Capítulo 36 – Farpas no Coração

Três dias após o desaparecimento do Primeiro Tecelão, a sede da Ordem estava mais silenciosa do que nunca. Mas dentro da sala privada da Raiz Carmesim, o burburinho era constante.

Yura examinava os registros da tapeçaria em busca de rastros da suposta ativação do projeto Corte Final. Masaki aprimorava o decodificador, agora capaz de identificar até interferências emocionais nas linhas. E Renji... apenas olhava para o horizonte.

Até que um nome foi anunciado na recepção da Ordem.

— Um visitante especial para Renji Arata. Nome: Hiro Takeda.

O nome soou como uma lâmina antiga atravessando o ar.

Renji desceu devagar. Não via Hiro desde o incidente na Academia — a luta que quase os matou.

Hiro estava diferente. Barba rala, olhos fundos. Vestia roupas neutras, mas ainda carregava a mesma presença explosiva de antes.

— Faz tempo, protagonista. — disse ele, forçando um meio sorriso.

— O que você quer? — respondeu Renji, tenso.

Hiro jogou um cristal sobre a mesa. Nele, imagens de uma vila destruída, e de caçadores sendo manipulados por fios.

— A Ordem infectou minha guilda. Eu lutei contra vocês. Mas... eles usaram a tapeçaria para controlar nossos corações.

Renji olhou fixamente para ele. A raiva se misturava à desconfiança.

— E por que deveria confiar em você?

— Porque vou fazer o que você não faria: entrar no coração da tapeçaria e puxar o fio que pode matá-los todos. Mesmo que isso me mate junto.

Masaki entrou na sala nesse momento.

— Se ele estiver dizendo a verdade, podemos cruzar os dados.

Yura também entrou.

— Hiro... se trair a gente, não sobrará nem sua sombra.

Hiro sorriu amargo.

— Pode me costurar na parede se eu mentir.

Renji se aproximou. Tocou o cristal. E viu: Hiro estava dizendo a verdade.

— Então... vamos juntos até o fim. Mas dessa vez, sem sangue entre nós.

— Sem promessas. Só agulhas afiadas.