Capítulo 5 - Parte 1

O silêncio na sala era absoluto quando o professor Makonnen Dula fez uma projeção mágica flutuar no centro do auditório. A luz suave que emanava da projeção iluminava os rostos atentos dos alunos, enquanto Makonnen, com sua postura imponente, preenchia o ambiente com uma presença que era impossível ignorar.

Sua voz grave cortou o silêncio com precisão, preenchendo a sala sem esforço.

— Antes de qualquer combate, antes mesmo de empunhar uma arma ou conjurar um feitiço, precisamos falar sobre o que realmente define quem vocês são.

Ele começou a caminhar lentamente entre as fileiras de alunos. Seus passos firmes reverberavam como um tambor, e cada movimento parecia carregado de propósito.

— Existem coisas difíceis de medir. O poder mágico, por exemplo, é traiçoeiro. A mente, a astúcia, a capacidade de manipular mana — tudo isso escapa a medições precisas.

Makonnen parou ao lado da projeção, onde símbolos de mana giravam em lentos movimentos orbitais. Ele levantou a mão, e com um gesto controlado, alterou a projeção. As formas etéreas transformaram-se em imagens de músculos tensionados, corredores em disparada e escudos se rachando sob impactos brutais.

— Atributos físicos, porém, são diferentes.

Sua voz, que já carregava peso, tornou-se ainda mais contundente. Era impossível não sentir a firmeza em cada palavra.

— Força, velocidade e resistência são fatos. São números. São realidade.

A projeção piscou, e novos diagramas surgiram. Klaus acompanhou com atenção, tentando absorver cada detalhe. Makonnen moveu a mão, e a imagem do painel mudou novamente para ilustrar guerreiros e magos em diferentes níveis de habilidade.

— Tudo que envolve aprendizado e técnica — seja lutar, construir, cozinhar ou usar magias — é avaliado por letras. Começamos do F, o ponto de partida, e avançamos: F-, F, F+, depois E-, E, E+, e assim por diante.

Sua voz ecoava com tanta clareza que nenhum aluno se atrevia a desviar o olhar. Klaus percebia a seriedade nas palavras, e a simplicidade do sistema fazia a realidade parecer crua.

Makonnen apontou para novos exemplos que a projeção exibiu. Um cozinheiro avaliado no nível E. Um espadachim alcançando a classificação C. Um mestre marteleiro que ostentava S-. O progresso era tangível e, ainda assim, assustadoramente distante para a maioria.

— Cada letra possui três subdivisões. E saibam: a maioria das pessoas nunca passa do C. Para os verdadeiramente extraordinários, além de S+, existem os ranks SS e SSS. Esses são raros. Esses são lendas.

Ele fez uma pausa, encarando a sala, antes de deslocar a projeção para outra direção. Agora, figuras humanas exibiam força bruta, corredores cruzavam linhas de chegada, e guerreiros resistiam a golpes devastadores.

— Já os atributos físicos não são avaliados por letras. Eles são numerados. Força 5 é a capacidade de levantar cinquenta quilos acima da cabeça sem reforço mágico, com técnica adequada. Velocidade 5 significa correr cem metros em quinze segundos, também sem magia. Resistência 5 é suportar uma queda livre de três metros sem fraturas ou danos internos severos.

A projeção brilhava, os números flutuando diante dos olhos atentos dos alunos. Klaus sentiu um aperto no peito. A clareza dos critérios tornava as expectativas ainda mais reais.

Makonnen cruzou os braços, o semblante tão rígido quanto pedra.

— Esses valores são padrão. E, ao contrário das habilidades, aqui não há espaço para ilusões ou desculpas. Se você levantar quarenta e cinco quilos em vez de cinquenta, será classificado como Força 4. Quem ficar abaixo do padrão será rebaixado. Sem exceções.

O peso das palavras caiu sobre a sala como uma marreta, esmagando qualquer dúvida que ainda pudesse existir. Makonnen gesticulou novamente, e dois círculos representando padrões médios apareceram na projeção.

— O cidadão comum de Reisenmark possui força, velocidade e resistência no nível 3. Esses são os padrões médios para adultos sem treinamento especializado.

Ele girou lentamente sobre os calcanhares, encarando os alunos um a um. Cada olhar parecia desafiador, penetrante.

— Para alunos da Falkenflug, o mínimo aceitável é Força 5, Velocidade 5 e Resistência 5. Alguns de vocês estarão na base do Força 5. Outros, mais próximos do Força 6. Mas não importa: se hoje, ou daqui a um ano, estiverem abaixo desses números... não terão lugar aqui.

A última frase foi dita com uma dureza que ecoou pela sala, como o golpe final de um martelo em uma bigorna.

Klaus, sentado em silêncio, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Mesmo com sua experiência e treinos na infância, havia algo inegavelmente pesado na expectativa que pairava sobre todos naquele auditório. Makonnen não parecia ser o tipo de homem que aceitaria desculpas, e Klaus sabia que sobreviver ali seria uma batalha constante.

Makonnen olhou uma última vez para a turma antes de encerrar sua explicação com firmeza.

— Padrões existem por um motivo. Lá fora, monstros e portais instáveis não se importam com seu sobrenome ou com medalhas. Só com os resultados.

A sala permaneceu mergulhada em um silêncio esmagador. Cada aluno, incluindo Klaus, absorvia o peso do que acabara de ouvir. A Falkenflug não era um lugar de promessas vazias ou sonhos fáceis. Era uma forja. E para quem não suportasse o calor, não haveria perdão.