Ao entrar no jardim da Academia Mágica, Arthur se maravilhou com a beleza do lugar. Diversas fontes espalhavam-se pelo espaço, e, nelas, não corria água, mas sim magia pura, conferindo um brilho fascinante ao ambiente. As fontes, formadas por diferentes tipos de magia, criavam imagens variadas, moldadas com extrema facilidade graças aos artefatos mágicos presentes.
Arthur observava as crianças e seus pais entrando por uma porta que, ao passarem, fechava-se rapidamente, fazendo-os desaparecer na mesma hora.
{O que acabou de acontecer...?}
Curioso, percebeu que as portas teletransportavam os alunos e seus acompanhantes para as salas designadas.
A sensação era estranha. Embora tivesse estudado magia básica com Charles e passado pelo treinamento com soldados, experimentar aquilo pessoalmente era algo totalmente diferente.
{Que incrível!} — pensou, com o coração acelerado, admirando as maravilhas ao redor.
Animado, superou o medo e caminhou até a porta. Assim que tentou atravessá-la, ela se fechou repentinamente. Ele bateu, mas ele não ouviu som algum.
Então, a porta se abriu bruscamente, jogando-o para o meio da sala. Arthur caiu no chão, atordoado, mas logo se levantou.
A primeira coisa que notou foram os nobres acompanhando seus filhos e conversando entre si.
Ele, por outro lado, estava completamente sozinho.
Todos formaram um círculo ao redor de um artefato mágico flutuante, posicionado no centro do salão principal.
Uma voz se fez ouvir por meio do artefato.
— Pessoal, fico feliz que todos estejam presentes! Espero que se deem bem e aprendam muito na nossa Academia Mágica. Boa sorte a todos! Agora, o sensei responsável pela turma explicará tudo direitinho. Tenham um bom estudo!
Arthur engoliu seco ao ouvir a voz calorosa da diretora.
A sensei responsável, uma mulher alta de cabelos brancos que brilhavam como fios de prata, encarou os alunos com firmeza. Seus olhos verde-esmeralda reluziam sob a luz dos artefatos mágicos.
— Vocês ouviram a diretora. Eu explicarei tudo direitinho, mas, antes, quero que todos formem um círculo e se apresentem, um de cada vez. Meu nome é Moriyama, e serei a sensei de vocês.
Seu tom era firme, mas acolhedor.
— Meu nome é Kidero Raiden, e vou me tornar o mais poderoso deste reino, igual ao meu irmão!
Os nobres aplaudiram entusiasmados.
— Meu nome é Mia Haru... P-prazer em conhecê-los!
Dessa vez, os aplausos foram mais discretos.
Um por um, todos os alunos foram se apresentando.
Até que chegou a vez de Arthur.
Enquanto os outros se apresentavam, os nobres começaram a murmurar, lançando olhares desconfiados para ele.
— Quem é esse garoto sem pais...?
— Como alguém assim entrou na academia...?
A ausência de um acompanhante e o silêncio de Arthur intensificavam os sussurros.
Respirando fundo, ele finalmente disse seu nome.
— Meu nome é Arthur.
O ambiente permaneceu silencioso, como se esperassem que ele dissesse mais alguma coisa.
A sensei franziu a testa.
— E o seu sobrenome?
Arthur hesitou.
— Eu... não tenho sobrenome.
Os murmúrios se intensificaram.
— E seus pais?
Arthur abaixou o olhar.
— Eu não sei... Não vejo minha mãe há muito tempo.
Moriyama-sensei ficou visivelmente irritada.
— Como essa criança entrou aqui se seu nome não está listado na classe?
Arthur engoliu seco e rapidamente entregou um documento com o selo real.
A sensei abriu o papel, e sua expressão mudou repentinamente.
— O quê? Isso é um insulto à nossa academia... Mas, se o rei permitiu, não posso fazer nada.
Ela respirou fundo e voltou-se para a turma.
— Como todos sabem, nossa Academia Mágica treina crianças há muitos anos, do primeiro ao terceiro período, cada um com quatro anos. Como vocês têm seis anos, terminarão a academia com dezoito e poderão seguir o caminho que preferirem.
Arthur tentou se acalmar enquanto ouvia a explicação.
— Agora, dirijam-se aos seus quartos e se arrumem. As aulas começarão em breve!
Arthur seguiu até os dormitórios, observando os corredores numerados.
Porém, não encontrou seu quarto.
Seus olhos percorreram as portas alinhadas, mas o número 121 simplesmente não existia.
A confusão tomou conta de sua mente.
