Capítulo 10 - Parte 3

O corpo do verme gigante desabou com um baque úmido, espalhando fluido viscoso pela vegetação alaranjada. Klaus-Erich von Hammer sentiu um calor sutil percorrer seus músculos, como se a própria masmorra reconhecesse sua vitória. Não era algo que pudesse explicar — era instinto, uma certeza mágica. A marreta da forja Aurekym, suas runas pulsando debilmente, parecia mais leve, uma extensão natural de seus braços.

A pulseira em seu pulso brilhou, registrando: 1 Criatura Eliminada. 1 Crédito Acumulado. Klaus secou o suor da testa, o uniforme cinza-claro manchado de terra e carniça. "Um começo," murmurou, agachando-se junto ao cadáver. Todo monstro, mesmo um verme desprezível, carregava um núcleo mágico — um cristal de mana que poderia valer trocados ou fortunas. Seus dedos reviraram a carne pegajosa, mas após minutos de busca, apenas frustração. "Maldito verme inútil," grunhiu, limpando as mãos nas hastes próximas. O cheiro acre, metálico, impregnava-se em sua pele, um lembrete cruel da batalha.

Um som viscoso rasgou o silêncio — um arrastar pesado, multiplicado. Klaus ergueu os olhos, o estômago revirando. Três novos vermes gigantes emergiam da vegetação, suas bocas circulares pulsando, atraídas pelo fedor da morte. Ele apertou a marreta, os músculos ardendo de exaustão, mas o espírito inabalável. "Que venham," rosnou.

O primeiro verme atacou, um rolo de carne disforme lançado em linha reta. Klaus girou o corpo, desviando com um passo lateral, e desferiu um golpe diagonal. A marreta esmagou o flanco do monstro, ossos estalando num som grotesco. Fluido jorrou, respingando em seu rosto. Sem pausa, o segundo verme avançou, mais rápido, suas presas vibrando. Klaus recuou, o coração disparado, e saltou para frente, canalizando toda a força num golpe descendente. O impacto explodiu a criatura em uma chuva de carniça, o chão tremendo sob seus pés.

O terceiro era diferente — astuto. Deslizou pela lateral, quase invisível entre as hastes, suas presas mirando as pernas de Klaus. Ele percebeu tarde demais, mas instinto e treinamento falaram mais alto. Girou a marreta num arco desesperado, acertando a cabeça do monstro com um crac seco. O verme desabou, inerte.

Três mortes. Três créditos. A pulseira brilhou, indiferente, enquanto Klaus ofegava, os braços tremendo. O fedor era sufocante, uma névoa de podridão que queimava as narinas. Ele olhou ao redor, o céu opaco da masmorra imutável, sem sol ou estrelas. O relógio mágico em seu cinto marcava o tempo local: cinco horas desde o último descanso. Seu estômago roncava, as pernas pareciam chumbo, mas a batalha não dava trégua.

Mais sombras surgiram entre as hastes. Verme após verme, como uma maré interminável. A luta virou um ciclo brutal: detectar o arrastar, esquivar as presas, atacar com a marreta, esmagar. Cada golpe era mais pesado, cada movimento mais lento. Mas Klaus adaptava-se. Aprendeu a prever os ataques, a mirar pontos fracos — as junções frágeis entre os segmentos dos vermes. A cada monstro abatido, sentia a confiança crescer, a certeza de que estava se tornando algo mais.

O uniforme, antes cinza com detalhes dourados, era agora uma colcha de fluidos e poeira. O suor escorria por sua testa, misturando-se ao sangue seco de um arranhão no braço. Ele perdeu a conta dos vermes — dez? Doze? A pulseira registrava 13 créditos, um progresso ínfimo para o que precisava. A masmorra não se importava com seu cansaço. Ela exigia mais.

Um rugido baixo, diferente do arrastar viscoso, fez Klaus congelar. Não era um verme. Algo maior, mais pesado, movia-se na vegetação densa, partindo hastes com estalos secos. Seus olhos estreitaram-se, a marreta erguida, o coração batendo como um tambor. Ele recuou até uma clareira, o terreno mais firme sob seus pés, buscando espaço para lutar — ou fugir.

Hoje, ele sobrevivera. Aprendera. Mas a masmorra não terminava. E o que quer que se aproximasse agora não seria apenas mais um verme.