Capítulo 11 - Parte 1

A pulseira mágica no pulso de Klaus cintilava suavemente, como se registrasse seu progresso e o desafiasse a continuar. Vinte e duas criaturas derrotadas. Vinte e três créditos acumulados. Seis pedras mágicas obtidas. Ele mal acreditava na própria eficiência. O suor, o sangue e as vísceras acumuladas ao longo da batalha haviam se tornado parte de sua nova realidade. Em meio à vegetação densa e ao ar carregado de tensão, ele havia superado seus próprios limites.

Sentado no topo de um morro baixo, uma elevação tímida que oferecia uma vista parcial da planície alaranjada da masmorra, Klaus respirou fundo. O terreno ondulava sob a luz difusa, criando um mar de hastes exóticas que ocultava predadores à espreita. Aqui, pelo menos, ele poderia recuperar suas forças e vigiar qualquer aproximação.

A primeira providência foi garantir sua segurança. Klaus trabalhou com precisão, espalhando um pó repelente adquirido na Falkenflug Akademie por três créditos. Inodoro para humanos, mas um veneno olfativo para criaturas de baixo nível, o pó criava uma barreira invisível ao redor do morro. O vento frio carregou um leve zumbido pela vegetação, como se a masmorra protestasse contra sua presença. Ele verificou o perímetro, os olhos atentos a qualquer ondulação estranha nas hastes.

Ao seu lado, descansava sua marreta da forja Aurekym, as runas gravadas pulsando debilmente. Ele havia confiado nela durante todo o combate, e agora, após tantos golpes certeiros, o metal parecia quase uma extensão de seu próprio corpo.

Com um suspiro cansado, Klaus retirou de sua mochila um de seus investimentos mais caros: uma banheira mágica portátil, comprada por vinte e seis créditos. Quando fechada, não passava de um cilindro do tamanho de um cantil, leve o suficiente para carregar sem esforço. Ao infundir mana, ela se expandia com um brilho azulado, estalando até formar uma tina resistente e profunda.

— Valeu cada crédito — murmurou, um sorriso cansado cruzando seu rosto pela primeira vez em horas.

Ele despejou água de uma bolsa mágica, que se autoabastecia ao puxar umidade do ar ao redor. A água gelada escorreu por sua pele, lavando o suor, o sangue seco e a gosma fétida que grudava em seu cabelo e uniforme. Cada respingo parecia aliviar não apenas o peso das batalhas, mas também a tensão invisível que sua mente carregava.

Sentado na borda da banheira, Klaus ergueu os olhos para o céu opaco da masmorra. Sem estrelas, sem sol, apenas uma luz difusa e distorcida que tornava o tempo indistinto. O ambiente inteiro era uma ilusão cruel.

— Isso não é o que eu imaginei — refletiu em voz baixa.

Na academia, pensava em túneis escuros e cavernas repletas de sombras rastejantes. Mas ali, naquele lugar, a realidade era diferente. A natureza da masmorra não era uma prisão subterrânea, mas uma extensão desconhecida, uma terra estranha que existia por tempo limitado antes de colapsar.

Ainda assim, era um desafio real.

Makonnen Dula sempre dizia: "Adapte-se ou morra."

Klaus estava se adaptando.

As vinte e duas mortes registradas na pulseira eram prova disso.

Com cuidado, ele recolheu a água suja em um frasco selado—normas da academia para evitar atrair monstros pelo cheiro. A banheira, agora vazia, encolheu com um zumbido e voltou ao tamanho compacto do cantil. Ele então montou um acampamento improvisado: a mochila servindo de travesseiro, a capa encantada esticada como proteção contra o vento gélido da noite sem estrelas.

A capa, outro dos itens que comprara com seus trezentos e oitenta créditos, aquecia-se magicamente, fornecendo um conforto mínimo contra o frio implacável que começava a morder seus ossos.

Antes de fechar os olhos, Klaus reconferiu a pulseira.

22 Criaturas Eliminadas. 23 Créditos Acumulados.

As pedras mágicas, embrulhadas em linho, brilhavam fracamente ao lado da marreta.

Ele respirou fundo, deixando que o cansaço finalmente o alcançasse. Mas, mesmo enquanto tentava relaxar, a masmorra sussurrava.

Um farfalhar distante, quase imperceptível, fez seus olhos se abrirem novamente.

Ele segurou a marreta, todos os sentidos em alerta.

Algo se movia além do círculo de pó, uma sombra maior que os vermes, espreitando na vegetação alta.

Klaus não se moveu, apenas esperou.

O descanso na masmorra era um luxo.

E luxos sempre vinham com um preço.