Os dias seguintes na masmorra passaram em uma sucessão implacável de combate, sobrevivência e aprendizado. Klaus Erich von Hammer aperfeiçoava suas técnicas, endurecia seus músculos e refinava seus instintos a cada confronto. A rotina se consolidara em um padrão eficaz—esperar, atrair, eliminar e mover-se—tornando-se tão natural quanto respirar.
Agora, catorze dias haviam se passado desde sua entrada na masmorra.
Durante esse período, ele mantivera um ritmo constante, cada dia marcado pela repetição do ciclo brutal. Alguns dias eram mais intensos, exigindo reflexos afiados e uma força quase sobre-humana; outros, mais espaçados, permitiam-lhe recuperar parte da energia perdida.
Mas o progresso era evidente. O número pulsava no visor de sua pulseira mágica, uma marca de sua resiliência.
689 Criaturas Eliminadas. 768 Créditos Acumulados.
Os créditos acumulados eram resultado direto de seu esforço contínuo. Criaturas de ácido e os poucos voadores que abatera durante esse período garantiram uma recompensa maior. Ele não era o único aluno na masmorra, mas os números mostravam que ele estava entre os que tinham conquistado mais.
Era um crescimento que não se limitava apenas às estatísticas.
Seus instintos haviam se aguçado a níveis que ele jamais imaginara. Seu sexto sentido, desperto no segundo dia, deixara de ser apenas uma habilidade ocasional e se tornara uma extensão de seu próprio corpo. Não era mais apenas um alerta, e sim uma ferramenta que ele sabia exatamente como usar. A energia pulsante que sentia antes dos ataques, o arrepio na pele que precedia uma investida—ele não apenas reconhecia esses sinais, ele os usava a seu favor.
Cada combate moldava sua técnica.
Cada sobrevivência consolidava seu aprendizado.
Durante essas duas semanas, Klaus também acumulou um estoque respeitável de itens.
Duzentas e dezessete pedras mágicas coletadas dos corpos de seus inimigos, suas tonalidades azuladas ou esverdeadas refletindo a luz mortiça da masmorra. Além disso, algumas garras e dentes haviam sido cuidadosamente guardados—nada essencial, mas potencialmente valioso se vendidos no lugar certo.
Para alguém que, até poucos meses atrás, treinava sozinho nos campos modestos de sua casa, essa colheita era mais do que significativa. Era a prova de seu crescimento.
A maior parte dos monstros que enfrentara continuava sendo rastejantes e cuspidores de ácido, mas ao longo dos dias, quatro criaturas voadoras cruzaram seu caminho—incluindo aquela primeira e outras três que surgiram em momentos aleatórios e de grande tensão. Cada vitória contra esses inimigos aéreos era uma conquista, o tipo de combate que exigia uma precisão absoluta, sem margem para erro.
Agora, Klaus caminhava pela planície, recolhendo as últimas pedras mágicas do dia, os músculos queimando com o esforço acumulado. Sua mente estava focada na tarefa, mas uma parte dele já começava a pensar no que viria depois.
Foi então que sua pulseira vibrou suavemente.
Bip. Bip. Bip.
Uma transmissão.
A mesma voz feminina—calma, firme e neutra—ecoou pela superfície cintilante da pulseira.
— "Atenção, alunos. O número de criaturas na masmorra caiu drasticamente. Estimamos que o fechamento da masmorra ocorrerá entre hoje e amanhã. Preparem seus pertences. Recomendamos que organizem seus equipamentos agora, pois após a eliminação da última criatura, o fechamento do portal acontecerá entre trinta e trinta e cinco minutos. Tudo que permanecer no interior da masmorra, que não estiver em sua posse, será perdido."
O silêncio que seguiu foi pesado.
Klaus respirou fundo, erguendo os olhos para o céu imóvel e acinzentado.
Era estranho pensar em deixar aquele lugar.
Nos últimos catorze dias, ele não apenas sobreviveu.
Ele cresceu.
Aprendeu coisas sobre si mesmo que jamais teria descoberto de outra forma.
Seu corpo estava mais forte.
Seu espírito, mais afiado.
Sua técnica, mais letal do que nunca.
E no entanto… era o fim.
Ele olhou ao redor.
A vegetação castigada pelo combate. O cheiro impregnado de sangue e ácido.
Aquela masmorra o moldara, mas ele sabia que não podia permanecer.
Klaus finalizou sua coleta de pedras mágicas e começou a revisar seus equipamentos com atenção. O aviso era claro—qualquer coisa deixada para trás desapareceria com o fechamento do portal.
Ele conferiu as garras e dentes guardados, ajustou as alças da mochila, verificou suas poções. Amarrou firmemente a marreta em suas costas, sentindo seu peso conhecido contra os músculos cansados.
E então, respirou fundo.
Por mais que tivesse conquistado muito ali…
Era hora de voltar.