A placa reluzente do escritório dizia:“Dr. Gustavo Farias – Advogado.”Mas para Florencia, aquilo era mais que um nome.Era o começo de uma guerra que não se vencia com lágrimas — e sim com papel, selos e provas.
— “Você tem certeza que quer processar os Montenegro?”, perguntou o advogado, um homem grisalho, de olhos frios, acostumado com o jogo sujo da justiça.
Flor olhou firme.
— “Eles roubaram minha mãe, minha infância, meu nome. Quero tudo de volta. Até o último centavo.”
Dr. Gustavo assentiu.— “Vamos precisar de certidões, testemunhos, e… coragem. Vai ser sujo. Vão tentar te intimidar.”
— “Eles já tentaram. E falharam.”
Enquanto isso, na mansão, Verónica lia os jornais com os olhos tremendo de raiva.
“Filha bastarda pode exigir parte da herança Montenegro”, dizia a manchete.Logo abaixo, a foto de Florencia, em preto e branco, com olhar firme. O rosto de quem não vai mais abaixar a cabeça.
— “Ela quer tudo!”, gritou Verónica. “Ela quer o nosso nome!”
Leonardo murmurou:
— “Ela é minha filha. Tem direito.”
Verónica atirou a taça contra a parede.
— “Direito? E eu? Eu carreguei esse sobrenome sozinha! Eu que construí essa fazenda quando você estava perdido entre garrafas e amantes!”
— “A verdade sempre volta, Verónica. Mesmo que demore.”
Ela o olhou com desprezo.
— “Então se prepare. Porque eu também sei jogar esse jogo. E jogarei mais sujo do que ela imagina.”
Na mesma tarde, Flor recebeu uma ligação estranha.
— “Florencia Ferreira?”
— “Sim?”
— “Sou do cartório de registros. Apareceu uma nova contestação ao seu pedido. Alguém está tentando bloquear a investigação de paternidade.”
— “Claro que está”, murmurou ela, suspirando.
Era Verónica. Tentando atrasar, confundir, cansar.
Mas Flor não era mais aquela menina que fugia dos xingamentos na escola.
Ela agora era uma mulher com fogo no peito e provas nas mãos.
Nos dias seguintes, começaram os ataques.
Um boato dizia que Flor era prostituta. Outro, que ela inventava tudo por fama. Um homem misterioso apareceu dizendo ser seu verdadeiro pai. Fotos forjadas começaram a circular.
Mas Flor continuava.Na rádio, nos documentos, nas ruas.
A cidade via. O país começava a ouvir.
— “Dizem que ela é corajosa.”— “Não, dizem que é perigosa.”— “Ela quer o que é dela, só isso.”
Mateo, sempre por perto, a olhava com admiração crescente.
— “Você é mais forte do que pensa.”
Ela sorriu.
— “Eu só não quero que outras meninas passem o que eu passei. Se vencer essa briga servir pra isso, já vale.”
Ele a encarou por um tempo, depois perguntou:
— “E se perder?”
Flor suspirou.
— “Aí eu levanto de novo. E brigo até vencer.”
No final do capítulo, uma notificação chega:
“Audiência marcada: Herança Montenegro – Investigação de paternidade. 23 de junho.”
Flor fecha os olhos.
Agora não tem mais volta.
A justiça vai ouvir seu nome.
E Verónica, pela primeira vez, vai ter que se sentar diante da verdade — num tribunal.