Capítulo 14 – Parte 2

Klaus Erich von Hammer avançava pela vastidão opressiva da masmorra, os passos ecoando no silêncio quebrado apenas pelo farfalhar da vegetação alta. O céu acinzentado, um véu estático que parecia engolir a luz, pairava sobre a planície irregular, indiferente à sua luta. O ar, pesado com o fedor de carne podre e fluido ácido, grudava na pele, e o musgo pegajoso sob suas botas dificultava cada movimento. Ele se afastara do território familiar dos últimos dias, buscando uma nova área para testar a teoria que transformara sua sobrevivência: monstros surgiam onde outros morriam, mas apenas se ele permanecesse no local. A ideia, forjada em observação e desespero, era agora sua arma mais afiada, tão vital quanto a marreta que carregava. Klaus escolheu um espaço relativamente plano, onde a vegetação era mais baixa, ideal para combate, mas exposto para emboscadas. Cravou a marreta no chão, a lâmina afundando na terra alaranjada, e esperou, o coração pulsando em antecipação.

Como previra, o padrão se repetiu. Após sete minutos, o silêncio foi rompido por um farfalhar nas folhas e um som viscoso, como carne arrastada sobre pedra. Um verme emergiu, seu corpo segmentado brilhando sob a luz pálida das rochas luminescentes. Antes que Klaus pudesse reagir, outro apareceu, seguido por um terceiro. Ele agarrou a marreta, os músculos ainda doloridos do terceiro dia, e mergulhou no combate. A arma respondia com precisão, cada golpe um eco do treinamento na Falkenflug Akademie, mas era seu sexto sentido — a habilidade desperta no segundo dia — que o mantinha vivo. Um formigamento na nuca alertava-o de ataques pelas costas; um arrepio no braço sinalizava investidas laterais. Ele não pensava, apenas reagia, girando a marreta em arcos letais que rachavam carapaças e esmagavam mandíbulas. Vermes comuns caíam com facilidade; os cuspidores de ácido exigiam esquivas rápidas; os maiores, com corpos bulbosos, testavam sua força. Mas Klaus conhecia seus padrões agora — os sons, os movimentos, o ritmo da masmorra.

Os combates se sucederam em uma dança feroz, mas controlada. Diferente do caos do segundo dia, quando enfrentara 180 criaturas em um frenesi exaustivo, hoje ele ditava o ritmo. Matava, movia-se, esperava, voltava. A vegetação ao seu redor tornou-se um cemitério grotesco, coalhado de cadáveres retorcidos e poças de gosma que chiavam ao corroer o solo. Klaus contava as mortes no início, mas logo perdeu a precisão, confiando na pulseira para registrar. Quando seus ombros começaram a arder e os braços fraquejaram, ele parou, ofegante, a marreta pesando como uma âncora. O visor da pulseira brilhou: quarenta e seis criaturas mortas naquele dia.

254 Criaturas Eliminadas. 301 Créditos Acumulados.

Depois de reconferir a pulseira, o número trouxe uma satisfação contida. Ele não era um prodígio, mas estava aprendendo a sobreviver.

Exausto, Klaus arrastou-se de volta ao acampamento improvisado, o monte baixo protegido pelo pó repelente que brilhava na penumbra. O caminho era uma prova de resistência, cada passo agravando a dor nas costas e o cansaço nos membros. Ele pensava nos combates, nas pequenas decisões — um giro mais rápido, uma esquiva no último segundo — que fizeram a diferença. A ausência de vermes voadores desde o segundo dia era uma bênção, mas a masmorra ainda guardava segredos. Ao chegar, porém, algo o deteve.

Lisette von Stragberg não estava lá.

O espaço onde ela se sentara, com sua postura elegante, estava vazio, como se nunca tivesse sido ocupado. Nenhum cantil, nenhuma marca na terra. Klaus franziu o cenho, a mente cansada tentando entender. Talvez ela tivesse encontrado outro refúgio, ou talvez, como ele suspeitava, estivesse explorando a masmorra com a eficiência silenciosa que a definia. Lisette era uma viajante errante, direta, enquanto Klaus construíra um ninho, um ponto fixo para ancorar sua sobrevivência. Cada um enfrentava o inferno à sua maneira.

Ele acendeu o banho mágico, o vapor limpando o sangue e a gosma de sua pele.

Preparou uma refeição rápida—um nutrivital espesso e sem sabor, que engoliu sem pensar.

Então, olhou para o céu imóvel e cinzento, a marreta descansando ao seu lado.

— Mais um dia vencido. — murmurou, a voz perdida na escuridão.