Capítulo 8 - Parte 3

Quando Makonnen Dula saiu da sala como um trovão se dissipando, o silêncio pairou por alguns segundos, pesado, denso, como se cada aluno ainda estivesse digerindo a avalanche de informações que havia acabado de receber. Mas esse silêncio durou pouco.

O primeiro a quebrá-lo foi um aluno de cabelos escuros que gesticulava com ênfase, sua voz carregando convicção.

— Existe, sim, uma classificação! — exclamou. — Existem bestiários inteiros catalogando monstros, descrevendo suas habilidades, seus pontos fracos!

Outro estudante, reclinado na cadeira com um ar de puro desdém, soltou uma risada curta.

— Bestiários? Isso é só descrição. Uma criatura pode ter garras afiadas e ainda assim ser fraca como um rato.

— Mas é conhecimento útil! — insistiu o primeiro, agora mais exaltado.

— Não importa se é útil. Não muda o fato de que um monstro fraco pode te matar se você for descuidado. — comentou um terceiro, seu tom despreocupado, como quem não queria entrar na discussão mas ainda assim precisava dar sua opinião.

As vozes se misturaram, algumas carregadas de emoção, outras apenas divertidas. Alguns alunos já começavam a guardar seus materiais, claramente desinteressados no debate. Para eles, a aula havia acabado, e o que viesse depois já não importava.

Klaus Erich von Hammer, sentado em sua bancada, apenas observava a cena em silêncio.

Bestiários, classificações, teorias... — pensou. — De que adianta tudo isso, se a realidade nunca segue o que está escrito no papel?

Ele já sabia a resposta. No final das contas, era o braço que segurava a marreta que faria a diferença. Não os manuais, nem as teorias elegantes formuladas por acadêmicos e estudiosos que raramente empunhavam uma arma de verdade.

Sem pressa, ele se levantou, ajeitou a cadeira e caminhou para fora da sala, ignorando completamente as discussões que continuavam a fervilhar atrás dele.

O corredor estava mais silencioso, um contraste bem-vindo. O fluxo de alunos começava a se dividir: alguns corriam para as áreas de descanso, enquanto outros seguiam diretamente para o refeitório, ansiosos por uma refeição antes dos próximos treinos.

Klaus caminhou de forma ritmada até o refeitório, como se cada passo estivesse organizando seus pensamentos. Ele pegou sua refeição habitual — pão aquecido magicamente, uma pequena fatia de carne curada e um suco de mana diluído — e se sentou em uma das mesas mais afastadas.

Enquanto comia, sua mente trabalhava em algo muito mais importante que debates teóricos.

Meu domínio com a marreta está melhorando. Se eu continuar treinando... Em breve, talvez, consiga subir meu rank para D sem o hífen.

Talvez até alcançar um C no futuro.

Seu punho se fechou discretamente, uma sensação familiar de determinação pulsando por sua espinha. Ele não se preocupava com o sarcasmo cortante da instrutora Annemarie, nem com os comentários ácidos que vinham a cada treino. O que importava eram os resultados.

E onde há progresso, há esperança.

O burburinho sobre monstros, bestiários e teorias foi enterrado no fundo da sua mente. Ele não precisava de um debate acalorado para saber o que realmente importava.

O que vier, veio — pensou, enquanto se levantava, sua postura resoluta.

O importante é que eu estarei preparado.

Com passos firmes, ele seguiu em direção ao ginásio de treinamento, desaparecendo no corredor iluminado, enquanto o som distante dos passos dos outros alunos ecoava ao redor.

A tarde de treino o aguardava. E Klaus iria enfrentá-la como sempre fazia — de pé.