Capítulo 38 – Entre Pontos e Perdão

O retorno ao mundo real foi silencioso. Como se a tapeçaria, agora renovada, os deixasse passar em paz. O núcleo do mundo havia aceitado sua escolha. Mas isso não significava que o mundo lá fora estava pronto para ela.

Renji olhava para Sari, que agora andava ao lado de Yura. Ainda abatida, mas diferente. Mais leve. Ela não falava muito. Apenas tecia, em silêncio, pequenos fios de contenção para manter o núcleo estabilizado. Era a sua forma de pedir perdão.

Na base da Raiz Carmesim, todos aguardavam. Elian foi o primeiro a correr até Renji.

— E então? — perguntou, com olhos esperançosos. — Acabou?

Renji balançou a cabeça.

— Não. Mas começamos o recomeço.

O mundo já sentia os efeitos. Dungeons estavam fechando por conta própria. Caçadores que perderam poderes começaram a recuperar parte de suas habilidades. E um novo tipo de despertar estava surgindo: os Tecedores.

Pessoas capazes de sentir as linhas da tapeçaria e interagir com ela em níveis emocionais. Masaki foi o primeiro oficialmente reconhecido. Sari, a segunda.

Hiro, por outro lado, escolheu partir.

— Não sou bom com reconstruções — disse, entregando sua insígnia. — Mas se precisarem de alguém pra destruir algo... sabem onde me encontrar.

Renji sorriu e o abraçou.

— Você já costurou mais do que imagina.

A Raiz Carmesim agora era mais do que uma guilda. Era um símbolo. Receberam uma carta da Associação Global dos Caçadores, reconhecendo-os como grupo independente de controle e regulação mágica.

— Isso é... poder de mudar o mundo — sussurrou Yura.

Renji olhou para o céu. As nuvens pareciam menos densas. E pela primeira vez em muito tempo... ele não sentia medo.

— Vamos continuar. Não costurando um mundo perfeito. Mas consertando os rasgos, um ponto por vez.

E assim, a tapeçaria recomeçava. Com dor. Com amor. E com perdão.