esperei por você a minha vida toda

Flashback - NovaStar Entertainment, Julho de 2011

O estúdio da agência estava mais silencioso do que o normal naquela tarde. A maioria dos trainees estava ocupada com seus ensaios ou aulas, mas para Zaria, aquele dia tinha um peso triste. Yuna estava prestes a deixar a agência. Seu debut finalmente havia chegado, e ela partiria para uma nova fase da vida.

Zaria esperou por Yuna no corredor do dormitório, segurando um embrulho pequeno nas mãos. Quando a viu sair do quarto com uma mala ao lado, sentiu um aperto no peito. Yuna parecia animada, mas seus olhos carregavam um brilho melancólico ao encontrar os de Zaria.

— Então... é hoje. — A voz de Zaria saiu baixa.

Yuna sorriu, tentando aliviar a atmosfera.

— Sim, é hoje. Finalmente vou debutar, acredita? Mas não pense que vai se livrar de mim tão fácil, Zaza.

Zaria forçou um sorriso e estendeu o embrulho. — Eu queria te dar isso. Para que você sempre se lembre de mim.

Yuna aceitou o presente, abrindo com cuidado. Dentro, tinha um urso de pelúcia em forma de cachorrinho, macio e adorável. O coração de Yuna apertou ao ver o presente.

— Ele se parece com você — Zaria comentou, mordendo o lábio nervosamente. — Sempre animada, sempre cheia de energia.

Yuna riu, sentindo um calor reconfortante se espalhar por seu peito.

— Eu amei. Vai ser minha companhia quando eu me sentir sozinha.

Sem pensar muito, ela puxou Zaria para um abraço apertado. O cheiro suave dos cabelos da garota, a sensação dos braços frágeis ao redor de seu corpo... Yuna quis gravar aquele momento para sempre.

— Eu vou sentir sua falta — Zaria murmurou contra seu ombro.

Yuna fechou os olhos, absorvendo aquelas palavras.

— Eu também, Zaza. Mas eu prometo... um dia a gente se encontra de novo.

E com o cachorrinho de pelúcia seguro entre as mãos, Yuna partiu, levando consigo mais do que um simples presente. Levava uma lembrança preciosa, um pedaço de Zaria que a acompanharia nos dias solitários que viriam pela frente.

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Mansão da Yuna

Após o jantar, Zaria estava no quarto de Yuna, observando cada detalhe ao seu redor, enquanto esperava por ela. Seus olhos pousaram em uma prateleira no canto do quarto. Entre troféus, roteiros de drama e alguns enfeites pessoais, tinha um objeto que a fez prender a respiração.

O cachorrinho de pelúcia.

O mesmo urso que ela tinha dado a Yuna no dia de sua despedida. Ele estava ali, perfeitamente conservado, como se fosse um objeto valioso. Zaria caminhou devagar até a prateleira e pegou o bichinho com mãos trêmulas. Seu peito se apertou com força.

Yuna guardou isso todos esses anos?

O impacto daquela descoberta foi profundo. Se antes ela tinha dúvidas sobre o que significava para Yuna, agora parecia ter uma resposta silenciosa.

— Ainda está inteiro, não é? — A voz de Yuna soou atrás dela.

Zaria virou-se devagar, segurando o bichinho entre os dedos. — Você... guardou ele esse tempo todo?

Yuna sorriu de leve, encostando-se ao batente da porta.

— Claro que guardei. Ele me lembra de você.

O coração de Zaria disparou. Ela sentiu a garganta secar, e a emoção se tornou difícil de esconder.

— Yuna... — Ela começou, mas não conseguiu concluir o raciocínio, seus pensamentos estavam embaraçados.

O olhar intenso de Yuna a fez prender a respiração. Existia tanta intensidade naquele momento. Algo que parecia prestes a transbordar.

— Eu só... — Yuna titubeou, sua voz ficando mais suave. — Não imaginava que te ver de novo depois de tanto tempo fosse me fazer sentir assim.

— Assim como? — Zaria perguntou, sua respiração ficando instável.

— Como se eu estivesse esperando esse momento há anos. Como se eu tivesse passado todo esse tempo tentando esquecer, mas que no fundo, sempre soubesse que você era inesquecível.

O silêncio entre elas era carregado, tenso. Zaria sentia o coração martelando contra o peito, cada batida mais forte que a anterior. Ela se manteve em silêncio, guardou o urso no mesmo lugar de antes, e se dirigiu até a varanda, sob o olhar atento de Yuna.

