Capítulo 11 - Parte 2

Os músculos de Klaus gritavam, cada movimento uma tortura que ele forçava seu corpo a ignorar. A marreta descia novamente, esmagando o crânio viscoso de mais uma daquelas criaturas repulsivas, seu impacto reverberando pelo chão instável da masmorra. O som úmido do golpe enchia o ar, seguido pelo espalhar de gosma quente e o cheiro insuportável da carne dilacerada.

Respirando com dificuldade, Klaus girou a marreta, as runas pulsando com um brilho fraco, como se reagissem ao frenesi da batalha. Seus braços tremiam de exaustão, cada golpe cobrando um preço maior de sua resistência. Ele queria descansar, queria ao menos recuperar parte de sua força, mas os monstros não lhe davam essa escolha. Outro verme gigante já rastejava para fora das hastes alaranjadas, suas bocas circulares pulsando com fileiras de dentes serrilhados, seguido por mais três.

O chão parecia cuspir criaturas sem parar, uma maré de carne disforme e impulsiva, como se a própria masmorra estivesse irritada. Era diferente da noite anterior.

Ontem, ele enfrentou poucos vermes de cada vez, criaturas individuais, com pausas para respirar e avaliar o terreno. Hoje, a masmorra havia mudado. O padrão fora quebrado. Era como se algo invisível tivesse despertado e agora estivesse conduzindo aquele ataque, atiçando as criaturas contra ele.

Klaus se mexeu, esquivando-se para a lateral e disparando um golpe rápido. A marreta atingiu o primeiro verme com força, esmagando sua cabeça contra a terra. Mal teve tempo de virar, e o segundo já avançava, movendo-se rápido demais para seu tamanho. Ele tentou recuar, mas uma raiz traiçoeira sob seu pé o desequilibrou. Antes que pudesse corrigir, o monstro estava sobre ele.

Com um movimento bruto, Klaus impulsionou seu corpo para trás e bateu a marreta de baixo para cima, acertando o flanco da criatura com força suficiente para jogá-la para o lado. O verme guinchou, tremendo antes de desmoronar.

Cada golpe custava mais energia.

A luta, antes apenas desgastante, começava a se tornar perigosa.

Outro monstro avançou pela lateral, suas presas vibrando. Klaus reavaliou a situação em um segundo. Precisava ser mais estratégico, não podia mais contar apenas com reflexos.

Ele girou o corpo, deixando que a criatura se aproximasse até a distância ideal, e desferiu um golpe lateral preciso. O impacto partiu o monstro ao meio, seus fluidos espalhando-se pelo chão como um rio de podridão. Klaus recuou, sentindo seu peito arder com o esforço, o uniforme pegajoso colado à pele, os braços pesando como pedra.

Seu olhar subiu para o céu opaco, tentando encontrar qualquer referência de tempo, mas era inútil. A luz difusa da masmorra nunca mudava, nunca indicava se era dia ou noite. Ele confiava apenas no pequeno relógio mágico preso ao cinto.

Cinco horas desde o último descanso.

Seu corpo pedia por um momento de pausa, mas a masmorra não lhe oferecia esse luxo.

Seus olhos voltaram para a vegetação alta, onde sombras se moviam. Cinco vermes agora, movendo-se em sincronia, organizados. Ele percebeu que alguns estavam aprendendo.

Klaus ajustou a postura, seus músculos trêmulos, mas sua mente afiada.

Já entendia os padrões dos ataques. Os menores eram impulsivos, atacavam direto. Os maiores testavam sua resistência, tentando cercá-lo. Ele deixou que o primeiro se aproximasse, desviou no último instante, e esmagou sua cabeça com um golpe diagonal brutal.

O segundo veio pela lateral, mas Klaus já esperava.

Ele girou a marreta em um arco que quebrou o monstro ao meio.

O terceiro foi mais traiçoeiro. Sua velocidade era maior, suas presas mais afiadas, e Klaus reagiu um segundo tarde demais.

O verme o atingiu de raspão, sua pele se rasgando na perna.

A dor foi lancinante, um fogo se espalhando pelo músculo.

Klaus rangeu os dentes, ignorando o ardor, e retaliou com um golpe desesperado, esmagando a criatura contra o chão.

Ele recuou alguns passos, tentando conter a respiração acelerada. Seu corpo estava no limite. Precisava parar.

Mas a vegetação parecia zombar dele.

Mais vermes emergiam.

Cada batalha gerava mais inimigos.

A pulseira mágica cintilava em seu pulso, registrando cada morte como se apenas confirmasse que ele ainda estava vivo.

Ele se forçou a pensar.

Se ficasse ali, morreria de exaustão antes que qualquer criatura o derrubasse.

A vegetação engolia o horizonte, um labirinto vivo que zumbia com o vento, como se o desafiasse. Klaus sabia que não podia contar com ninguém.

Não havia aliados.

Não havia descanso.

Só a luta.

Suas mãos apertaram a marreta, sua mandíbula travada enquanto analisava os inimigos.

— Mais um — murmurou, ajustando sua postura. — Só mais um.

O combate não tinha fim.

E Klaus, no coração do frenesi, lutava para não ser engolido pela masmorra.