Capítulo 6 - Parte 3

O ginásio, tomado por um zumbido baixo das conversas, caiu novamente em um silêncio tenso quando a voz autoritária de Annemarie von Drachenfels ecoou pela sala.

— Leonhard Auster!

Com a prancheta mágica em mãos, ela observava impassível enquanto um rapaz loiro e de porte mediano avançava hesitante para o centro do espaço. Os passos de Leonhard não eram decididos; pareciam refletir a incerteza que emanava de sua postura.

Ele escolheu três armas: uma espada longa, uma adaga e um machado. Sua demonstração começou rapidamente. Com a espada longa, seus movimentos eram firmes, mas sem grande refinamento. A adaga trouxe um leve brilho de aprovação ao rosto de Erika quando ele demonstrou certa agilidade, mesmo que nada espetacular. Mas foi com o machado que a situação desandou completamente.

Ao tentar manejar a pesada arma, Leonhard perdeu o equilíbrio, quase tropeçando no próprio peso.

Annemarie suspirou audivelmente, sua voz carregada de um desprezo teatral enquanto consultava a prancheta.

— Domínio de Espadas Curtas: Rank E-. Domínio de Adagas: Rank E. Domínio de Machado: Rank F-.

Ela o encarou de cima a baixo, a expressão cheia de desdém.

— Sério, Auster? Machados? Que insulto. Se fosse minha casa, eu fingiria que não te conheço.

Um riso abafado ecoou de alguns cantos do ginásio, e Leonhard, com as orelhas ardendo de vergonha, recuou rapidamente para seu lugar.

Esse padrão se repetiu conforme os alunos eram chamados um a um. Alguns demonstravam habilidade decente com uma arma, mas tropeçavam vergonhosamente com outra. Annemarie, sem jamais amenizar as críticas, disparava comentários cortantes com um prazer quase visível:

— Duas espadas? Você mal segura uma.

— Com a lança? Minha avó faria melhor.

— Você é um orgulho para os incompetentes, garota. Parabéns.

Enquanto isso, Erika Baumgarten mantinha-se em contraste absoluto. Seus comentários, quando surgiam, eram breves e desprovidos de emoção. "Bom" ou "ok" eram as palavras que mais saíam de seus lábios enquanto anotava de forma impassível no tablet mágico.

Klaus observava tudo com uma calma que forçava a si mesmo a manter. Ele já havia se preparado para a arrogância entre os nobres, mas ver como a maioria sucumbia sob a pressão das críticas era um tanto desconcertante.

Então, um nome familiar ecoou pelo ginásio, e o ambiente pareceu mudar.

— Lisette von Stragberg!

Klaus endireitou-se na bancada sem nem perceber. Lisette, a garota dos olhos castanho-claros, avançou com uma confiança que não precisava ser anunciada. Sem hesitar, pegou duas espadas gêmeas da parede de armas e se posicionou no centro.

Assim que começou a se mover, ficou claro que ela sabia o que estava fazendo. Seus golpes eram rápidos, precisos e fluidos como água, cada movimento executado com a graça de alguém que transformava técnica em arte. O som das lâminas cortando o ar enchia o ginásio, e Annemarie chegou a arquear uma sobrancelha.

Lisette então trocou para espada e escudo. Embora seus movimentos fossem menos naturais nessa formação, ainda demonstravam uma técnica sólida e disciplinada. Por fim, ergueu a mão e conjurou uma esfera de mana compacta — controlada, estável, sem vestígios de dispersão.

Klaus percebeu quando Erika, pela primeira vez, ergueu ligeiramente a cabeça, seu olhar fixando-se na demonstração por alguns instantes a mais do que o habitual.

Annemarie consultou a prancheta e, pela primeira vez, sua voz perdeu parte do tom sarcástico habitual, assumindo algo mais sério.

— Domínio de Espadas Duplas: Rank C+. Domínio de Espada e Escudo: Rank D-. Controle de Mana: Rank C.

Ela olhou para Lisette, avaliando-a com uma expressão que quase poderia ser confundida com respeito.

— Hmph. Pelo menos alguém nesta sala sabe o que está fazendo.

Lisette fez uma breve reverência, sem esboçar emoção, e voltou para seu lugar com passos calmos, indiferente aos murmúrios que começaram a preencher o espaço ao seu redor.

Klaus a seguiu com o olhar, impressionado. Era raro ver tamanha habilidade demonstrada tão cedo. Ele se pegou refletindo sobre sua postura altiva e reservada, que apenas reforçava o impacto de sua habilidade.

Mas antes que pudesse processar mais, ouviu seu próprio nome ser chamado.

— Klaus Erich von Hammer!

Ele respirou fundo e caminhou para o centro. Assim que suas mãos tocaram o peso familiar de uma marreta, sentiu um fio de confiança retornando. Escolheu a marreta sem hesitar, mas hesitou com as outras opções. Após um breve momento de indecisão, pegou uma espada curta e um mangual.

Quando começou, deixou que o corpo seguisse o instinto. Os golpes com a marreta eram sólidos, bem executados. Nada refinado, mas claramente fruto de treinamento disciplinado. Porém, ao trocar para a espada curta, a diferença tornou-se evidente. Seus movimentos eram mecânicos, desajeitados. E com o mangual...

Foi ainda pior.

Annemarie mal esperou que ele terminasse antes de declarar com um tom quase divertido:

— Domínio de Armas Pesadas (Marreta): Rank D-. Domínio de Espadas Curtas: Rank F+. Domínio de Armas de Impacto Simples (Clava): Rank F.

Ela sorriu, mas seu sorriso era cortante.

— Meu conselho? Nunca largue sua marreta. Com o resto, você é uma vergonha ambulante.

Os risinhos abafados retornaram, ecoando pelo ginásio.

Klaus manteve a expressão neutra. Sem esboçar reação, fez uma reverência curta e voltou ao seu lugar. Ele não estava surpreso com o resultado. Sabia onde residiam suas forças e onde precisava melhorar.

Mas mesmo assim, ver a disparidade entre si e Lisette provocava um incômodo. Não era inveja — era uma lembrança cruel de quanto precisava evoluir.

Preciso melhorar. Preciso ser melhor.

Enquanto outro aluno era chamado, Klaus firmou uma promessa silenciosa.

Da próxima vez que eu pisar ali, será para surpreender.