A sacada do quarto tinha uma vista magnífica da cidade iluminada. O vento frio da noite tocava a pele exposta de Zaria, fazendo-a se encolher levemente.

Yuna percebeu e, sem pensar duas vezes, foi até o closet e pegou um moletom grosso.

— Aqui, coloque isso. — Disse suavemente, entregando-o a Zaria.

— Obrigada. — Ela pegou a peça com um sorriso tímido, vestindo-a e inalando, sem querer, o perfume amadeirado que ainda estava no tecido. O cheiro de Yuna.

Elas ficaram em silêncio novamente, apreciando a vista. Mas Yuna não conseguia focar em mais nada além de Zaria.

Os cabelos loiros sendo bagunçados pelo vento, os lábios rosados levemente entreabertos, os olhos brilhando sob a luz fraca da cidade. Cada detalhe dela era hipnotizante.

Yuna sorriu, sem perceber que a observava tão abertamente até que Zaria virou o rosto e encontrou seu olhar.

— Me diz que você não sente o mesmo. — Yuna murmurou, aproximando-se ainda mais.

Zaria não conseguiu responder. Porque a verdade era que sentia. Sentia com uma intensidade que a assustava.

Foi Yuna quem deu o primeiro passo. Com delicadeza, ergueu a mão e traçou uma linha suave pelo rosto de Zaria, descendo pelo maxilar até parar na curva do pescoço. O toque queimava, e Zaria sentiu um arrepio.

Então, como se aquele instante fosse inevitável, Yuna inclinou-se e tocou os lábios de Zaria com os seus.

O beijo começou tímido, relutante. Mas logo se transformou em algo mais forte. Zaria fechou os olhos e se entregou ao toque macio, ao calor que se espalhava por seu corpo. A relutância desaparecia a cada segundo, dando lugar ao desejo reprimido por anos.

Yuna segurou sua cintura, aprofundando o beijo, explorando cada sensação, cada detalhe. Zaria segurava o rosto dela, os dedos tremendo levemente, mas sem vontade de parar. Yuna mordeu seu lábio inferior devagar, arrancando um suspiro involuntário dela.

Quando finalmente se separaram, o ar parecia rarefeito entre elas. Os olhos brilhavam, os corações descompassados.

Yuna encostou sua testa na de Zaria e riu baixinho, ainda sem fôlego.

— Me desculpa... — Pediu Yuna. Sua consciência estava voltando ao seu corpo. — Eu não consegui evitar, eu queria fazer isso há muito tempo.

Zaria sentiu o coração apertar. Porque ela, inconscientemente, queria o mesmo.

— Eu sei que não podemos... Porque você ainda tem o Hunter, não quero que se sinta culpada por nada — continuou Yuna. Ela ainda estava com os olhos fechados, aproveitando a sensação de ter suas testas coladas e respiração entrelaçadas.

— Só por hoje, vamos esquecer das pessoas. Eu quero sentir esse momento... Quero ficar com você e descobrir o que são esses sentimentos que guardamos há tanto tempo — disse Zaria, convicta. Hunter era a última pessoa que passava em sua mente.

Sem precisar de mais nada, Yuna pegou a mão de Zaria e a levou para dentro do quarto. Elas se deitaram na cama, os corpos encaixados, os corações pulsando na mesma frequência.

[...]

A madrugada avançava silenciosa, e o quarto de Yuna estava imerso em uma penumbra confortável, iluminado apenas pela luz fraca da cidade do lado de fora. O som da respiração ritmada de ambas era o único ruído preenchendo o espaço entre elas.

Zaria ainda estava aninhada nos braços de Yuna, as mãos entrelaçadas sem que percebessem.

O coração de Zaria batia rápido. Ela não queria dormir. Não quando o calor do corpo de Yuna ao seu lado parecia a coisa mais viciante que já experimentara. Uma sensação de conforto que ela não sentiu nem com Hunter. Parecia que ela tinha voltado no tempo, quando ainda era uma adolescente insegura, e tinha Yuna para apoiá-la e protegê-la do mundo. A sensação naquele momento era a mesma.

Ela ergueu o rosto, observando Yuna de perto. Seus olhos estavam fechados, mas o leve sorriso nos lábios denunciava que ainda estava acordada.

