Capítulo 13 – Vozes do Passado

Florencia passou a noite em claro.

A notificação da audiência ainda ecoava na tela do celular, como se gritasse cada vez que ela tentava esquecer.

"23 de junho."

Faltavam apenas oito dias.

Ela caminhava sozinha pela estrada de terra que levava à antiga casa onde crescera com Dona Carmelita, a mulher que a criou como filha mesmo sem sangue.

As paredes estavam caindo, o telhado quebrado, mas ali ainda morava um eco de infância.

Na velha estante, encontrou uma caixa de papelão com fotos amareladas.

Uma delas a fez chorar:

Mariana, jovem, sorrindo, com uma flor vermelha nos cabelos.

— “Você não merecia aquele fim, mãe... Mas eu vou fazer justiça por você.”

Enquanto isso, no escritório da fazenda, Verónica recebia uma visita inesperada.

Isabela Montenegro.

Sobrinha de Leonardo. Rica, arrogante, criada em Paris — mas com sangue tão venenoso quanto a tia.

— “Soube da audiência”, disse Isabela, entrando sem ser chamada.

— “Veio rir da minha desgraça?”

— “Vim te ajudar, tia. Porque se essa bastardinha conseguir metade da herança, eu também perco.”

Verónica acendeu um cigarro.

— “E o que propõe?”

Isabela sorriu.

— “Deixa comigo. Sei lidar com meninas pobres que sonham alto demais.”

Na cidade, Flor reencontra uma figura do passado.

Lucas, um rapaz simples que, anos atrás, dizia ser seu amigo — mas que agora retornava com um envelope nas mãos e um olhar estranho.

— “Flor, achei que devia ver isso. É sobre o seu pai…”

Ela pegou o envelope. Dentro, uma cópia de uma carta antiga escrita por Mariana, nunca enviada:

"Leonardo, se você estiver lendo isso, é porque algo me aconteceu. Nossa filha vai nascer. Ela vai se chamar Florencia. Prometa que vai procurá-la. Prometa…"

Flor desabou.

— “Ele sabia. Ele sabia desde o começo…”

Mateo, que a acompanhava, apertou seu ombro.

— “Isso muda tudo?”

— “Muda tudo. Agora eu posso provar que ele sabia e escolheu me abandonar.”

Mas Flor sabia que não era só contra Leonardo e Verónica que lutava agora.

Isabela estava por perto. E diferente da tia, ela era fria.

Calculista.

E moderna.

Em casa, Flor se preparava para o julgamento.

O advogado Gustavo montava as pastas. Mateo fazia a segurança.

Mas o que a fortalecia de verdade era o que ninguém via:

a certeza de que sua mãe estaria orgulhosa.

Nos minutos finais do capítulo, a tensão cresce.

Flor está em frente ao espelho.

Veste-se como nunca antes: cabelo preso, vestido sóbrio, postura firme.

Ela olha o próprio reflexo.

— “Você chegou até aqui. Agora vai até o fim.”

Um som de notificação vibra no celular.

Mensagem anônima:

"Se você subir naquele tribunal, vai acabar como sua mãe."

Ela respira fundo.

Apaga a mensagem.

E segue adiante.