{Onde ficarei...? Não encontro meu quarto, e os números acabam aqui. Acho que vou até a sala da diretora.}
Ao chegar diante da porta da diretoria, bateu timidamente.
Uma voz firme respondeu do outro lado.
— Pode entrar.
Arthur abriu a porta com hesitação.
A diretora, uma mulher de cabelos grisalhos mesclados com fios brancos, o encarou. Seus olhos verde-azulados tinham um brilho intenso e calculista.
Arthur respirou fundo.
— Olá... Eu estava procurando meu quarto, mas não o encontrei.
A mulher arqueou uma sobrancelha.
— Isso é impossível! Todos os quartos são devidamente contados para nossos alunos. Qual é o seu número?
— 121.
Um silêncio breve se instalou.
Então, a diretora sorriu discretamente, seu tom carregado de desdém.
— Ah, você é o aluno irregular, não é? Há uma velha cabana nos fundos da academia. Suas coisas devem estar lá.
Arthur saiu da sala de cabeça baixa, sentindo um peso estranho em seu peito.
Ao chegar à cabana, encontrou um lugar empoeirado e desarrumado.
Com esforço, organizou tudo.
Quando finalmente se sentou, uma voz ecoou pela academia.
— A aula se iniciará em instantes! Atrasos não serão tolerados!
Arthur pegou seu material e correu.
Ao entrar na sala principal, todos os alunos já estavam acomodados.
Assim que passou pela porta, os olhares se voltaram para ele.
— Ei, esse é aquele garoto irregular que estão comentando, né...?
— Sim, é ele mesmo. Meus pais disseram para ficar longe dele.
— Que garoto estranho... Nem sobrenome ele tem.
Arthur sentiu o coração acelerar, mas permaneceu calado, caminhando até sua cadeira—isolada do restante da turma.
Kidero o encarou com desdém.
— Ei, quem é aquele idiota?
— Não sei. Parece ser aquele esquisito que entrou na academia por ordem do rei.
Kidero sorriu cruelmente.
— Ei, seu fracassado! O que está fazendo aqui? Esta academia não é lugar para lixo como você.
Arthur não respondeu.
Apenas se sentou, esperando que a aula começasse.
— Tsk! Quem é esse idiota, pensando que pode me ignorar? — resmungou Kidero, prestes a se levantar.
— Pessoal, sentem-se e fiquem em silêncio! Hoje, como aula inicial, quero que todos se concentrem e imaginem uma bola de magia dentro da pequena caixa dimensional sobre suas mesas. É apenas um artefato mágico. Podem jogar sua mana com toda a força, para que os senseis vejam a natureza da magia de cada aluno. Estou indo agora verificar a da nossa turma — instruiu Moriyama-sensei, com um tom sério.
{Estou ansioso para descobrir a natureza da minha magia!} — pensou Arthur, com entusiasmo.
Ao se concentrar, o olho de Arthur brilhou e uma mecha de seu cabelo ficou vermelha, mas, como a sala estava iluminada pela magia de todos, ninguém notou. Ele direcionou toda sua mana para formar uma bola dentro da caixa, mas algo inesperado aconteceu.
O artefato começou a vibrar, e uma intensa luz azul irrompeu, cegando brevemente os alunos ao redor.
O brilho se intensificou, e o cubo rachou, incapaz de conter tamanha energia.
Os murmúrios se espalharam pela sala.
Moriyama-sensei se aproximou rapidamente com os olhos atentos.
— O que foi isso? Nunca vi um artefato se quebrar dessa forma...
Arthur olhava para suas próprias mãos, sentindo uma energia desconhecida pulsar dentro de si.
Kidero observou a cena e bufou, cruzando os braços.
— Hah! Deve ter sido um erro no artefato. Esse fracassado não tem poder algum.
Arthur permaneceu em silêncio, ainda sentindo aquela estranha energia dentro de si.
Kidero franziu a testa, incomodado.
— Ei, seu idiota, estou falando com você!
Arthur não respondeu, mantendo o olhar fixo em sua própria mão.
Kidero cerrou os punhos, frustrado.
— Você acha que pode me ignorar?!
Ele se levantou, furioso—
Mas Moriyama-sensei interveio novamente, com um olhar severo.
— Basta, Kidero. Fique em silêncio e continue o exercício.
Kidero bufou, relutante, mas voltou a se sentar, ainda lançando olhares furiosos para Arthur.
A professora voltou-se para a turma.
— Todos devem continuar treinando. Examinarei isso mais tarde.
Arthur respirou fundo, tentando afastar as dúvidas de sua mente, e voltou sua atenção para o cubo.
Mas, no fundo, sabia que algo estava errado.
Algo dentro dele não era normal.