestes a transformar esse bordado perfeito em fios soltos e perigosos. Renji mantinha o decodificador de Masaki escondido sob sua roupa, perto do coração.
A cada batida, ele sentia como se estivesse carregando uma bomba prestes a explodir.
Foi durante uma reunião especial dos Fios Primários que a tensão chegou ao limite. Kei, agora abertamente dividido entre suas memórias restauradas e sua lealdade incerta, deixou escapar uma informação:
— Existe um projeto chamado “Corte Final”. Eles pretendem resetar a tapeçaria.
— Resetar?! — Yura se levantou num salto. — Isso mataria milhões!
Renji apertou os olhos.
— Onde você ouviu isso?
Kei hesitou.
— Foi... Sari. Ela é uma das nossas. Da Raiz.
O mundo pareceu parar.
Sari, uma das primeiras recrutas da guilda, silenciosa e habilidosa, estava infiltrada mais fundo do que todos pensavam. Não como espiã. Mas como crente da Ordem.
— Ela sempre acreditou que o sistema precisava ser purificado — murmurou Masaki. — Eu devia ter percebido... as perguntas dela... o silêncio nas reuniões...
Renji não perdeu tempo. Usando o decodificador, encontrou um fio mágico dentro do salão da Ordem que os levava até um dos setores proibidos.
E lá estava ela.
Sari, com os olhos cobertos por um véu mágico, diante de um altar costurado com fios de sangue e alma.
— Vocês não entendem. Estamos apenas atrasando o inevitável. A tapeçaria precisa ser refeita. Desde o início.
— Isso vai destruir tudo o que vivemos! — gritou Yura.
— E desde quando viver no caos é melhor que recomeçar em ordem?
Renji avançou, mas parou.
— Por quê não nos contou?
— Porque vocês ainda acreditam em raízes. Eu... só vejo ervas daninhas.
Sari ativou um feitiço e desapareceu.
Mas não sem antes deixar o fio da traição exposto — um rastro mágico que poderia levá-los até o “Corte Final”.
Renji se ajoelhou, segurando o fio que ainda pulsava nas mãos.
— Primeiro, Dalki. Agora, Sari...
Masaki se aproximou.
— Só se corta uma tapeçaria onde ela já está gasta. Talvez... essa sempre tenha sido a parte fraca.