BATALHA DE TREINO

{O tempo passou tão rápido... Faz quase um ano que estou na Academia Mágica, mas ainda não consegui usar magia. As batalhas entre os alunos da minha turma começam em poucos dias. Mesmo sem magia, preciso treinar minha força e resistência. Ainda bem que liberaram as Câmaras de Gravidade para isso.} — pensava Arthur.

Ele se dirigiu à Câmara de Gravidade. A pesada porta de metal abriu-se para fora, revelando um espaço amplo, porém notavelmente compacto, como o interior de uma caixa cinza e desprovida de detalhes. Não havia nada além das faces lisas do quadrado que formava a sala, completamente fechada, sem janelas ou ornamentos. Um ambiente puramente funcional. Arthur olhou para dentro.

— Olá? Parece que não tem ninguém. — disse Arthur, falando sozinho. — A maioria dos alunos não usa essas câmaras. Eles só querem treinar magias. Pelo menos, ficará só para mim. — e um sorriso se formou em seus lábios.

Arthur estava maravilhado, imerso em seus pensamentos e na perspectiva de ter a câmara só para si, tão alheio que não percebeu a aproximação de alguém.

— Ei, o que você está fazendo, seu idiota? Acha que vai conseguir algo na Câmara de Gravidade? No máximo, vai cair no chão, pedir ajuda e rastejar como o verme que é! — zombou Kidero, rindo alto com seus amigos.

— Ei, entre logo, Arthur. Vamos ver do que você é capaz! — provocou Sanzu, com as mãos no painel regulador da magia gravitacional.

Kidero empurrou Arthur para dentro da câmara e gritou para Sanzu aumentar a potência ao grau 2. Imediatamente, Arthur caiu no chão, incapaz de suportar a força da gravidade.

— É assim que você quer enfrentar os alunos da turma? De um jeito tão patético e fraco? Desista e evite essa vergonha! — disse Kidero, com desprezo.

Mia apareceu na entrada da câmara, com o rosto vermelho de raiva.

— Ei, seus idiotas, deixem ele em paz! — gritou ela.

— Ah, chegou você para acabar com a graça. Vamos, Sanzu. Vamos, Shirō. Acabaremos com esse fracote na batalha! — respondeu Kidero, saindo com os amigos.

— Ei, seu fracassado, você vive dependendo de uma garota para ser salvo. Quero ver na batalha, quando ela não puder te ajudar! — acrescentou Kidero, já se afastando.

A diretora observava tudo por meio de telas dimensionais instaladas na escola, que projetavam imagens dos acontecimentos em sua sala. Ela, no entanto, não tomava providências, acreditando que não deveria interferir, a menos que algo grave ocorresse.

— Diretora, precisamos fazer algo. São crianças! Não podemos tolerar esse comportamento na escola! — insistiu Moriyama, com tristeza.

— Não devemos nos meter no que diz respeito ao aluno 121. Ele precisa resolver seus próprios problemas. O rei deixou claro que ele não é como os outros. Por isso, decidi não interferir e ordenei que os outros senseis façam o mesmo. — respondeu a diretora, com firmeza.

— Mas isso é... — murmurou Moriyama, pensativa, sem completar a frase.

Mia desativou a Câmara de Gravidade e se aproximou de Arthur.

— Tudo bem? — perguntou ela, com preocupação.

— S-sim, estou bem. Obrigado por me ajudar. — respondeu Arthur, envergonhado.

— Esses garotos são uns idiotas, não é? Não ligam para o treinamento e ainda atrapalham o dos outros, só porque se acham os melhores da turma. — disse Mia, estendendo a mão para ajudá-lo a levantar.

— Se quiser, posso te ajudar no treinamento. Eu também preciso me preparar para a batalha entre os alunos. — ofereceu Mia, sorrindo.

— Soube que, no fim do primeiro período, daqui a três anos, teremos um evento especial. No segundo ano, haverá batalhas com todos os alunos da academia. E, no terceiro, a maior batalha de todas, na grande arena. Todos os alunos participarão, e quem do reino quiser também poderá competir. O primeiro lugar ganhará um prêmio especial. — continuou Mia.

Arthur, sobrecarregado com tantas informações, sentiu a cabeça girar e caiu para trás.

— Desculpe! Falei demais, né? — disse Mia, com um sorriso tímido.

— Pois é... — murmurou Arthur, ainda no chão, com a cabeça fervendo.

— Vamos treinar? — perguntou Mia.

— Sim! — confirmou Arthur, levantando-se.

Após a conversa, eles saíram da câmara e se posicionaram no pátio para uma batalha de treino. Arthur segurava uma espada de madeira, enquanto Mia preparou-se, suas mãos acendendo levemente com uma aura de energia verde-clara. Ela fez o primeiro movimento.

— Ventos Cortantes! — exclamou Mia, lançando rajadas de vento em direção a Arthur.

Arthur desviou de todas e correu na direção dela. Ao se aproximar, pulou, pronto para encerrar a luta.

— Parede de Vento! — disse Mia, criando uma barreira de vento à sua frente.

A parede repeliu Arthur, lançando-o para longe.

— Você está bem? — perguntou Mia, correndo até ele.

— Estou ótimo e pronto para continuar! — respondeu Arthur, determinado.

— Guarda de Vento! — anunciou Mia, evocando um guarda de vento do seu tamanho para enfrentar Arthur.

Arthur se concentrou e avançou com tudo. Sem perceber, ele imbuiu um pouco de magia dimensional na espada. Ao acertar o guarda, este desapareceu na hora. Mia, surpresa, evocou sua magia mais poderosa.

— Vendaval Tempestuoso! — gritou ela, lançando rajadas intensas de vento.

Arthur, animado por derrotar o guarda, defendeu-se das rajadas e avançou, chegando cada vez mais perto de Mia. Ela começou a ficar nervosa, mas, nesse momento, sua amiga interrompeu.

— Ei, Mia! Você disse que ia treinar comigo e com a Shiori! — exclamou Ichika, com uma expressão irritada, mas fofa.

A interrupção quebrou a concentração dos dois, e Arthur tropeçou, caindo sobre Mia.

— Ai! Você está bem? — perguntou Arthur, sem graça.

— Sim. Pode sair de cima, por favor? — pediu Mia, calmamente.

— A-ah, me desculpe! — disse Arthur, levantando-se rápido.

— Já estou indo, Ichika. Vá na frente! — falou Mia, virando-se para Arthur. — Ei, não se esqueça de treinar bastante nesta semana, tá? Até mais, tchau!

Arthur, motivado, segurou a espada com força e sussurrou:

— Com certeza.

Ao olhar para a espada, notou que ela estava danificada.

{O que aconteceu com a espada? Deve ter sido o vento de Mia.} — pensou Arthur.

Mal sabia ele que, na verdade, fora uma pequena manifestação de sua magia dimensional ao derrotar o guarda de vento.