Capítulo 18 – Parte 2

Por mais que Lisette estivesse ao lado de Klaus, trocando palavras estratégicas sob o céu encoberto da Falkenflug Akademie, ele sabia que, ao atravessarem o portal verde-musgo, seriam separados aleatoriamente.

As chances de se reencontrarem dentro da masmorra eram mínimas, um pensamento que pesava sutilmente em sua mente, embora mantivesse a expressão firme.

A luz pulsante do portal projetava sombras inquietantes no solo rochoso, seu tom lembrando musgo úmido agarrado a pedras antigas.

Enquanto discutiam o plano, Leonhard se aproximou, seu sorriso tímido substituído por um brilho de entusiasmo.

Seus cabelos castanhos despenteados escapavam debaixo do boné, e seus óculos reluziam ao se mover.

— Ei, eu consegui!

A voz dele transbordava uma animação rara.

Klaus ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Conseguiu o quê?

Leonhard abriu a mão calejada, revelando um pequeno artefato mágico—uma esfera fragmentada, com pedaços irregulares brilhando em um azul etéreo, como uma estrela distante.

— Consegui comprar um Fragmento de Ancoragem!

Disse, baixando a voz, como se compartilhasse um segredo.

— Se cada um de nós levar um pedaço, as chances de sermos teleportados próximos uns dos outros na masmorra aumentam muito!

Lisette, sempre decidida, pegou dois fragmentos da mão de Leonhard, sem hesitar.

Com um gesto calmo, colocou um na palma de Klaus, seus dedos roçando levemente a pele dele, deixando uma sensação fugaz de calor.

Klaus, surpreso pela iniciativa, segurou o fragmento com firmeza, sentindo sua pulsação sutil contra a palma.

Não disse nada, mas o toque dela parecia ecoar no cristal mágico.

Leonhard riu, ajeitando os óculos com um gesto nervoso.

— Pronto, três pedaços distribuídos. Agora precisamos de um quarto.

Disse, observando a multidão de alunos ao redor.

Lisette assentiu brevemente, seus olhos afiados avaliando o grupo.

— Precisamos de alguém que saiba o que está fazendo.

Afirmou, o tom prático, sem arrogância, enquanto sua trança balançava ao virar a cabeça.

Klaus examinava os rostos—alguns conhecidos, outros estranhos das turmas Fuchs ou Falke—quando uma voz interrompeu o burburinho.

— Posso ir com vocês?

Eles se viraram e viram um rapaz de cabelos castanhos claros e olhos verdes vibrantes, uma pequena maça pendurada no cinto.

Ele era um pouco mais baixo que Klaus, aparentando quatorze ou quinze anos, e exibia um sorriso genuíno.

— Sou Branik,

Apresentou-se, tocando o peito em uma saudação respeitosa.

— Da Eule 3. Subi da Classe 4 no último semestre. Ouvi vocês falando do fragmento… tenho um também.

Ele mostrou um pedaço de cristal idêntico, com um brilho azul suave.

Lisette o avaliou rapidamente, seu olhar analítico, mas não hostil.

Klaus manteve a expressão neutra, esperando mais informações.

— Minha arma principal é o escudo.

Acrescentou Branik, percebendo a necessidade de se provar.

Ele deu um tapinha no escudo de madeira reforçada, preso às costas, marcado por arranhões de treino.

— A maça é secundária. Sou defensivo—meu escudo pode proteger o grupo se as coisas ficarem difíceis.

Leonhard trocou um olhar animado com Klaus.

— Um defensor pode salvar nossas vidas.

Murmurou, mal contendo o entusiasmo.

Lisette olhou para Klaus, deixando a decisão a ele.

Klaus deu um leve sorriso a Branik.

— Tudo bem. Bem-vindo ao grupo.

O rosto de Branik se iluminou, e ele guardou o fragmento em um bolso reforçado da armadura de couro, endireitando-se com orgulho.

— Obrigado! Não vou decepcionar, prometo.

Disse, a voz firme com determinação.

Lisette fez um pequeno aceno.

— Falta um.

Antes que Klaus sugerisse alguém, uma garota de cabelos ruivos, presos em um rabo de cavalo firme, se aproximou.

Sua túnica de maga, tecida com runas protetoras sutis, não exibia armas visíveis, mas sua postura confiante falava por si.

— Oi,

Disse, a voz clara e segura.

— Sou Emilia, da Bär.

Ela usou o nome alemão da turma, como era costume na academia.

— Sou conjuradora. Especialidade: suporte mágico.

Klaus pisou firme, surpreso.

Magos de suporte eram raros—a maioria buscava feitiços ofensivos chamativos.

Leonhard abriu um sorriso largo, como se tivesse encontrado a peça final de um quebra-cabeça.

— Perfeito!

Exclamou, cheio de entusiasmo.

— Com uma maga de suporte e um escudeiro, ficamos equilibrados.

Klaus olhou para Lisette, buscando sua opinião silenciosa.

Ela deu de ombros, num gesto que dizia 'serve'.

— Bem-vinda, Emilia.

Disse Klaus, estendendo a mão.

Ela a apertou rapidamente, sem cerimônias, com uma força surpreendente para uma conjuradora.

Com o grupo de quatro formado, eles se posicionaram juntos, aguardando as últimas instruções do professor cuja aparência escapava à memória, seu rosto se misturando à multidão apesar de sua autoridade.

O ar estava carregado de ansiedade, o murmúrio nervoso dos alunos misturando-se ao zumbido grave do portal.

Lisette virou-se para o grupo, sua voz cortando o ruído.

— Lembrem-se: ao entrar, encontrem uns aos outros rápido e estabeleçam uma posição segura. Se necessário, recuem de combates que não possam ganhar e esperem.

Klaus assentiu com firmeza.

— Entendido.

Leonhard balançou a cabeça, nervoso, mas determinado.

Branik ergueu o punho, num gesto de compromisso silencioso, enquanto Emilia parecia quase descontraída, como se estivesse passeando pelas feiras de Edelheim.

O portal intensificou seu brilho verde, suas ondas pulsando como um coração vivo, chamando os corajosos—ou imprudentes—para o desconhecido.

Klaus apertou o Fragmento de Ancoragem, sentindo sua vibração mágica.

Desta vez, ele não enfrentaria a masmorra completamente sozinho.