Capítulo 16 – Parte 3

Ainda no Santuário da Luz, enquanto Klaus absorvia o impacto das revelações do Espelho de Avaliação, uma voz vibrante e cheia de energia rompeu o silêncio reverente.

— Irmão Klaus! Irmão Klaus! Quero medir meu potencial também!

Greta saltava de empolgação, os olhos castanhos claros brilhando com uma expectativa pura e irrestrita. Seus cabelos dourados soltos balançavam enquanto ela se movia com entusiasmo, incapaz de esconder sua animação. Klaus não pôde conter um sorriso largo—é claro que sua irmãzinha pediria isso. Greta sempre o admirara, mas, mais do que isso, era curiosa, transbordava energia e possuía uma determinação feroz para provar seu valor ao mundo, mesmo com apenas dez anos.

O Reverendo Mathis observava com serenidade, ajustando seu bastão antigo enquanto Eleni permanecia imóvel, tentando esconder sua expectativa. Greta deu um passo à frente, determinada, e tocou a superfície prateada do espelho com suas mãos pequenas, fechando os olhos como se aguardasse um destino que já conhecia.

O Espelho de Avaliação respondeu com um brilho intenso, tão forte que fez as sombras na sala dançarem, lançando reflexos dourados por toda parte. Então, runas douradas flutuaram diante dela, reluzindo como pequenos sóis, carregadas de uma energia pulsante.

Potencial Inato: 10 Estrelas (Aptidão Mágica Suprema).

Potencial Atual: 2 Estrelas.

O silêncio absoluto envolveu o santuário.

O Reverendo Mathis, seus cabelos brancos ralos iluminados pela luz dos vitrais, soltou uma exclamação de assombro, quase um sussurro.

— Por todas as bênçãos de Der Eine...

Ele murmurou, os olhos arregalados, analisando o resultado como se visse um milagre diante de si.

— Uma criança de apenas dez anos, já com duas estrelas de potencial real... Isso é extraordinário.

Klaus sentiu o coração disparar.

Por um instante, ficou sem palavras, o peso da revelação quase tangível. Sua irmã não apenas carregava o lendário potencial de dez estrelas—algo que os contos antigos diziam ter sido registrado apenas uma vez na história—mas já havia alcançado duas estrelas reais, superando os 1.8 de Klaus, conquistados com meses de treino exaustivo na Falkenflug Akademie e sua incursão à masmorra.

Mas não havia inveja em seu coração.

Apenas orgulho puro.

Ele se ajoelhou diante de Greta, bagunçando seus cabelos dourados, enquanto ela ria, as bochechas coradas de alegria.

— Greta, você é incrível!

Sua voz transbordava calor e admiração, enquanto a menina estufava o peito com orgulho infantil.

Klaus inclinou-se mais perto, genuinamente curioso.

— E me diz, irmãzinha... Já tem alguma habilidade especial? Já conseguiu algum domínio?

Greta ergueu o queixo, o sorriso radiante transbordando confiança.

— Controle mágico, irmão! Estou em C-!

Ela fez um gesto exagerado com as mãos, como se lançasse feitiços imaginários, pequenos fios de luz dançando brevemente entre seus dedos antes de se dissiparem.

Klaus riu, impressionado, enquanto o Reverendo Mathis balançava a cabeça, um sorriso de admiração no rosto.

— Uma verdadeira prodígio... O futuro reserva grandes coisas para você, pequena Greta.

A voz do velho sacerdote carregava reverência.

Após aquele momento mágico, a família decidiu retornar para casa.

O céu de Edelheim começava a se tingir com tons dourados e alaranjados do entardecer, e os vitrais do santuário lançavam reflexos multicoloridos nas pedras gastas da rua, como se celebrassem a promessa de Greta.

De volta ao lar, Klaus mergulhou de cabeça para aproveitar cada instante com sua família durante seu mês de férias. Ele e Greta passearam pelos parques locais, onde ela corria entre as árvores, rindo enquanto tentava alcançá-lo em brincadeiras de pega-pega.

Juntos, visitaram as feiras agitadas de Ehrenberg, gastando alguns créditos em maçãs frescas, livros usados de capas desgastadas e pequenos brinquedos de madeira, que Greta guardava como tesouros.

Com Eleni, Klaus fez questão de revisitar a velha confeitaria no centro do bairro, um lugar que frequentavam quando ele era criança.

O cheiro de pão doce e canela ainda era o mesmo, e ele gastou parte de seus créditos para comprar bolinhos recheados, vendo o rosto da mãe suavizar, desfrutando um raro momento de leveza.

Em casa, dedicou-se a pequenas reformas.

Consertou uma porta que rangia, reforçou uma janela contra o frio que se aproximava e ajeitou uma mesa bamba, com a ajuda de Marta.

Nada disso era grandioso, mas para Klaus, cada gesto—cada risada compartilhada, cada abraço de Greta, cada olhar grato de Eleni—tinha um valor que nenhuma pedra mágica poderia igualar.

Foram dias simples, mas de uma preciosidade inestimável.

Ele sentia, no fundo do coração, que aquela calmaria era apenas uma pausa.

A academia, as masmorras e os desafios que o aguardavam logo voltariam a chamá-lo.

Mas por agora, aqueles momentos com sua família reabasteciam sua alma para a jornada que viria.