— Você está dormindo? — Zaria murmurou, a voz um pouco rouca pelo cansaço.

Yuna abriu os olhos lentamente, um brilho malicioso neles.

— Estava quase. Mas não consigo dormir quando tem alguém me olhando.

Zaria riu baixinho e tentou desviar o olhar, mas Yuna não deixou. Com um toque suave no queixo dela, virou seu rosto de volta.

Zaria observava-a, o olhar preso em um detalhe que sempre lhe chamou a atenção, mas que nunca havia comentado antes.

— O que foi?

— Eu sempre achei muito charmoso o fato de você ter um pomo de Adão tão visível — disse baixinho, como se confessasse um segredo.

Yuna arqueou uma sobrancelha, divertida.

— Ah, é?

— Sim — Zaria confirmou, sorrindo. — Sempre achei uma das coisas mais atraentes em você. Eu gosto de olhar.

Yuna inclinou a cabeça levemente para o lado, expondo ainda mais o pescoço.

— Quer tocar?

— Eu posso?

— Você pode tudo.

Zaria sorriu com entusiasmo. Lentamente, ela ergueu a mão e deslizou os dedos com delicadeza pela região, sentindo o leve movimento quando Yuna engoliu em seco.

Yuna fechou os olhos, aproveitando o toque. Quando os abriu novamente, encontrou o olhar brilhante de Zaria sobre si.

Um sorriso se formou nos lábios da cantora.

— Eu gosto disso.

— É? — Yuna perguntou, a voz ligeiramente rouca.

Zaria apenas assentiu, e, como se fossem puxadas por um ímã invisível, seus rostos se aproximaram. A atriz passou o polegar pelos lábios de Zaria, acariciando-os de leve.

— Então me olha de mais perto.

Foi o suficiente.

Zaria se inclinou para um beijo, um toque suave, como se ainda estivesse se acostumando com aquilo. Mas conforme os segundos passavam, a intensidade do desejo aumentava.

Yuna segurou seu quadril e a puxou para mais perto, até que Zaria, em um impulso, sentou-se em seu colo, as pernas ao redor de sua cintura.

Yuna ofegou ao sentir o peso da mais nova sobre si, os corpos agora alinhados de forma quase perfeita.

— Zaria... — Ela começou, mas o beijo seguinte a silenciou completamente.

Era mais intenso agora, mais profundo. As mãos de Yuna deslizaram lentamente pelas costas de Zaria, sentindo o tecido do moletom se mover sob seus dedos. Zaria segurava o rosto dela, explorando cada pedaço daquele momento.

Os lábios se separavam apenas para que pudessem respirar, mas logo se encontravam novamente, como se estivessem famintas uma pela outra.

O calor que se espalhava por seus corpos era viciante. Zaria se inclinava mais, pressionando-se contra Yuna, sentindo cada arrepio que causava.

A atriz deslizou as mãos por debaixo do tecido do moletom, sentindo sua pele quente.

— Você está me matando... — Yuna murmurou contra os lábios dela, um sorriso torto se formando.

— Eu não estou tão diferente de você... — Zaria disse, rindo baixinho antes de beijá-la outra vez.

A noite seguiu assim. Entre beijos, carícias e sussurros que não precisavam de rótulos.

Em algum momento, Zaria apoiou a cabeça no ombro de Yuna, os dedos traçando desenhos invisíveis em sua pele.

— Eu não me sinto culpada. — Ela disse de repente, sua voz baixa.

Yuna franziu o cenho.

— Por quê?

— Por estar aqui com você.

Yuna ficou em silêncio, esperando que ela continuasse.

— Eu sei que ainda estou em um relacionamento, mas... depois de tudo que ele me fez passar, eu não devo nada a ele.

O tom de Zaria era firme, decidido.

Yuna segurou sua mão, apertando-a de leve.

— Então termina com ele.

Zaria suspirou, olhando para o teto.

— Vou terminar. Assim que ele voltar para a Coreia.

Yuna sorriu, beijando a testa dela.

— Então eu espero.

— Você esperaria por mim? — Zaria perguntou, a voz quase frágil.

Yuna segurou seu rosto, os olhos cheios de algo intenso demais para ser explicado.

— Esperei por você a minha vida inteira.

Zaria sorriu, e naquela noite, sem mais dúvidas, dormiu nos braços dela mais uma vez.