Capítulo 7 - Parte 3

Apesar da exaustão física, mental e emocional da primeira semana, Klaus não podia negar que havia um prazer silencioso em tudo aquilo. A rotina era simples, dura e repetitiva, mas tinha uma solidez que ele valorizava profundamente. Era como construir uma fortaleza dentro de si, pedra sobre pedra, cada esforço formando um alicerce inquebrável.

Correr até os músculos queimarem, treinar até os braços tremerem, estudar até os olhos latejarem — tudo fazia parte do processo. E ainda assim, no fundo do peito, havia algo mais. Uma centelha de alegria. Ele sentia que pertencia àquele lugar, pertencia a esse esforço, a esse caminho árduo que poucos escolhiam trilhar.

Quando o sexto dia chegou ao fim, o céu dourado sobre Falkenflug pintava a academia com uma luz suave e acolhedora. A movimentação dos alunos aumentava; era dia de liberação.

A política da academia era direta: após as aulas do sexto dia, os estudantes eram livres para deixar as instalações. Podiam partir naquela tarde ou, se preferissem, na manhã do sétimo dia. O único requisito era retornar antes do primeiro sino do novo ciclo de aulas. Para muitos, era uma oportunidade de reencontrar suas famílias, um breve respiro no rigor constante da academia.

No dormitório, Klaus observava seus colegas enquanto eles arrumavam pertences em bolsas encantadas, suas vozes preenchendo os corredores com conversas animadas e expectativas.

— Minha mãe vai fazer minha torta favorita!

— O velho prometeu me dar um novo anel de inventário.

— Finalmente uma cama decente pra dormir!

Essas palavras, tão carregadas de entusiasmo, eram acompanhadas de risos leves e rostos iluminados. Klaus, no entanto, apenas sorria para si mesmo, um sorriso amargo.

A distância entre Falkenflug e sua casa, em Edelheim, não era absurda — pelo menos, não para aqueles que podiam pagar por um teleporter. Mas ele não podia. O transporte mágico, eficiente e rápido, custava muito mais do que ele sequer podia sonhar em gastar. Seus recursos, agora garantidos pelo Estado, mal cobriam as despesas essenciais na academia.

Ele desejava ir. Desejava ver sua mãe, ver Greta. Sentia saudades do riso espontâneo da irmãzinha e da expressão preocupada, mas terna, de sua mãe. Sentia falta dos pequenos detalhes que faziam do lar algo precioso: o cheiro da comida simples no fogão, o calor da lareira nas noites frias, o conforto de saber que, mesmo nas dificuldades, estavam juntos.

Mas querer e poder eram coisas diferentes. Por enquanto, Klaus precisava aceitar isso.

Sem outra escolha, ele tomou sua decisão. Ficaria na academia.

Naquela noite, conforme o fluxo de alunos diminuía e o campus começava a se transformar em um lugar quase deserto, Klaus caminhou até a biblioteca. A grande construção de pedra negra parecia ainda mais imponente sob a luz fraca das tochas mágicas que flutuavam pelo caminho.

Passando pelas estantes silenciosas como um fantasma, ele carregava nos braços alguns livros cuidadosamente selecionados. Manuais de técnicas de combate, tratados sobre desenvolvimento de mana, histórias de grandes generais do passado — se era para permanecer, então ele faria valer a pena.

Ali, entre o cheiro antigo dos pergaminhos e o brilho suave das lâmpadas flutuantes, Klaus encontrou seu refúgio.

Era curioso. No vazio do campus, sem os risos ou conversas que normalmente preenchiam os corredores, ele não se sentia solitário. Sentia-se determinado.

O mundo ainda era imenso. As distâncias ainda eram vastas. O dinheiro ainda era escasso. Mas Klaus sabia que nada disso seria permanente.

Não enquanto eu puder lutar. Não enquanto eu puder estudar. Não enquanto eu puder avançar.

Enquanto folheava as páginas de um livro sobre fortalecimento físico através da canalização de mana, um sorriso pequeno e sincero apareceu em seu rosto.

Aquele era apenas o começo. E ele sabia que iria muito, muito além.