No pulso esquerdo de Klaus, uma pulseira fina e prateada cintilava sob a luz mágica daquele céu artificial e distorcido. Era o único equipamento fornecido pela academia para a incursão—uma tecnologia mágica projetada para registrar cada inimigo derrotado, contabilizando a participação individual de cada aluno.
Cada criatura eliminada concederia créditos, dependendo da quantidade de mana que possuía. Monstros insignificantes dariam um único crédito. Os mais fortes, talvez dez. O sistema era simples, mas brutal.
Para garantir uma boa nota, o esperado era eliminar entre vinte e trinta criaturas. Para uma nota excelente, acima de cinquenta. Para aqueles que buscavam realmente se destacar, esse número poderia alcançar duzentos—dependendo da densidade de monstros presentes na dungeon.
O pensamento o fez apertar a marreta com mais força.
Ela era sua melhor aposta.
A arma, forjada na lendária forja Aurekym, havia sido sua compra mais cara, e possivelmente, a mais sábia. O peso era calculado, mais leve do que uma marreta comum, o que reduzia seu cansaço sem comprometer a força de impacto. O metal escuro absorvia a luz difusa daquele mundo estranho, e as runas entalhadas na empunhadura pulsavam suavemente a cada toque, como se fossem vivas.
Ele teria que confiar nela. E confiar muito.
As horas de caminhada entre a vegetação densa começavam a pesar em seus músculos. Ainda assim, a tensão em seu peito não vinha da exaustão, mas da antecipação.
Onde estão os monstros...?
Era impossível prever quando surgiriam. Esse era o verdadeiro terror da masmorra—o silêncio traiçoeiro antes da tempestade.
E então, ele ouviu.
Um som úmido, viscoso, como algo se arrastando pelo chão.
Entre as folhas altas, algo emergiu.
A criatura era grotesca—algo entre uma lesma e um verme gigante, com um metro de altura, mas estendendo-se em comprimento como uma serpente. Sua pele escura e reluzente refletia a luz esverdeada daquele céu artificial, e garras deformadas se projetavam de seus lados como pedaços de osso disforme. Sua boca se expandia de maneira irregular, revelando uma fileira de dentes afiados e desordenados.
Mas o pior eram os olhos.
Eles estavam espalhados pela cabeça sem qualquer simetria, movendo-se independentemente, como se buscassem tudo ao mesmo tempo.
O bicho avançou rápido demais.
Não corria—deslizava em uma velocidade que superava o passo de um homem comum andando depressa.
Seu instinto gritou.
O corpo de Klaus endureceu.
Por um breve segundo, o medo tentou dominar sua mente.
É real. É grotesco. É mais horrível do que eu imaginava.
O verme monstruoso soltou um guincho repulsivo e avançou, o cheiro pútrido de sua pele atingindo Klaus como um golpe físico.
Era nauseante.
Sem pensar, seu corpo reagiu.
O treinamento, as manhãs na academia, os exercícios exaustivos com Annemarie, as horas segurando aquela marreta—tudo convergiu para esse momento.
Ele girou o corpo, erguendo a arma acima da cabeça, e desceu com toda a força acumulada.
O som do impacto foi um baque molhado, uma explosão de carne esmagada e fluidos nojentos.
O golpe partiu o corpo mole da criatura contra o chão, fragmentando suas vísceras e espalhando um líquido viscoso pelo ar.
O cheiro que se seguiu foi pior do que qualquer coisa que ele já sentira.
Uma mistura de carne podre e ovos estragados, um fedor tão forte que fez seus olhos lacrimejarem.
Klaus recuou instintivamente, usando a manga do uniforme para limpar o rosto, tentando conter o gosto horrível que o cheiro trazia à sua garganta.
Se todas as criaturas forem assim... vou passar mais mal pelo cheiro do que pelas batalhas.
Ele tossiu, ainda sentindo o odor grudar em sua pele.
Um leve brilho percorreu sua pulseira.
Ele olhou rapidamente e viu o registro: 1 crédito adicionado.
Mas mais importante do que o crédito, ele sentiu algo diferente dentro de si.
Era como se algo finalmente tivesse se encaixado.
O domínio da marreta, que antes parecia pesado e incômodo, agora fluía com naturalidade.
Seu nível de proficiência com marretas, ou Domínio de Armas Pesadas, havia subido—de D- para D.
Era sutil, mas significativo.
Klaus respirou fundo, ignorando o fedor ao redor, e sorriu.
Era apenas o começo.