primeiro show

A energia dentro da arena era eletrizante. Os fãs de Zaria preenchiam o espaço, vibrando de expectativa com sua primeira apresentação da turnê de seu álbum solo. Era sua primeira noite na cidade, e a atmosfera acolhedora enchia seu coração de alegria. Ela começou a cantar “To love”, com o público acompanhando verso por verso.

Mas aquela noite tinha uma atmosfera incomum. Alguém inesperado.

Entre a multidão, um burburinho começou a se espalhar. Os celulares apontavam para um lugar específico na plateia, as vozes se misturavam em um frenesi de surpresa.

Yuna estava ali.

Sentada em um dos camarotes próximos ao palco, usando uma tiara de coelhinho, sem nenhuma pretensão de disfarçar sua presença. Ela acenava com um grande sorriso. Os fãs estavam em êxtase. Alguns gritavam seu nome, outros tiravam fotos e postavam freneticamente nas redes sociais.

Zaria, no palco, percebeu a movimentação estranha. Continuava a performance sem perder o ritmo, mas quando olhou na direção do tumulto, seus olhos encontraram os de Yuna.

Seu coração acelerou.

Yuna sorriu de canto, discreta, mas o suficiente para que Zaria entendesse a mensagem.

Ela estava ali. Depois de uma semana sem se verem, sem trocarem nada além de mensagens e chamadas, ela estava ali.

O show seguia com energia total. Zaria entregava cada nota com paixão, a plateia respondia à altura. Mas então, chegou a parte mais aguardada da noite: a última música.

“Years without you”.

O violão começou suave, as luzes no palco diminuíram, criando um ambiente íntimo. A melodia carregava saudade, anseio, emoções cruas que Zaria imprimira na canção.

E, instintivamente, seus olhos buscaram Yuna na plateia.

Yuna retribuiu o olhar. Um olhar que dizia tudo.

Elas sabiam o que aquela música significava. O que aquelas palavras escondiam entre versos.

Zaria cantava como se estivesse falando diretamente para ela.

Yuna sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Cada palavra parecia feita para ela.

O público estava entregue, cantando junto, sem perceber a intensidade do que acontecia entre as duas. A conexão era só delas.

Yuna engoliu em seco, sentindo uma emoção que não podia mais ignorar. Zaria estava cantando para ela.

Elas finalmente entenderam que algo muito maior estava acontecendo entre as duas.

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No camarim, após o show.

Yuna apareceu para cumprimentá-la.

— Pode entrar.

A porta se abriu e, lá estava Yuna.

O sorriso de Zaria surgiu no mesmo instante, e antes que qualquer uma pudesse dizer alguma coisa, elas se abraçaram.

— Finalmente! — Yuna exclamou contra o ombro de Zaria. O aperto foi forte, como se tentasse recuperar o tempo perdido.

— Eu não acredito que você veio. — Zaria murmurou, a voz carregada de emoção.

Yuna se afastou um pouco, segurando os ombros dela.

— Como se eu fosse perder isso.

O olhar entre elas foi intenso, cheio de significados ocultos.

— Eu acompanhei os preparativos pelas redes sociais, mas nada se compara a assistir você ao vivo. No palco. Brilhando. Foi lindo!

Zaria sorriu, mas sentia o rosto quente com o jeito que Yuna a olhava. Era uma admiração pura, mas também carregada de intensidade. Uma intensidade que Zaria tentava ignorar.

Antes que pudessem prolongar aquele momento, um dos assistentes bateu à porta, avisando que estava na hora de irem.

— Eu tenho uma entrevista agora. Você está com pressa? — perguntou Zaria.

— Não. Eu vou te esperar.

Dito isso, Zaria se despediu e seguiu para a entrevista, com um misto de emoções dançando em seu estômago.

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A noite estava tranquila quando o carro preto parou diante dos portões altos da mansão de Yuna. Zaria olhou pela janela, um pouco surpresa. Ela sabia que Yuna era bem-sucedida, mas não imaginava que morava sozinha em uma casa tão grande.

— Chegamos. — Yuna anunciou, saindo do carro e acenando para o motorista de Zaria, que foi deixá-las.

Zaria desceu também, puxando o casaco contra o vento leve da noite. O lugar era imponente, mas ao mesmo tempo aconchegante, iluminado por luzes amareladas que aqueciam a fachada moderna.

— Você mora aqui sozinha? — Zaria perguntou, seguindo Yuna para dentro.

— Sim, e adoro. — Yuna sorriu, jogando a bolsa sobre o sofá. — Me dá uma liberdade incrível. Mas às vezes fica grande demais só para mim.

Zaria observou a decoração elegante da sala, os móveis minimalistas, mas cheios de personalidade. Era exatamente como Yuna — sofisticada e versátil.

— Está com fome? Pedi comida chinesa para nós.

— Claro. Estou faminta.

As duas se acomodaram na cozinha enquanto Yuna preparava pratos e pegava talheres. Pouco depois, a comida chegou, e elas sentaram à mesa, imersas em uma conversa leve sobre os últimos dias.

Zaria contou sobre a turnê, os desafios do primeiro show, a energia dos fãs. Yuna falou sobre sua experiência em Busan, onde gravou um comercial. A conversa fluía naturalmente entre elas.

Mas então, Yuna mudou o tom, olhando para Zaria com um pouco mais de seriedade.

— E o caso Hunter?

Zaria parou de comer, pousando os hashis sobre a mesa. Era inevitável que falassem dele.

— Não falei com ele ainda. — Ela suspirou. — Estou me aproveitando da turnê para ignorá-lo. E como ele também está viajando, ficou mais fácil. Ele finalmente parou de me mandar mensagens a cada uma hora.

Yuna a observou em silêncio, antes de perguntar:

— E você pretende... finalmente terminar?

Zaria apertou os lábios e desviou o olhar para a mesa.

— Sim. Eu sei que já deveria ter feito isso há muito tempo, mas... — Ela suspirou, voltando a encará-la. — Estou me sentindo mais forte agora.

Yuna sorriu levemente, inclinando-se um pouco mais sobre a mesa.

— Isso tem a ver comigo?

Zaria sentiu o rosto esquentar. Era óbvio que tinha. Mas ela não sabia como responder.

— Você... sempre me fez sentir que eu merecia mais do que isso. — Sua voz saiu mais baixa, sincera.

Yuna manteve o olhar, e Zaria sentiu seu coração acelerar.

— E você merece. — Yuna disse suavemente. — Muito mais do que ele pode te dar.

Por um momento, tudo ficou em silêncio. A tensão era palpável.

Mas então, Yuna sorriu, desviando o olhar, quebrando um pouco o peso do momento.

— Agora, vamos terminar essa comida antes que esfrie.

Zaria soltou um pequeno riso, sentindo-se estranhamente confortável. A presença de Yuna fazia com que tudo parecesse mais leve.

Ela se sentia feliz com ela por perto.