Capítulo 10 - Parte 2

No pulso esquerdo de Klaus, uma pulseira fina e prateada cintilava sob a luz mágica daquele céu artificial e distorcido. Era o único equipamento fornecido pela academia para a incursão—uma tecnologia mágica projetada para registrar cada inimigo derrotado, contabilizando a participação individual de cada aluno.

Cada criatura eliminada concederia créditos, dependendo da quantidade de mana que possuía. Monstros insignificantes dariam um único crédito. Os mais fortes, talvez dez. O sistema era simples, mas brutal.

Para garantir uma boa nota, o esperado era eliminar entre vinte e trinta criaturas. Para uma nota excelente, acima de cinquenta. Para aqueles que buscavam realmente se destacar, esse número poderia alcançar duzentos—dependendo da densidade de monstros presentes na dungeon.

O pensamento o fez apertar a marreta com mais força.

Ela era sua melhor aposta.

A arma, forjada na lendária forja Aurekym, havia sido sua compra mais cara, e possivelmente, a mais sábia. O peso era calculado, mais leve do que uma marreta comum, o que reduzia seu cansaço sem comprometer a força de impacto. O metal escuro absorvia a luz difusa daquele mundo estranho, e as runas entalhadas na empunhadura pulsavam suavemente a cada toque, como se fossem vivas.

Ele teria que confiar nela. E confiar muito.

As horas de caminhada entre a vegetação densa começavam a pesar em seus músculos. Ainda assim, a tensão em seu peito não vinha da exaustão, mas da antecipação.

Onde estão os monstros...?

Era impossível prever quando surgiriam. Esse era o verdadeiro terror da masmorra—o silêncio traiçoeiro antes da tempestade.

E então, ele ouviu.

Um som úmido, viscoso, como algo se arrastando pelo chão.

Entre as folhas altas, algo emergiu.

A criatura era grotesca—algo entre uma lesma e um verme gigante, com um metro de altura, mas estendendo-se em comprimento como uma serpente. Sua pele escura e reluzente refletia a luz esverdeada daquele céu artificial, e garras deformadas se projetavam de seus lados como pedaços de osso disforme. Sua boca se expandia de maneira irregular, revelando uma fileira de dentes afiados e desordenados.

Mas o pior eram os olhos.

Eles estavam espalhados pela cabeça sem qualquer simetria, movendo-se independentemente, como se buscassem tudo ao mesmo tempo.

O bicho avançou rápido demais.

Não corria—deslizava em uma velocidade que superava o passo de um homem comum andando depressa.

Seu instinto gritou.

O corpo de Klaus endureceu.

Por um breve segundo, o medo tentou dominar sua mente.

É real. É grotesco. É mais horrível do que eu imaginava.

O verme monstruoso soltou um guincho repulsivo e avançou, o cheiro pútrido de sua pele atingindo Klaus como um golpe físico.

Era nauseante.

Sem pensar, seu corpo reagiu.

O treinamento, as manhãs na academia, os exercícios exaustivos com Annemarie, as horas segurando aquela marreta—tudo convergiu para esse momento.

Ele girou o corpo, erguendo a arma acima da cabeça, e desceu com toda a força acumulada.

O som do impacto foi um baque molhado, uma explosão de carne esmagada e fluidos nojentos.

O golpe partiu o corpo mole da criatura contra o chão, fragmentando suas vísceras e espalhando um líquido viscoso pelo ar.

O cheiro que se seguiu foi pior do que qualquer coisa que ele já sentira.

Uma mistura de carne podre e ovos estragados, um fedor tão forte que fez seus olhos lacrimejarem.

Klaus recuou instintivamente, usando a manga do uniforme para limpar o rosto, tentando conter o gosto horrível que o cheiro trazia à sua garganta.

Se todas as criaturas forem assim... vou passar mais mal pelo cheiro do que pelas batalhas.

Ele tossiu, ainda sentindo o odor grudar em sua pele.

Um leve brilho percorreu sua pulseira.

Ele olhou rapidamente e viu o registro: 1 crédito adicionado.

Mas mais importante do que o crédito, ele sentiu algo diferente dentro de si.

Era como se algo finalmente tivesse se encaixado.

O domínio da marreta, que antes parecia pesado e incômodo, agora fluía com naturalidade.

Seu nível de proficiência com marretas, ou Domínio de Armas Pesadas, havia subido—de D- para D.

Era sutil, mas significativo.

Klaus respirou fundo, ignorando o fedor ao redor, e sorriu.

Era apenas o começo.