O trajeto até o ginásio de treinamento foi breve, mas parecia carregar uma tensão crescente a cada passo. Guiados por instrutores auxiliares, os alunos da turma Eule-3 seguiram em silêncio até atravessarem um grande arco de pedra encantada que delimitava a vasta área de treinamento.
Assim que Klaus entrou, foi como se o ar fosse expulso de seus pulmões. O espaço era imenso, muito maior do que ele havia imaginado.
O chão, de um material semelhante a madeira polida, brilhava levemente sob a luz mágica, mas era inconfundivelmente reforçado por encantamentos. Ele se estendia como um tapete infinito, cobrindo toda a área do ginásio que, com suas proporções colossais, parecia mais um campo de esportes fechado. Arquibancadas rodeavam as bordas, enquanto espaços dedicados a diferentes treinos se dividiam magicamente pelo ambiente.
De um lado, portais de mana pulsavam suavemente, flutuando como janelas para outros mundos. No lado oposto, áreas delimitadas para simulações de combate ganhavam vida com armaduras e armas encantadas que pareciam esperar por seus usuários.
Klaus não pôde evitar lançar um olhar para os colegas ao redor. Ali estavam todos os alunos das turmas Eule-1 até Eule-5, unidos pelo uniforme cinza-claro com detalhes dourados. A vestimenta unificava a todos à primeira vista, mas bastava um segundo olhar para perceber as diferenças gritantes.
Broches brilhavam no peito de quase todos os estudantes. Alguns eram simples, outros rebuscados, adornados com pedras mágicas que exibiam um brilho discreto mas encantador. Klaus rapidamente contou: menos de vinte pessoas, incluindo ele mesmo, não ostentavam o símbolo de uma casa nobre.
A ausência de um broche em seu uniforme era uma ausência que parecia pesar ainda mais agora. Era como estar nu em meio a uma multidão orgulhosamente envolta em bandeiras familiares. Ele apertou os punhos discretamente, como se o gesto pudesse ancorá-lo. Paciência, pensou, repetindo para si como um mantra. Ainda é só o começo.
Os instrutores permitiram que os alunos se dispersassem enquanto aguardavam a organização inicial. Klaus permaneceu onde estava, observando.
Pequenos grupos começavam a se formar ao redor do ginásio. Ele percebeu, com seu olhar atento, ao menos cinco grandes círculos dominantes compostos por alunos de diferentes turmas e classes. Dentro de cada círculo, subgrupos menores surgiam naturalmente, baseados em hierarquias invisíveis que só os que pertenciam à elite entendiam.
Klaus, por outro lado, estava sozinho.
Ele podia tentar se misturar, talvez forçar um sorriso ou puxar uma conversa casual para se inserir em algum grupo. Mas isso não parecia certo. Não agora.
Primeiro, entenda o terreno antes de pisar nele, lembrou-se, ecoando uma das muitas lições de seu pai.
Enquanto seus olhos percorriam o ambiente, notando os gestos amplos e as risadas abafadas, uma figura capturou sua atenção. Era diferente de tudo e de todos ali.
O que chamou sua atenção primeiro foi um par de olhos. Castanhos-claros, mas com um tom quente, como âmbar sob a luz do sol. Eram intensos, vivos, e pareciam notar tudo ao seu redor com uma curiosidade controlada e um foco quase palpável.
Klaus sentiu o estômago apertar, como se tivesse levado um soco leve e inesperado. Seus olhos seguiram naturalmente o restante da figura.
A dona daqueles olhos não era apenas impressionante — era impossível ignorá-la.
Ela era alta. Muito alta. Mesmo em meio à multidão, destacava-se, e não apenas pela postura altiva e confiante, mas também pela altura real. Klaus, com seus 1,82 metros, sabia que estava acima da média para a maioria. Mas ela parecia ser ainda mais alta. Talvez 1,85 metros ou pouco mais. Era uma diferença sutil, mas para alguém acostumado a olhar a maioria das garotas de cima, o impacto era notável.
Ela movia-se com uma graça controlada, que só alguém acostumado a treinar o corpo podia exibir. O uniforme cinza-claro moldava-se perfeitamente à sua forma, destacando a simplicidade prática de seu estilo. Não havia nenhum adorno exagerado em sua aparência. Apenas o broche reluzente de sua família, preso ao peito como um lembrete silencioso de suas origens.
Seus cabelos, longos e de um loiro escuro que quase tocava o castanho, estavam presos em uma trança lateral simples, mas incrivelmente prática. Não era algo feito para impressionar, mas sim para funcionalidade.
Ao contrário de muitos ali, ela não parecia ansiosa para fazer parte de nenhum grupo. Não lançava olhares rápidos em busca de aceitação ou aprovação. Estava só, mas não parecia solitária.
Ela parecia... acima disso.
Por um momento, Klaus sentiu como se estivesse observando o nascer de uma estrela. Uma presença discreta, mas inegável. Ele tentou adivinhar quem ela poderia ser, mas a pergunta ecoou na mente sem resposta.
Quem é ela?, pensou, incapaz de evitar.
Antes que pudesse prolongar o olhar, um movimento interrompeu sua linha de visão. Um dos instrutores cruzou seu campo de visão, e Klaus desviou rapidamente, quase como se fosse culpado de algum crime.
Respirou fundo, sentindo o calor subir em seu rosto.
Tinha que manter o foco. Aquilo era apenas o começo.
Ainda assim, uma coisa era clara: de alguma forma, ele sabia que aquela garota, com sua postura altiva e figura isolada, cruzaria seu caminho mais cedo do que ele poderia imaginar.